Pesquisador fala sobre preocupações e prejuízos em estocar milho a céu aberto

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Foto:  Fundação Rio Verde

A armazenagem é de extrema importância para manter a qualidade do produto pós-colheita e não perder o rendimento adquirido na lavoura. Porém, segundo levantamento realizado pelo Instituto Mato-grossense de Economia Agropecuária (Imea), Mato Grosso possui um déficit na capacidade de guardar cerca de 50% da produção anual de soja e milho. Colher os grãos e deixar a céu aberto é um risco para o produtor. São danos que podem comprometer a segurança alimentar e econômica de uma região inteira. Então o que fazer com essa quantidade de grãos que, em tese, não teria onde ser guardada?

O déficit de armazenamento de grãos é preocupante e está cada vez mais comum nesta época do ano, andar por municípios produtores e ver montanhas de milho estocadas a céu aberto. Isso porque, dados do Imea apontam que a produtividade no estado tem aumentado devido a transformação de áreas de pecuária em áreas agrícolas e devido a maiores investimentos em tecnologia de produção realizados pelos produtores. O que ocasiona o aumento principalmente na produtividade e assim impactando toda a cadeia de produção, entre elas o espaço estático de armazenagem

Diretor de pesquisas da Fundação de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico Rio Verde (Fundação Rio Verde), Fábio Pittelkow explica que a falta de locais adequados para armazenamento pode provocar prejuízos aos produtores, levando até a perda de carga. Ficar exposto a temperaturas elevadas, a possibilidade de chuvas e sem o controle de insetos acarreta a perda da qualidade dos grãos.

“Entretanto, não se tem uma alternativa no momento que consiga suprir a demanda de estocagem em função do volume de grãos que chegam das lavouras. O ideal é o produtor delimitar o local para evitar escoamento dos grãos para todo pátio; acondicionar somente grãos com baixa umidade para fora do armazém; verificar temperatura para evitar fermentação do grão e se preparar para possibilidade de pancadas de chuvas esparsas e inesperadas”, orienta o pesquisador.

Apesar de não haver um tempo específico para o grão ficar exposto à céu aberto, o ideal é não armazenar o grão direto sob a ação de intempéries climáticas. O pesquisador da Fundação Rio Verde explica que a possibilidade de chuvas repentinas pode trazer grandes riscos, entretanto, no cerrado em virtude da estiagem prolongada tem-se uma certa segurança quanto a isso.

Uma das soluções seria armazenar em silo vedado. “O produtor pode acondicionar também em silo bolsa direto na lavoura, por um período de tempo menor até sua venda ou entrega no armazém, com controle de temperatura e umidade do grão para manutenção da qualidade do grão”, explicou Fábio Pittelkow.

Segundo análise divulgada pela Associação dos Produtores de Soja e Milho do Estado de Mato Grosso, (Aprosoja-MT), com a expectativa de avanço produtivo nos próximos anos, Mato Grosso precisaria ampliar a capacidade estática para 125 milhões de toneladas até 2030, ou seja, teria que apresentar uma taxa de crescimento anual da capacidade de armazenagem na ordem de 22,9% frente aos 3,7% observados nos últimos anos.

Presidente do Sindicato Rural de Lucas do Rio Verde, Marcelo Lupatini comenta que estes dados geram preocupação, pois se este percentual de aumento de capacidade estática de 3,7% ao ano se mantiver, em pouco anos não haverá mais espaço suficiente para o produtor entregar toda a sua produção.

“Esse cenário poderá acarretar aumento acentuado nas taxas de armazenagens, devido a lei de oferta e procura. Neste sentido, devido a necessidade de investimento financeiro, recomendamos aos produtores rurais a se planejarem com projetos que atendam a sua necessidade de armazenagem, para que tendo oportunidade de crédito esteja preparado”, orientou.

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