Andreza Lopes do Carmo
Química e graduanda em Agronomia – Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM)
andrezalopesdocarmo@hotmail.com
Victor Augusto da Costa Escarela
Engenheiro agrônomo e mestrando em produção Vegetal – Universidade Federal de Jataí (UFJ)
Mesmo apresentando condições climáticas suficientes para a produção do abacateiro, a cultura exige solos férteis, de forma que a produção da fruta está diretamente ligada ao manejo correto da adubação.
É justamente a adubação o ponto-chave para o sucesso da produção, uma vez que a mesma requer atenção extra do produtor, pois o abacateiro necessita que a adubação seja realizada de acordo com os estágios de desenvolvimento da planta, sendo dividida em adubação de plantio, formação e frutificação.
Além do mais, é necessário ajustar as doses de macro e micronutrientes em cada um destes estágios, pois a cultura é extremamente exigente em sua nutrição, influenciando diretamente na qualidade do fruto e em seu rendimento.
Preparo de solo
Inicialmente, deve-se escolher uma área que apresente topografia plana ou de meia-encosta, de modo que facilite a mecanização, tratos culturais e o transporte durante o processo de colheita.
O solo destinado ao cultivo deve ser profundo e bem drenado, garantindo água durante todo o desenvolvimento da cultura. Em seguida, é necessário realizar uma análise de solo dentro da propriedade para verificar a necessidade de correção do solo.
Após correção do solo, se necessário, deve ser realizada uma subsolagem na profundidade de 40 a 50 cm no solo, seguida de aração e gradagem, com a finalidade de destorroar e nivelar o terreno.
Esse processo permite colocar os nutrientes em maiores profundidades, além de melhorar a aeração do solo, garantir uma melhor infiltração de água por todo seu perfil e romper as camadas compactadas presentes, colaborando para o melhor desenvolvimento do sistema radicular.
Logo após, as covas de plantio devem ser abertas com espaçamento variando de 7,0 x 9,0 m a 10 x 12 m. Já em relação ao tamanho das covas, devem apresentar dimensão de 60 x 60 x 40 cm, ressaltando que a terra dos primeiros 15 cm deve ser misturada com o adubo no momento do plantio.
Evite erros
Quando os abacateiros estiverem crescidos e o sistema radicular estiver ocupando todo o solo, não é recomendado incorporar corretivos e adubos por meio de gradagens profundas, que podem danificar o sistema radicular, proporcionando lesões que facilitam a entrada de patógenos, principalmente gomose causada por Phytophthora cinnamoni.
É importante, também, evitar o plantio em locais em que a topografia seja elevada, pois acaba prejudicando os processos de tratos culturais e, consequentemente, a colheita e transporte dos frutos.
Antes de realizar qualquer adubação nos pomares, deve ser feita análise de solo uma vez ao ano, para ajustar os teores de macro e micronutrientes, bem como a acidez do solo. Quando a planta já se encontra em fase de produção, deve ser realizada uma vez ao ano a análise foliar, para conhecer os nutrientes que efetivamente estão sendo absorvidos pela planta, podendo ser ajustados os níveis em caso de haver necessidade.
É importante ressaltar que, caso o produtor apresente dúvidas em relação à dosagem, formulados e formas de aplicação, é necessário entrar em contato com um profissional.
Exigências nutricionais da cultura
São utilizados para a cultura do abacate fontes de nitrogênio, potássio, fósforo, boro e zinco via solo, baseando-se na análise de solo e necessidade da planta, além de adubação foliar com fontes de boro, zinco, nitrato de cálcio e fosfito de potássio.
Considerando que a maioria dos solos brasileiros apresenta baixa fertilidade, se torna necessário, antes do plantio das mudas de abacate, a realização da análise química do solo para conhecer a acidez e a disponibilidade de nutrientes para as plantas.
Baseando-se nos resultados obtidos na análise do solo, se necessário, deve ser realizada calagem para que a saturação por base chegue a 60%, bem como gessagem, caso haja altos níveis de alumínio tóxico na camada mais profunda do solo.
Além do mais, devem ser ajustados os níveis de macro e micronutrientes para que se tenha o pleno desenvolvimento da cultura.
Quando, quanto e com o que adubar
A adubação do abacateiro deve ser dividida em: adubação de plantio, de formação e frutificação. A adubação de plantio deve ser realizada aos 30 dias antes do transplantio das mudas (as quais devem ser adquiridas de viveiros certificados).
Cada cova deve receber de 15 a 20 litros de esterco curral ou 4,0 litros de esterco de galinha curtido e 250 gramas de P2O5. Ainda, devem ser aplicados em cada cova 20 gramas de nitrogênio aos 30, 90 e 150 dias após o pegamento das mudas.
Em se tratando da adubação de formação, no segundo e terceiro ano são recomendados 100 a 150 g de N, de acordo com a análise de solo, 40 a 200 g de P2O5 e 0 a 100 g de K2O ao redor de cada planta e na projeção das copas.
Por fim, na adubação de produção, considerando a partir do quarto ano, recomenda-se aplicar 60 a 120 kg/ha de N quando os teores de N nas folhas forem inferiores a 20 g/kg, 20 a 120 kg/ha de P2O5 e 30 a 150 kg/ha de K2O.
Já no quesito de micronutrientes, recomenda-se a aplicação de boro via foliar quando a planta se apresentar no estágio da flor de couve-flor, uma vez que o boro é responsável pela germinação do grão de pólen e crescimento do tubo polínico, melhorando a qualidade das flores e o tamanho do ovário da flor.
É indicada, ainda, a aplicação de nitrato de cálcio a fim de fornecer condições para as flores serem sustentadas, bem no início da florada. Além do mais, ao aparecem os chumbinhos, com o início da frutificação deve ser realizada a aplicação foliar de boro e zinco, bem como, ainda via foliar, a aplicação de fosfito de potássio a fim de garantir maior sanidade aos frutos.
Custo nutricional
Quanto ao custo envolvido na nutrição da planta, deve ser levada em conta a matéria-prima disponível para cada produtor, bem como em que região o produtor está inserido, havendo grande variação de preços de insumos por todo o País.
O abacateiro é uma cultura que requer atenção especial para a adubação, sendo, juntamente com a colheita, as etapas que mais encarecem a produção. Porém, devido ao abacate ser uma cultura que produz o ano inteiro, ele se torna extremamente rentável.
Alternativas nutricionais
Uma das alternativas que vem crescendo no mercado para melhorar os aspectos produtivos do abacateiro tem sido o uso de bioinsumos, com recursos biológicos por meio de microrganismos, visando melhorias na qualidade do fruto de forma mais sustentável e menor dependência de insumos, como por exemplo, o uso de microrganismos promotores de crescimento de plantas, biofertilizantes, inoculantes, microrganismos solubilizadores de fosfatos, além do uso de controle biológico contra pragas que acometem a cultura. Lembrando que a adubação fosfatada deve ser aplicada, de preferência, de forma localizada. Fontes de matéria orgânica devem ser utilizadas a cada três anos, bem como a calagem nos primeir