21.6 C
Uberlândia
quinta-feira, novembro 21, 2024
- Publicidade -spot_img
InícioNotíciasAgronomia com a ecologia: qual a relação?

Agronomia com a ecologia: qual a relação?

Por Xico Graziano, membro do Conselho Científico Agro Sustentável (CCAS)

Créditos Pixabay

Neste 15 de novembro, diz a ONU que atingimos 8 bilhões de habitantes. E a população humana continua crescendo: em 2050, devemos ser 9,7 bilhões de pessoas. Como alimentar tanta gente? Como assegurar um planeta sustentável?

Por volta de 1800, a população alcançava seu 1º bilhão. Foi quando Thomas Malthus fez sua terrível profecia sobre a incapacidade de a produção de alimentos acompanhar a explosão demográfica. Sem controle populacional, dizia ele, grassaria a fome e o mundo se arrebentaria em guerras. Por comida.

A mais famosa predição sobre o futuro da humanidade se mostrou a mais errada de todas. Graças ao avanço tecnológico, a produção de alimentos cresceu de forma impressionante, sustentando o avanço da civilização. Por volta de 1930, dobraríamos para 2 bilhões de seres humanos.
Decorridas mais 3 décadas, a população batia, nos anos de 1960, nos 3 bilhões de habitantes. Foi quando oikos começou a reclamar, originando a ecologia como disciplina científica essencial no aprendizado humano.

Superada a alimentação como fator restritivo –tornando a fome um drama relativo à distribuição, e não à produção– surgiram os problemas ambientais. A pegada ecológica na Terra só fazia crescer.

Nessa época, mais precisamente em 1972, o Clube de Roma, auxiliado por estudiosos do MIT (Instituto de Tecnologia de Massachusetts), publicou o preocupante “Limites do Crescimento”. O relatório apontava, para um cenário de ½ século adiante, um colapso civilizatório, advindo da escassez de bens naturais.

Outra vez, o controle populacional parecia urgente. Necessário seria também estancar a economia. Apregoada pelo Clube de Roma, a receita do futuro era o “crescimento zero”. Senão, acabariam os recursos naturais.

Tal qual ocorrera com Malthus, novamente o pessimismo civilizatório seria derrotado pela história. Mais uma vez, a inteligência humana, pelas ferramentas do avanço tecnológico, iria superar a (falsa) tragédia anunciada.

Assim chegamos aos 8 bilhões de habitantes. Em que pese a eterna e detestável desigualdade entre os povos e segmentos sociais, vive-se muito melhor que no passado. Basta ver a idade média das pessoas ao redor do mundo.

Desafios assustadores surgem e têm sido superados. Até quando?

Muitos preveem, agora, o fim do mundo devido às mudanças de clima. O aquecimento planetário, causado principalmente pela queima de combustível fóssil, pelo desmatamento e geração de metano, ameaça a sustentabilidade. Ninguém poderá desdenhar da ameaça climática. A história nos ensina, porém, que a civilização ultrapassa seus desafios globais. O alerta dos cientistas, a mobilização da sociedade, e até o grito do terrorismo ecológico, instigam a inteligência humana, obrigando-a a oferecer respostas aos reptos existenciais.

Há uma diferença do passado. No século 21, as empresas privadas progressivamente assumiram a luta ambiental. Antes, era assunto de ecologista. Agora, a agenda ESG faz parte da competição econômica, afetando os mercados. Basta ver duas importantes propostas empresariais, originadas no Brasil, anunciadas na Conferência do Clima, a COP 27, que se realiza no Egito:

1. o roteiro assumido por 14 gigantes empresas ligadas ao agronegócio (ADM, Amaggi, Bunge, Cargill, COFCO International, Golden Agri-Resources, JBS, Louis Dreyfus Company, Marfrig, Musim Mas, Olam International, Olam Food Ingredients (OFI), Viterra e Wilmar International), visando reduzir emissões advinda de desmatamento;

2. a criação da Biomas, formada pela associação de 3 bancos (Itaú/Unibanco, Santander e Rabobank) com 3 empresas (Suzano, Vale e Marfrig), destinada à restauração e conservação de florestas nativas.

Lula está indo participar da COP27. É um movimento positivo e que cria otimismo. Defender a Amazônia ajuda a derrubar articulações internacionais que colocam barreiras contra as exportações brasileiras.

Bolsonaro nunca entendeu isso. Brigou com o ambientalismo sem perceber o protagonismo atual da economia capitalista nas mudanças rumo à economia de baixo carbono. Há que se buscar sinergias entre o capital, o governo e a sociedade civil.

Por outro lado, o maior erro de alguns ecologistas tradicionais tem sido considerar a agricultura como vilã dos problemas ambientais. Em consequência, tornam-se inimigos do campo. Agridem os produtores rurais.

Já passou da hora dessa intriga acabar. Os modernos sistemas tecnológicos de produção no agro deixaram de ser problema e viraram solução ambiental. Aos poucos, a agropecuária moderna, sustentável e regenerativa, se impõe como dominante, deslocando a ultrapassada agricultura predatória.

Quem apostar nessa virada de chave, encontrará o caminho do futuro brasileiro. O Brasil tem tudo para se tornar a maior potência agroambiental do mundo. Não tenhamos ilusões. Os 8 bilhões de seres humanos na Terra demandam comida sem parar. Só que, está evidente, a pegada ecológica tem limites.

Chega de nós contra eles. Chega de perder tempo com estúpidas acusações. Chega de cultivar a discórdia. Chega de generalizar a exceção. É hora de promover o casamento da agronomia com a ecologia.

ARTIGOS RELACIONADOS

Projeto inovador gera economia de 1,7 milhão de litros de água

A Atvos utiliza de alta tecnologia nos processos industriais da planta agroindustrial em Mirante do Paranapanema (SP), contribuindo com as boas práticas ambientais

26ª Hortitec – Expectativa de negócios superiores a R$ 100 milhões

A 26ª edição da Hortitec é a mais importante feira de hortaliças, flores e frutas da América Latina, e será realizada em Holambra (SP), entre 26 e 28 de junho. A estimativa de negócios no evento é da ordem de R$ 110 milhões e o público aguardado é de mais de 30 mil visitantes.

Corteva Agriscience TM , divisão agrícola da DowDupont e Embrapa discutem boas práticas agrícolas

Encontro, realizado em Brasília, contou com capacitação de técnicos de várias entidades e participação de pesquisadores da Embrapa

O potencial do carbono verde no país

Um dos mais relevantes eventos do universo agro do país será promovido nesta ...

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!