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Colheita das ameixas: cuidado é fundamental

Saiba como colher e armazenar ameixas de forma adequada para garantir a qualidade do produto

Foto: Pixabay

Givago Coutinho
Doutor em Fruticultura e professor efetivo – Centro Universitário de Goiatuba (UniCerrado)
givago_agro@hotmail.com

O cultivo de fruteiras de caroço está situado em países onde a agricultura é mais desenvolvida e é caracterizado por uma evolução contínua nas técnicas de produção, assim como a renovação de variedades.

Países europeus cultivam largamente estas fruteiras, que são conhecidas por necessitarem de comercialização rápida e, assim, de um sistema de armazenamento, embalagem e transporte que sejam adequados, a fim de manter características ótimas de consumo ao mercado consumidor, que são comuns nestes países.

Quando colher?

Os períodos de colheita nas diferentes regiões produtoras de ameixa no Brasil variam, se estendendo da segunda quinzena de novembro até março.

A determinação do ponto ótimo de colheita das ameixas é um trabalho de extrema importância. Isto permite assegurar uma boa conservação, adequada resistência ao transporte e a manutenção das condições necessárias para que a fruta chegue até o consumidor com qualidade. Os índices de maturação servem para determinar o momento adequado de colher o fruto.

A ameixa, assim como outros frutos, como os do pessegueiro [Prunus persica (L.) Batsch], nectarineira (Prunus persica L. Batsch, variedade nucipersica), a cerejeira (Prunus spp.), o damasqueiro (Prunus armeniaca L.), a amendoeira (Prunus dulcis Miller) e o umezeiro (Prunus mume Sieb & Zucc.) pertencem a um grupo de frutos que são popularmente conhecidos como “frutos de caroço” (stone fruits, em inglês) e são botanicamente denominados “drupas”.

São espécies frutíferas da subfamília Prunoideae, gênero Prunus, cuja parte comestível dos frutos (a polpa) corresponde ao mesocarpo carnudo.

Dicas importantes

Para que seja definido o ponto ideal de colheita de cultivares de ameixeira, devem ser utilizados os índices de maturação, os quais devem ser ajustados para a espécie de ameixeira e a situação local.

Os índices mais relevantes que costumeiramente são utilizados são a cor da epiderme, a firmeza da polpa e o teor de sólidos solúveis. O ideal é sempre utilizar dois ou três índices distintos, para evitar erros.

A ameixa é um fruto climatérico, assim sendo, o processo de amadurecimento ocorre mesmo quando o fruto é separado da planta-mãe. Neste sentido, a ameixa, quando for destinada ao mercado de frutos frescos, deve ser colhida quando ainda não completou a maturação.

Cuidados

A seguir, estão relacionados alguns dos principais cuidados, considerando o mínimo necessário na colheita de ameixas, conforme Cantillano (2019):

– Como nem todos os frutos atingem o ponto ótimo de colheita no mesmo dia, é necessário realizar várias colheitas numa mesma planta. É recomendável realizar, no mínimo, três ou quatro colheitas com dois ou três dias de intervalo, a fim de evitar a colheita de frutos imaturos;

– A posição da mão também é importante. Deve-se colher os frutos com a palma da mão, e não com a ponta dos dedos. A posição da mão deve ser levemente curvada, de modo que o fruto repouse entre a palma e os dedos, sem que sofra a mínima pressão, e um leve movimento de torção ocasiona o desprendimento da fruta. A colheita de duas frutas de uma única vez, na mesma mão, não é recomendada. Unhas longas podem causar ferimentos na fruta. Assim, as pessoas que realizam a colheita devem ter as unhas bem curtas.

– Os frutos devem ser cuidadosamente colocados na sacola de colheita, evitando batidas, assim como devem ser cuidadosamente colocados nas caixas de colheita.

– Não se deve encher demasiadamente as caixas de colheita e os frutos não devem ficar soltos na caixa, para evitar danos. Além disso, devem-se evitar cortes, batidas, amassamentos e choques dos frutos com as caixas.

– Deve-se proceder a colheita seletiva de frutos, de acordo com os padrões preestabelecidos: sem folhas, danos mecânicos, podridões e/ou pragas. Assim, frutos com defeitos ou podres não são transportados até o galpão de classificação, o que evita a contaminação de frutos sadios.

– Não deve haver mistura de frutos colhidos das plantas com aqueles coletados no solo dentro da mesma caixa antes ou durante a colheita. Frutos caídos no solo devem ser coletados e colocados em caixas devidamente identificadas.

– As caixas de colheita devem ser colocadas na sombra, enquanto aguardam o transporte até o local de embalagem. Frutos expostos ao sol aquecem, o que prejudica sua qualidade.

– Os frutos devem ser transportados até o packing house o mais rápido possível e devem ser refrigerados.

– A câmara fria deve estar limpa, higienizada e na temperatura correta para receber os frutos.

Foto: Pixabay

Armazenamento

A ameixa deve ser armazenada em baixas temperaturas. O período de armazenamento refrigerado das ameixas pode ser prolongado quando são armazenadas em temperatura de -0,5°C a 0,0°C, podendo ter duração de duas a cinco semanas.

Mesmo após a conservação refrigerada, as frutas ainda podem durar de dois a quatro dias em temperatura de 20 a 25°C, de acordo com o ponto de colheita e seu estado fitossanitário. Variações de temperaturas entre 0,5 e 1,0°C abaixo do limiar mínimo devem ser evitadas, pois há riscos de congelamento.

Temperaturas elevadas, acima do recomendado, aceleram o processo de maturação, além de aumentar a incidência de problemas fisiológicos, como o escurecimento interno e a desintegração gelatinosa ou vitrescente.

Em câmara fria, a umidade relativa do ar pode variar de 90 a 95%, abaixo dessa faixa é maior o índice de desidratação do fruto e acima dela, aumenta a ocorrência de podridões.

Transporte

Os frutos, como as ameixas podem ser transportados por diversos meios, como via terrestre, aérea e marítima, ou pela combinação entre elas, de acordo com a distância do mercado e os preços. No Brasil, o principal meio utilizado é o transporte terrestre.

Contudo, para o transporte de longa distância, algumas tecnologias podem ser adotadas visando minimizar danos aos frutos. A refrigeração é a principal tecnologia para conservação pós-colheita de frutos empregada durante o transporte para maiores distâncias.

O transporte refrigerado, utilizando baixa temperatura, tem como objetivo prolongar a vida útil da fruta durante o período de trânsito. Baixas temperaturas atuam a fim de reduzir o metabolismo e retardar a deterioração dos frutos.

O transporte de frutos sem refrigeração pode comprometer sua qualidade, bem como sua conservação, provocando prejuízos às suas qualidades essenciais.

Vida útil pós-colheita

De maneira geral, as estimativas mostram que as perdas gerais de frutas e hortaliças são da ordem de 30 a 40%. Entre as principais causas dessas perdas estão problemas de ordem fitossanitária no campo, colheita descuidada, cultivares pouco resistentes ao transporte, pouco uso da refrigeração, interrupção da cadeia do frio, baixa capacitação do produtor e baixa qualidade da fruta.

Neste sentido, é importante a aplicação de técnicas que sejam eficientes para conservação dos frutos. Durante a maturação da ameixa ocorrem mudanças na coloração, sabor, aroma e textura que tornam o fruto apto ao consumo.

Assim, técnicas adequadas podem auxiliar na conservação dos frutos, como é o caso da aplicação de ceras. Esta prática é utilizada no Brasil em frutas cítricas, como as laranjas e tangerinas, mas ainda não em ameixas, apesar de ser comum em outros países.

De acordo com o tipo de cera utilizada, ela pode, sim, melhorar a aparência e a conservação dos frutos, ao criar uma atmosfera modificada que prolonga a vida pós-colheita. Além disso, as ceras ajudam a manter a qualidade das frutas, pois reduzem a perda de água e a desidratação durante o armazenamento refrigerado.

O tipo de cera mais utilizada é uma emulsão aquosa de grau alimentício à base de carnaúba. Outras técnicas, como o uso de embalagens plásticas à vácuo, é desaconselhado na conservação de ameixas, pois para a conservação de frutos frescos é necessário que haja um nível mínimo de oxigênio para a continuação do processo respiratório do fruto.

Neste caso, todo o oxigênio é sugado da embalagem no processo de vácuo.

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