Autores
Daniel Dalvan do Nascimento
dalvan.nascimento@unesp.br
Engenheiro Agrônomo e doutorando em Agronomia (Entomologia Agrícola) – Unesp/FCAV – Jaboticabal.
Julio César Antunes Ferreira
julio.cesar.antunes@homail.com
Ana Paula Mendes Lopes
anna_apml@hotmail.com
Engenheiros agrônomos e doutorandos em Agronomia/Proteção de Plantas – Unesp/FCA – Botucatu
Nematoides são vermes, em sua maioria, de tamanho microscópio e corpo filiforme, que podem causar danos em animais e plantas. Geralmente vivem em ambientes com umidade, pois tal característica garante a sobrevivência dos mesmos.
Alguns se alimentam de fungos e bactérias, enquanto os fitonematoides (nematoides parasitos de plantas) sobrevivem em raízes, rizomas, tubérculos, podendo ainda parasitar órgãos aéreos das plantas. São classificados como parasitas obrigatórios, ou seja, não sobrevivem sem o hospedeiro vivo.
Prejuízos causados pelos nematoides
Os nematoides podem causam prejuízos estimados em R$ 35 bilhões por ano para o agronegócio brasileiro. Na cultura da soja estima-se que R$ 16,2 milhões da produção é perdida devido ao ataque desses patógenos.
A prevenção da entrada de nematoides nos campos agrícolas está entre as medidas mais importantes em relação aos nematoides que parasitam plantas, de forma que após a identificação da ocorrência destes patógenos a erradicação é praticamente impossível.
Existem algumas alternativas fundamentais para evitar a entrada de nematoides na área: A primeira delas é a limpeza de implementos agrícolas, que ao entrarem em contato com o solo contaminado acabam disseminando-os para áreas ainda não infestadas.
A água da chuva e irrigação também possibilitam a deslocação de nematoides para locais isentos, seja pelo escoamento superficial ou pela aspersão, quando os pontos de captação de água estão infestados. Vale lembrar que o monocultivo favorece a multiplicação de nematoides, assim como a sucessão soja-milho comumente adotada em algumas regiões do Brasil.
Manejo
O controle desses patógenos é complexo e envolve a associação de diferentes métodos para que o manejo eficiente, entre essas práticas destaca-se: controle químico, controle biológico, controle genético e controle cultural utilizando plantas não hospedeiras ou antagonistas.
Adubação verde contra nematoides
Algumas plantas utilizadas na adubação verde podem ser antagonistas aos nematoides, ou seja, não multiplicam o patógeno. Além disso, outras possuem efeito alelopático e contribuem para o aumento da diversidade microbiana do solo, como bactérias e fungos nematófagos, contribuindo para a redução de diferentes espécies.
Somado a isso, há melhorias das condições físicas, químicas e biológicas do solo, disponibilizando matéria orgânica e ciclando nutrientes para cultivos posteriores.
Culturas beneficiadas pela adubação verde
A utilização da adubação verde favorece uma série de características do solo, que por sua vez contribuirá para o desenvolvimento da cultura que entrará em sucessão. Ou seja, qualquer cultura cultivada após o emprego de uma adubação verde adequada só terá benefícios em seu desenvolvimento.
Os benefícios do uso da sucessão/rotação de culturas podem demorar a ser notado, pois faz parte de um processo de construção do solo.
Opções
Algumas plantas são indicadas para o incremento de matéria orgânica e controle de nematoides. As crotalárias reduzem a população de diferentes espécies destes patógenos, além de favorecerem o incremento de nitrogênio e matéria seca no solo, assim como as gramíneas, que também podem exercer ação antagonista a determinadas espécies de nematoides.
É importante destacar que as principais espécies de nematoides são polífagos, ou seja, se alimentam de diferentes espécies de plantas, sendo essencial o conhecimento da cultura e do nematoide presente na área, para que não favoreça o aumento da população.
Como implantar a técnica
A implantação da adubação verde na área pode ser feita em dois momentos, anteriormente ao plantio e/ou posteriormente à colheita da cultura de interesse, podendo também ser empregado ao longo da entressafra, de forma a servir como cobertura do solo.
Sua utilização também pode ser utilizada em consórcio, em que a cultura e o adubo verde são plantados simultaneamente ou em faixas de cultivo, sendo o mesmo cortado de período em período para adubar a cultura. Entretanto, nesse caso é importante se atentar para a interação entre essas duas culturas utilizadas.
Erros mais frequentes
Quando se pensa em manejo de nematoides, o erro mais comum é a implantação de culturas suscetíveis ao patógeno. Por isso, é importante que seja feita análise nematológica para se conhecer as espécies presentes na área, bem como os seus níveis populacionais e, a partir disso, pensar na cultura a ser implantada.
Para evitar os erros, é importante fazer o monitoramento, por meio de análise nematológica, ou seja, conhecer as espécies de nematoides presentes na área e sua dinâmica populacional. Com o laudo em mãos, deve ser feita, junto ao engenheiro agrônomo/nematologista, a escolha da cultura a ser utilizada, bem como do adubo verde que melhor se encaixe às condições climáticas da região e que não multiplique a espécie do nematoide presente na área.
Custo
O retorno do investimento em adubação verde nem sempre é observado a curto prazo, visto que envolve todo um processo de construção do solo. Um solo com melhores condições, químicas, biológicas e estruturais, se torna mais supressivo, propiciando à planta uma melhor condição de desenvolvimento que, consequentemente, se tornará mais produtiva.