A pecuária é uma das atividades econômicas mais importantes do Brasil e do mundo e, cada vez mais, a demanda por alimentos de origem animal aumenta. Nesse contexto, é necessário adotar boas práticas de manejo de gado, seja ele de corte ou leite, em pasto ou em confinamento.
Todas as fases da vida do animal devem ser observadas atentamente, do nascimento ao abate. Entre os benefícios das boas práticas de manejo de gado está a obtenção de maiores ganhos a baixo custo de produção, ou seja, maior eficiência nas propriedades.
Quando se trata de animais de corte, para que o manejo seja o melhor possível se faz necessário contribuir fortemente com o bem-estar animal e, assim, garantir a qualidade de vida dos animais enquanto se produz mais e melhor. No entanto, antes de saber o que fazer exatamente para melhorar os resultados, é preciso identificar o que está errado.
Segundo o coordenador Técnico da Premix, André Pastori D’Aurea, além de estressar o gado, o manejo inadequado dos animais os deixa agitados e dificulta a atividade como um todo. Barulhos causados pelas instalações, como portões, ferrolhos e bretes de contenção podem gerar ruídos que incomodam os animais, assim como gritos e movimentos bruscos podem assustá-los. Da mesma forma, o número de acidentes com os animais e colaboradores tende a aumentar nesse cenário.
“Em propriedades onde o manejo é ineficaz, é comum encontrar animais doentes ou lesionados com fraturas, torções, cortes e hematomas, por exemplo, o que, além de afetar o bem-estar dos bovinos, interfere na qualidade da carne após o abate”, explica D’Aurea.
Em poucas palavras, com manejo inadequado, o pecuarista não produz de maneira lucrativa e apenas arca com os prejuízos da falta de cuidado.
Já o manejo de gado adequado leva em conta a forma como o pecuarista lida com os animais, além da atenção à segurança do trabalho dos profissionais envolvidos no processo. Os cuidados começam desde o nascimento do bezerro, passando pelo transporte dos animais de corte até ao abate, como é exemplificado nas etapas abaixo:
– Recepção e destinação;
– Identificação dos animais;
– Pesagem individual;
– Vermifugação e vacinação do rebanho;
– Monitoração do consumo e do desempenho do gado;
– Leitura de cocho para o ajuste da alimentação;
– Condições adequadas de cocho e de água.
“Os bovinos devem ter acesso a um bom manejo em cada uma dessas etapas. Os animais devem ser conduzidos sempre ao passo, sem correrias e sem gritos e o vaqueiro deve trabalhar sempre à frente do lote que está conduzindo, atuando como ponteiro”, ressalta o coordenador.
Bem-estar animal
Como já destacado, um bom manejo de gado passa pela atenção ao bem-estar animal. Por isso, o criador deve cuidar para que os animais tenham comida e água disponíveis, estejam livres de qualquer tipo de desconforto, libertos de dor, doença e injúria, tenham facilidade para expressar seu comportamento natural e não sofram com estresse e medo.
Para cumprir todos os requisitos, é necessário contar com uma equipe treinada e alinhada com os propósitos da fazenda. “É importante capacitar os funcionários sobre as boas práticas de manejo de gado no curral em relação à sanidade, alimentação e outras atividades realizadas diariamente na propriedade. Assim, a equipe vai compreender a importância de tratar bem o rebanho”, orienta D’Aurea.
Conforto térmico
Além de tudo o que já foi dito sobre manejo de gado, é importante estar atento ao conforto térmico, já que boa parte do estresse animal pode ocorrer devido ao calor.
Para minimizar a temperatura, podem ser utilizadas sombras naturais provenientes de árvores, por exemplo. O esquema utilizado pela ILPF (Integração Lavoura Pecuária Floresta) possui esse grande benefício, já que os animais usam o sistema arbóreo natural para obter conforto.
Caso a propriedade não disponha de sombra natural, é possível utilizar sombras artificiais para proporcionar maior conforto aos animais em confinamento.
Dicas de manejo
Veja algumas dicas práticas para fazer um manejo racional e fornecer condições para o bem-estar dos animais:
– Profilaxia (prevenção) e tratamento de doenças são sempre necessários;
– Forneça quantidade e qualidade adequadas de alimento e água;
– Forneça espaço de cocho correto para o tipo de dieta e categoria animal;
– Avalie os comportamentos individuais da mesma forma que os em rebanho;
– Não utilize materiais pontiagudos na condução dos animais;
– Auxilie o manejo de gado durante as pesagens para que não ocorra pisoteio e lesões;
– Evitar aglomeração de pessoas nos currais durante o manejo;
– Evite gritos. Essa atitude estressa o animal e dificulta o manejo, além de afetar a qualidade da carne.
Para finalizar, é importante ressaltar que todos os manejos, quando bem executados, contribuem para a qualidade de vida e promovem melhor desempenho dos animais.