Cultivo da banana: correto manejo nutricional

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Foto: Shutterstock

Moisés Daniel de Oliveira

Engenheiro agrônomo – FCA/UNESP

moisesdanielmdo@gmail.com

Fernanda Lourenço Dipple

Engenheira agrônoma, mestra e professora assistente – Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat)

fernanda.dipple@gmail.com

Franciely da Silva Ponce

Engenheira agrônoma e doutora em Agronomia/Horticultura – FCA/UNESP

francielyponce@gmail.com

A banana (Musa spp.) é uma das frutas mais consumidas no mundo, sendo produzida em 128 países. A bananeira, da família das Musáceas, é cultivada em todo o território nacional. Entretanto, os fatores climáticos podem influenciar no seu desenvolvimento e desempenho, tais como a temperatura e a pluviometria da região, impondo limites para a cultura.

Tal fato favorece o cultivo da banana nos Estados de São Paulo, Santa Catarina, Pará, Minas Gerais, e Bahia. A área plantada no Brasil é de cerca de 465,9 mil hectares, o que nos torna o quarto maior produtor de banana do mundo.

As principais cultivares de bananeira do Brasil são: ouro, nanica, nanicão, grande naine, maçã, mysore, prata, pacovan, prata anã, terra, d´angola e figo, variando a demanda de acordo com a região, porém, as mais consumidas são a prata, nanica, maçã e ouro.

Principais regiões produtoras

Em locais com boa distribuição de chuvas ao longo do ano, ou que possuem irrigação, o plantio de mudas de bananeira se dá bem em qualquer período do ano. Porém, se a região for mais seca, a melhor época para se realizar o plantio é no início da estação das chuvas.

O espaçamento entre plantas se dá pelo porte da cultivar que será implantada, disposição das plantas e a densidade populacional da mesma.

Em regiões de clima tropical e nas áreas com irrigação, é possível realizar a colheita do primeiro cacho de 11 a 13 meses. Em clima subtropical e sem irrigação, a colheita do primeiro cacho acontece de 15 a 18 meses; e em regiões mais frias e sem irrigação, irá ocorrer de 21 a 24 meses após o plantio.

Desenvolvimento

A banana produz apenas um cacho por planta e, após a colheita, corta-se o seu pseudocaule. Entretanto, no desenvolvimento da planta a bananeira solta brotações, dando origem a uma família, diminuindo o período entre a realização da colheita de um cacho e outro.

Vale salientar a importância de se fazer o desbaste das brotações excedentes, deixando apenas a planta mãe, filha e neta.

Um bananal pode produzir por muitos anos até que seja necessário fazer uma renovação. Este processo geralmente é consequência de problemas fitossanitários, queda na produtividade ou troca de cultivar.

Exigências climáticas

Sendo uma planta tropical, para seu desenvolvimento a bananeira exige chuvas bem distribuídas ao longo do ano, umidade relativa elevada e calor constante. A temperatura ótima para o desenvolvimento normal das bananeiras situa-se em torno dos 28º C, sendo a faixa de 15 a 35ºC os limites extremos para a exploração racional da cultura.

A bananicultura é mais favorável em regiões com alta umidade relativa, possuindo média acima de 80%, pois a alta umidade proporciona a aceleração da emissão das estruturas da planta, tal como inflorescência e folhas.

Porém, esta condição, juntamente com variações de temperatura e chuvas frequentes, concede um ambiente propício para a ocorrência de doenças fúngicas.

Devido a sua morfologia e da hidratação de seus tecidos, a bananeira possui um elevado e constante consumo de água. As maiores produções de banana estão associadas a uma precipitação de 100 a 180 mm/mês, bem distribuída no decorrer do ano, ou seja, sem deficiência hídrica ou sem estação seca.

Regiões que apresentam baixa precipitação pluvial exigem irrigação suplementar para a obtenção de colheitas economicamente satisfatórias. Práticas alternativas, como o manejo do solo a fim de aumentar a infiltração da água das chuvas, e a utilização de cobertura morta do solo para conservar a umidade também são recomendáveis.

A bananeira requer intensa luminosidade para seu desenvolvimento. Quando submetidas a um período prolongado de baixa luminosidade, a banana tende a interromper seu desenvolvimento, atrasando ou não realizando a diferenciação floral, e prologando o estágio vegetativo da planta.

Já a altitude influencia os fatores climáticos (temperatura, luminosidade, pluviosidade, umidade relativa, e outros), afetando o desenvolvimento e desempenho da bananeira. A altitude indicada para cultivo varia de 0 a 1.000 m acima do nível do mar.

Solo

O solo considerado ideal para o desenvolvimento da banana é do tipo aluvial profundo, possuindo alto teor de matéria orgânica, pH entre 5,5 e 6,5, boa capacidade de retenção de água e drenagem. Contudo, pode-se cultivar a bananeira em diferentes tipos de solos.

A bananeira é uma planta com alta exigência nutricional, não apenas para produzir grande volume de massa vegetativa, mas pela planta absorver elevadas quantidades de elementos e estes serem exportados pelos frutos.

Para ter uma boa produtividade, o produtor tem que observar que a planta é exigente em diversos nutrientes, sendo os mais absorvidos e necessários para o crescimento e produção da bananeira o potássio (K) e o nitrogênio (N).

Em ordem decrescente, a demanda de nutrientes da bananeira é: macronutrientes: K > N > Ca > Mg > S > P; micronutrientes: Cl > Mn > Fe > Zn > B > Cu. Um bananal retira, em média, por tonelada de frutos, 1,9 kg de N; 0,23 kg de P; 5,2 kg de K; 0,22 kg de Ca e 0,30 kg de Mg.

Na cultura da banana são realizados três tipos de adubação: de plantio, de formação e de produção. Estas adubações devem ser realizadas de acordo com a análise do solo, a qual deve representar o perfil do solo de 0 – 20 cm e 20 – 40 cm.

Figura 1 – Recomendações de adubação nitrogenada (N), fosfatada (P2O5) e potássica (K2O) nas fases de plantio, formação e produção da bananeira¹. Na forma de esterco bovino curtido. ²cmolc de K/dm³ = mg de K/dm³ / 390.
Fonte: Borges et al. (2002) modificado.

Via água

Na fertirrigação, os adubos são aplicados via água de irrigação, o que reduz gastos com mão de obra e com o uso de máquinas e implementos. O sistema de irrigação via gotejamento é o mais indicado para aplicar os adubos, pois a distribuição ocorre bem próximo à zona de maior concentração de raízes, tornando a aplicação e o uso de água mais eficientes.

A frequência da fertirrigação em bananeiras deve ser de três a sete dias, pois intervalos maiores requerem maior quantidade de adubos, o que pode resultar em aumento da salinidade do solo.

Na adubação de cobertura, os adubos devem ser aplicados quando o solo estiver com umidade adequada, depositando o adubo em formato circular em volta da muda, com distância de 20 a 40 cm e largura da faixa de 10 a 20 cm, sendo aumentada a distância entre o adubo e a planta de acordo com a idade.

Em bananal adulto, os adubos são distribuídos em formato de meia-lua em frente ao sucessor (filha ou neta).

Em terrenos inclinados, deve-se realizar a adubação em meia lua, posicionando o adubo do lado de cima da cova e fazendo uma pequena incorporação deste no solo. Em terrenos planos e com plantios adensados pode ser feita a adubação a lanço nas ruas de plantio.

As adubações de cobertura, com fertilizantes sólidos, devem ocorrer com intervalos mensais ou de dois em dois meses, considerando a distribuição de chuvas da região. A aplicação de fertilizantes via fertirrigação é efetuada com maior frequência, tendo intervalos quinzenais ou semanais, considerando a textura do solo do local.

Custo x rentabilidade

Os investimentos realizados na cultura da banana são variáveis conforme a região, o potencial do produtor e suas tecnologias. Com o aumento do valor dos insumos, principalmente dos adubos e fertilizantes, o custo de implantação de um bananal deve ficar acima de R$ 10.000,00 ha-1 e a manutenção do bananal tende a ser 15% menor.

Um entrave no Brasil são as baixas produtividades, que ficam em torno de 16 t.ha-1. Outros países, como a Costa Rica, têm o dobro de produtividade comparada à média nacional brasileira.

O valor comercializado em 2022 nos centros de distribuição está por volta de R$ 3,00/kg, variando conforme a região, variedade de banana (como nanicão, maçã, entre outras) e a classificação do produto. Se o produtor conseguir atingir a média nacional de produtividade, poderá ter lucratividade considerável, sendo um bom negócio.

Desta forma, as propriedades rurais, independente de pequenas ou grandes, devem encarar a atividade rural como empresa, a qual necessita de gestão apropriada de seus negócios visando projeção de investimentos, custos e lucratividade.

Assim, o produtor deve fazer um levantamento do comércio de banana na região, os centros de comercialização mais próximos, planejar o investimento e ter assistência técnica com intuito de auxiliar nas tomadas de decisões, pois esse planejamento econômico torna-se imprescindível para a lucratividade e sucesso na atividade.

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