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Crise ou oportunidade?

Divulgação

O agronegócio nacional se viu de frente com uma problemática inesperada: um conflito no Leste Europeu, entre Rússia e Ucrânia, que pode afetar diretamente as produções brasileiras. Isso porque o país importa 85% dos fertilizantes que utiliza (principalmente potássio), dos quais os russos são responsáveis por mais de 20%. O trabalho, agora, é reverter esse cenário, buscando soluções que garantam menor dependência desses insumos importados, especialmente para os pequenos produtores que, com menor caixa para compor estoque, se mantêm em estado de preocupação constante com o futuro de suas lavouras.

Alguns especialistas afirmam que certamente haverá desabastecimento mundial. Por um lado, já há uma movimentação governamental, como o recente lançamento do Plano Nacional de Fertilizante, que visa colocar em prática ações para equilibrar produção e compra desses produtos, até 2050. Entretanto, novas iniciativas podem ser tomadas de forma mais imediatista para que nas próximas safras, os produtores – mais especificamente pequenos e médios – não colham prejuízos.

Os pacotes tecnológicos da produção agrícola brasileira, notoriamente dependem de insumos químicos específicos e de correção nutricional para manter uma produtividade economicamente viável. Em zonas do bioma Cerrado, essa necessidade se intensifica ainda mais, aumentando a dependência de NPK (nitrogênio, fósforo e potássio). Porém, a agricultura tropical permite pensar em processos de melhora do solo que não estejam exclusivamente relacionados aos defensivos e fertilizantes químicos.

Os sistemas agroflorestais são uma alternativa real aos produtores. De forma geral, são interações e processos de produção em um sistema biodiverso, incluindo sítios pobres ou degradados, envolvendo não só a reconstituição das características do solo, como também a recuperação da paisagem como um todo e um aumento considerável de opções frente às flutuações de mercado e mudanças climáticas.

De acordo com pesquisadores da Embrapa, as vantagens do uso de agroflorestas em relação a sistemas convencionais – tanto econômicas, como ambientais – são as mais diversas. Por exemplo, a variedade de espécies permite a obtenção de um número maior de produtos e/ou serviços a partir de uma mesma unidade de área; a utilização permanente, que minimiza a necessidade de revolvimento de solo em novas áreas; e a alternativa para aproveitamento de áreas já alteradas ou degradadas.

“Também diminui a demanda de fertilizantes em razão da eficiente ciclagem e da adubação orgânica, melhora das propriedades físicas e biológicas do solo, permitindo a preservação da biodiversidade”, inclui Valter Ziantoni, engenheiro florestal e fundador da PRETATERRA. De acordo com o profissional, a produção agroflorestal é justamente caracterizada pelo equilíbrio e associação de diversas práticas.

Segundo Paula Costa, engenheira florestal, bióloga e cofundadora da PRETATERRA, geralmente não é necessário utilizar insumos químicos em grandes quantidades na agrofloresta, apenas durante a transição em alguns casos, pois o próprio sistema de plantio é planejado para que seja sustentável e consiga fornecer a maioria dos nutrientes que as plantas precisam. “É nesse momento que faz sentido às pequenas propriedades. Ao contrário dos grandes produtores que conseguem fortalecer estoques acompanhando as movimentações do mercado internacional, produções menores não têm aporte imediato para isso. Com uma gestão pensada em agrofloresta é possível se organizar com previsibilidade junto ao meio ambiente, fazendo um gerenciamento responsável da propriedade, associando técnica, tecnologia e a força natural do campo”, diz.

Agrofloresta como alternativa na prática

A produção agroflorestal vem ao encontro da atual demanda por uma agricultura regenerativa e sustentável, além de se colocar como forte aliada no processo de ‘libertação’ da dependência integral de fertilizantes.

Além desses pontos, esse sistema enumera vantagens frente à agricultura convencional. Segundo Ziantoni, alguns pontos são a recuperação da fertilidade dos solos, com redução de erosão, aumento da infiltração de água, e consequentemente, a conservação de rios e nascentes. Destaca-se ainda o aumento da diversidade de espécies, privilegiando o controle natural de pragas e doenças e a diversificação da produção, de modo que o agricultor não dependa de um só mercado.

Sobre a PRETATERRA

Iniciativa que se dedica à disseminação de sistemas agroflorestais regenerativos, desenvolvendo designs replicáveis e elásticos, combinando dados científicos, informações empíricas e conhecimentos tradicionais com inovações tecnológicas, construindo um novo paradigma produtivo que seja sustentável, resiliente e duradouro. 

Na vanguarda da Agrofloresta, a PRETATERRA projetou, implementou e modelou economicamente o design agroflorestal que ganhou, em 2019, o primeiro lugar em Sustentabilidade do Prêmio Novo Agro, do Banco Santander e da ESALQ, com o case “Café dos Contos”, em Monte Sião (MG). Em 2018, a PRETATERRA ganhou o primeiro lugar em negócios inovadores no concurso de startups no Hackatown e, em 2020, a PRETATERRA esteve entre os finalistas do Prêmio Latinoamerica Verde, de startups e projetos inovadores em sustentabilidade da América Latina. A convite do Príncipe Charles e do Instituto Florestal Europeu, em 2021 a PRETATERRA passa a liderar a frente agroflorestal da Aliança da Bioeconomia Circular.

Para mais informações acesse www.pretaterra.com e acompanhe as redes sociais: LinkedIn, Instagram, Facebook, Twitter e Youtube

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