José Augusto Pereira Neto
Graduando em Agronomia – Ifsuldeminas, campus Machado
Luis Lessi dos Reis
Doutor e professor – Ifsuldeminas
luis.reis@ifsuldeminas.edu.br
O manejo nutricional da alface depende bastante do sistema de plantio utilizado, ou seja, se a hortaliça será produzida de forma orgânica, convencional, hidropônica ou em sistema de plantio direto de hortaliças (SPDH).
Inicialmente, o produtor deverá escolher o sistema de cultivo se adéqua ao seu nível tecnológico e o investimento inicial disponível.
Análise de solo – o começo de tudo
É de suma importância que o produtor realize análise química completa do solo e, se possível, uma granulométrica da área onde será realizado o cultivo de hortaliças, a fim de identificar possíveis deficiências nutricionais e corrigir a acidez do solo.
A utilização de calcário traz inúmeros benefícios às plantas – além de diminuir a acidez, fornece uma quantidade de nutrientes para as plantas, como cálcio e magnésio, evitando a toxicidade do alumínio, ferro e manganês, prejudiciais em altas concentrações no solo.
Após o preparo do solo e realizada a correção da acidez, se necessário, inicia-se a fase da produção de mudas ou a sua aquisição em viveiro certificado, um processo que pode representar o sucesso no cultivo.
A produção das mudas pode durar de 20 a 45 dias, dependendo da região, sendo importante que nesta fase sejam fornecidos todos os nutrientes essenciais para o desenvolvimento da planta, principalmente os macronutrientes NPK (nitrogênio, fósforo e potássio), que estão disponíveis no mercado em diversas formulações, tanto líquidas ou para aplicar junto ao substrato.
É uma cultura que apresenta crescimento lento inicial até os 30 dias, quando, então, o ganho de massa seca é acentuado até a colheita. Apesar de absorver quantidades relativamente pequenas de nutrientes, quando comparada com outras culturas, seu ciclo rápido torna-a mais exigente em nutrientes.
E, quando há deficiência dos nutrientes, há diminuição direta na produtividade da cultura.
Etapas para o plantio da cultura
Recomenda-se adotar os seguintes espaçamentos para a alface: 0,20 a 0,35 m x 0,20 a 0,35 m. É necessário realizar a correção do solo utilizando calcário com antecedência de 30 a 90 dias (conforme o PRNT), antes da semeadura ou do transplante das mudas.
Recomenda-se, para a alface, elevar a saturação por bases do solo a 80% e o teor de magnésio a um mínimo de 9 mmolc dm-3, sendo de suma importância incorporar o corretivo de acidez desde a superfície do solo até 20 cm de profundidade, onde se concentra o sistema radicular da alface.
Adubação orgânica
Referente à adubação orgânica, esta possui importante função na manutenção e melhoria das propriedades físicas e biológicas do solo. Além disso, fornece e libera os nutrientes de maneira gradativa, conforme sua composição e relação C/N.
É recomendado adubar com uma antecedência de 30 a 40 dias antes do plantio, incorporando ao solo de 40 a 60 t ha-1 de esterco bovino curtido ou composto orgânico, ou ainda 1/4 a 1/5 dessas quantidades de húmus de minhoca, esterco de frango, galinha, suínos, ovinos, caprinos e equinos.
Adubação mineral de plantio
Aplicar entre sete e 10 dias antes do plantio, em área total dos canteiros ou nos sulcos de plantio, conforme a análise de solo, as doses de nutrientes apresentadas na tabela 1.
Tabela 1. Adubação mineral de plantio para alface, conforme análise do solo.
Aplicar junto com o NPK, em pré-plantio, 20 a 30 kg ha-1 de S e, em solos deficientes, entre 1,0 a 2,0 kg ha-1 de Mn.
Adubação mineral de cobertura
A prática da adubação em cobertura visa o fornecimento principalmente de N e K, sendo de suma importância a aplicação parcelada, a fim de atender as necessidades nutricionais das plantas em suas diferentes fases de desenvolvimento, evitando-se, também, as perdas por lixiviação causadas pela chuva ou irrigação.
A utilização de fósforo em cobertura, em pequenas quantidades, nas proporções máximas de 1/4 a 1/3 de P2O5 em relação ao N e ao K₂O, pode proporcionar melhor qualidade das hortaliças colhidas.
A definição final sobre a utilização de menores ou maiores quantidades de nutrientes em cobertura dependerá de fatores como adubação orgânica anterior, interpretação da análise de solo e da análise foliar, época de plantio, cultivares utilizadas e culturas anteriormente instaladas.
Recomenda-se aplicar 60 a 100 kg ha-1 de N, 15 a 30 kg ha-1 de P2O5 e 30 a 50 kg ha-1 de K2O, parcelando em duas a quatro aplicações durante o ciclo, ou a cada dois dias, no caso do uso de fertirrigação.
A alface-americana deve receber doses de potássio 30% a 40% superiores em relação às alfaces dos grupos lisa e crespa.
Adubação foliar
Cerca de sete dias após o “pegamento” das mudas, e a cada semana, pulverizar as plantas com ácido bórico a 0,05%, sulfato de zinco a 0,1%, cloreto de cálcio a 0,2% e sulfato de magnésio heptaidratado a 0,1%. Existem fertilizantes foliares que contêm estes nutrientes em uma mesma solução, misturados em formas compatíveis.
Nutrientes mais importantes
Como a maioria das culturas, a alface necessita de diversos nutrientes para completar seu ciclo, tais como nitrogênio, potássio, fósforo, cálcio, magnésio, enxofre, boro, cobre, ferro, manganês, molibdênio e zinco.