Amanda Brasil
Gastróloga, produtora de PANC e bolsista da FAPERJ-CapacitAgro
@panclandia
amandabrasil.panclandia@gmail.com
Você não leu errado, existe sim uma hortaliça não convencional, que após um preparo culinário adequado, se assemelha a um delicioso peixinho frito, rendendo a ela esse apetitoso apelido.
O famoso peixinho da horta (Stachys byzantina) se tornou uma das PANC (Plantas Alimentícias Não Convencionais) que mais desperta desejo e curiosidade entre os entusiastas no assunto.
Essa herbácea perene é nativa da Turquia, e pasmem, curiosamente não é consumida como hortaliça por lá. Na verdade, em muitos países é cultivada como planta ornamental, pois suas folhas felpudas são muito utilizadas em bordaduras de canteiros.
Essa planta pertence à família Lamiaceae, e seu desenvolvimento se dá inicialmente em forma de roseta, e no seu auge fica ereta, com uma floração em forma de espiga. Um fenômeno raro em nosso país, mas que pode ocorrer pontualmente em regiões de altitude do sul e sudeste.
Seus nomes populares variam de uma região para outra, portanto, pode ser conhecida também por “Pulmonária”, um de seus nomes populares que se deve aos efeitos benéficos, quando usada em xaropes para problemas respiratórios e tosses persistentes, ou ainda “lambari da horta”, “língua-de-vaca”, “orelha-de-lebre”(ou coelho), “orelha-de-cordeiro” por conta do formato e da textura macia, “sálvia peluda”, (por ter uma folha semelhante ao tempero, porém mais encorpada, peludinha e sem o aroma característico da erva aromática).
Cultivo e beneficiamento do peixinho da horta
Para o cultivo do peixinho da horta, é importante saber que, embora se desenvolva melhor em regiões de clima mais ameno, precisam estar em pleno sol, devendo ser cultivado em solos leves e bem drenados, ricos em matéria orgânica.
A propagação é feita por separação de brotos retirados da planta mãe. Essas mudas devem ser imediatamente plantadas nos canteiros, bem como fazemos com mudas de alface, em espaçamento de 25 cm entre as plantas.
Recomenda-se usar cobertura morta, para evitar que os respingos de chuva que caem diretamente no solo acumulem sujidades nas folhas. As irrigações periódicas, bem como os cuidados com adubação, devem ser considerados.
Segundo estudos da Embrapa Hortaliças, a colheita deve ser feita dois meses após o plantio, quando as plantas devem ter atingido tamanho igual ou superior a 10 cm. Uma produção feita de forma sistematizada pode render de dois a quatro maços por metro quadrado por semana, com aproximadamente 20 folhas cada um (200 g, em média). Isso proporcionaria, por mês, uma colheita de 1,6 kg/m² a 3,2 kg/m².
Usos culinários
Ao que tudo indica, o Brasil é um dos maiores consumidores dessa planta como hortaliça. Suas folhas são ricas em minerais, principalmente potássio, cálcio e ferro, além de ser uma importante fonte de fibra alimentar.
Após a colheita, deve-se higienizar bem, e secar ao máximo as folhas, pois sua superfície pilosa, retém bastante água. É possível armazenar em embalagens plásticas com tampa, por até uma semana em geladeira (5°C).
É importante salientar que a folha em si não tem gosto de peixe, não chega nem perto, apresentando até um leve amargor in natura. Na verdade, o que confere semelhança é a forma de preparo.
A mais comum é a empanada, passando no ovo e na farinha com temperos e, posteriormente, passando por fritura. Esse preparo, depois de finalizado, além do visual, oferece aroma e sabor, que lembram o peixe frito. “Lembram”, que fique bem claro.