Os efeitos das mudanças climáticas nas culturas e nos nematoides pesquisados pelo belga Johan Desaeger, professor de Nematologia da Universidade de Ciências da Flórida (EUA), estarão no centro das discussões do 37º Congresso Brasileiro de
Nematologia, de 1 a 4 de agosto, no Hotel JP em Ribeirão Preto.
Johan Desaeger vai ministrar a palestra “O efeito das mudanças climáticas nas culturas e nos nematoides”, dentro do painel Ambiente e a Dinâmica dos Nematoides, no dia 3, às 10 horas.
Com vasta experiência na área, o pesquisador começou a trabalhar com nematoides em 1994 no Quênia, no Centro Internacional de Pesquisa em Agrofloresta. Em 2005 mudou-se para os Estados Unidos, onde permanece trabalhando com nematoides nas
plantas na Universidade de Ciência da Flórida (University of Florida, Gainesville).
De acordo com Johan Desaeger, as mudanças climáticas afetarão a composição de nematoides do solo, a dinâmica populacional de nematoides parasitas de plantas (NPP), as interações planta-nematoides, resistência do hospedeiro, eficácia dos
inimigos naturais e a suscetibilidade das culturas aos nematoides.
“Os efeitos variam de acordo com a região e não são fáceis de prever. A mudança climática provavelmente aumentará o estresse de culturas e nematoides em muitas regiões. Além disso, a variabilidade climática sazonal e interanual criará mais volatilidade nas condições climáticas (efeitos El Niño) que afetarão a produção agrícola e as estratégias de manejo de nematoides no curto prazo”, afirma o Johan.
Segundo ele, em regiões temperadas, à medida que a temperatura do solo aumenta, as espécies de nematoides (sub) tropicais podem se tornar mais problemáticas. “Em regiões (sub)tropicais e pontos críticos de mudança climática, a seca afetará cada vez
mais a produção agrícola e também ampliará os danos causados pelos nematoides”, avalia o especialista.
Além disso, acrescenta Johan, o aumento esperado da intensificação agrícola (que será necessária para alimentar a crescente população mundial) reduzirá as oportunidades de rotação de culturas, uma das formas mais eficazes e sustentáveis de manejar os
problemas de nematoides.
Entre as estratégias para minimizar o problema, Johan observa que é necessário ter uma abordagem de manejo integrado de nematoides (INM) e deve ser feita em uma abordagem regional e específica do local. “O foco deve ser com ênfase nas regiões
áridas e semiáridas do mundo”, explica.
Segundo Johan, no curto prazo, os nematologistas que trabalham no INM precisam confrontar e analisar o impacto da variabilidade climática sazonal para projetar o INM que tornará os sistemas agrícolas mais resilientes ao clima cada vez mais volátil. “Especialmente estratégias destinadas a melhorar as condições do solo e a tolerância das culturas precisarão ser desenvolvidas para minimizar infestações e danos futuros”, complementa.
Evento – Com o tema Nematoides: Ciência, Tecnologia e Inovação”, o 37o Congresso Brasileiro de Nematologia (CBN) é direcionado a pesquisadores, professores, técnicos, consultores e estudantes de graduação e pós graduação, produtores rurais, entre outros profissionais. As inscrições presenciais já estão esgotadas, mas ainda há vagas para a modalidade on-line no site do evento