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Controle de plantas invasoras em batata

Raíra Andrade PelvineEngenheira agrônoma e doutoranda em Agronomia-Horticultura, Faculdade de Ciências Agrônomicas/FCA/Unesp-Botucatu-SPraira_andpelvine@hotmail.com

Batata – Fotos: Gustavo Cavalheiro

Entre os principais prejuízos que as plantas invasoras causam à produção de batata está a queda na produção quando não se faz controle na época correta. Dependendo das espécies e a fase em que essas plantas espontâneas se encontram, elas podem ser “agressivas”, podendo ocorrer má formação nos tubérculos das batatas e morte de algumas plantas de batata.

Outra questão é que as plantas invasoras podem se tornar hospedeiras de insetos-pragas e nematoides, que poderão causar danos à cultura da batata futuramente.

As plantas invasoras podem ser classificadas em grupos, como em monocotiledôneas (ex.: tiririca – Cyperus rotundus) e dicotiledôneas (ex.: beldroega – Portulaca oleraceae), sendo que há herbicidas específicos para cada um desses grupos botânicos, tanto em pré como em pós-emergência.

Entre as causas das plantas invasoras está a exposição do solo (sem cobertura), com irrigação ou chuva, e ocorrência de sementeira nesse solo, devido a ciclos anteriores as plantas invasoras já terem emitido sementes. Logo, futuramente ocorre grande emergência dessas plantas.

Controle preventivo e curativo

A melhor forma de controle preventivo é o manejo correto do solo, com rotação de culturas com outras espécies (não sendo da mesma família que a batata Solanaceae) e evitar que ocorram sementeiras nas áreas, assim diminuindo o número de plantas invasoras.

É importante sempre utilizar tubérculos de boa qualidade fitossanitária. Quando o solo está ocioso, é possível revolvê-lo quando as invasoras estão menores, o que ajuda no controle de sementeiras, pois aquelas que estavam presentes já germinaram.

A forma de controle curativa mais utilizada atualmente é o uso de herbicidas (pré e pós-emergentes), de acordo com a fase, dose e época adequada. Em todo caso, deve-se consultar um engenheiro agrônomo para obtenção do melhor produto, forma de aplicação e dosagem para a sua lavoura. Quando em áreas menores, o uso de capina é uma técnica eficiente.

Manejo

Normalmente é feito um ‘chegamento’ de terra na batata, quando as plantas estão em torno de 30 dias após plantio e aproximadamente 20-30 cm de altura, sendo que esse já é um controle para plantas invasoras na área.

Há a opção, também, e que muitos produtores estão adotando, que é o plantio mais adensado. Dessa forma ocorrerá de forma mais rápida o fechamento da lavoura, evitando assim o desenvolvimento das plantas invasoras.

O meio mais utilizado são produtos com efeito herbicida. Na produção orgânica, os mais utilizados são à base óleo de pinho, ácido acético, limonemo, citronela e ácido pelargônico. No plantio comercial de batata, alguns dos ingredientes ativos, como amônio-glufosinato, cletodim, fenoxaprope-P-etílico, dibrometo de diquate, dicloreto de paraquate, fluazifop-p-butyl, linuron, metribuzim, pendimetalina, diquate e paraquat, entre outros, são indicados.

Há produtos de controle biológico que atuam de forma eficiente no manejo de plantas invasoras, como os predadores ou patógenos específicos para as plantas invasoras, afim de reduzir a infestação na área, de forma que possa voltar a ter equilíbrio populacional dessas plantas.

O controle físico é feito com solarização, inundação, drenagem, uso de correntes elétricas e cobertura morta. Já o controle mecânico é realizado com capinas e arranquio manual das plantas, sendo o mais comum quando em pequenas áreas.

Erros e acertos

Entre os principais erros no controle de invasoras está o período correto para entrada do controle, associado muitas vezes à não rotação de produtos fitossanitários, com princípio ativo diferente e rotação de cultura na área.

Muitas vezes ocorrem erros, como por exemplo, não irrigar os canteiros para aplicar o herbicida, achando que haverá melhor o controle, mas no início do controle de plantas invasoras pós-emergentes estas devem estar túrgidas, ou seja, não podem estar com estresse hídrico, para aplicação do herbicida, o que pode diminuir o efeito do herbicida na planta invasora.

Para controle pré-emergente de plantas invasoras, também não se deve deixar o solo sem umidade adequada, pois assim aumentará a indisponibilidade do herbicida para a planta invasora, diminuindo o efeito.

Na aplicação de herbicida de pré-emergência o preparo do solo deve ser muito bem feito, não deixando torrões. Algo que não se deve esquecer é que os herbicidas químicos são divididos em seletivos e não seletivos, sistêmico e não sistêmico (“de contato”). Sendo assim, deve se ter um maior cuidado quando for utilizar para que não ocorra dano à cultura da batata.

Muitos não buscam ajuda do profissional, resultando em mais prejuízo, como desperdício de produto e aumento na resistência de plantas invasoras, dificultando assim o controle.

Portanto, é importante obter sempre a orientação de um profissional da área, que poderá dizer qual produto utilizar para as espécies de plantas invasoras na área, recomendar a dose e época correta de aplicação, visando sempre uma alta eficiência no controle.


Atenção!

Importante lembrar que não é porque apareceu uma planta invasora que já deve começar o controle. É preciso avaliar se a população atual da planta invasora está causando dano econômico ou não. Caso esteja, deve-se iniciar o manejo adequado para controle, mas caso ainda não esteja, é preciso aguardar.

Há estudos para saber o nível de dano econômico (NDE) que as plantas invasoras estão causando, isso em diversas espécies, para então deve fazer o controle.

Também é essencial não plantar em áreas que apresentem plantas daninhas de reprodução assexuada, como a tiririca (Cyperus rotundus) e a grama-seda (Cynodon dactylon), pois os processos de preparo de solo causam a separação mecânica com a individualização de rizomas e tubérculos.

Neste rompimento há quebra de dormência e germinação de cada um destes, multiplicando em várias vezes a população original.

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