Fabrício Teixeira de Lima Gomes
Engenheiro agrônomo e mestrando em Fertilidade do Solo e Nutrição de Plantas – Universidade Federal de Lavras (UFLA)
agro.fabriciogomes@gmail.com
A batata (Solanum tuberosum L.) é uma hortaliça de grande importância mundial, sendo listada entre os quatro alimentos mais consumidos no mundo, juntamente com arroz, trigo e milho. É uma importante fonte alimentícia, de alto valor energético, proteínas e nutrientes.
Exigência nutricional
A batateira é uma planta que apresenta um sistema radicular superficial, o que a torna pouco eficiente na absorção de nutrientes. Além disso, possui alta taxa de crescimento, uma reduzida relação raiz/parte aérea, ciclo curto e um elevado potencial produtivo, apresentando assim maior demanda nutricional, quando comparada a outras culturas.
Esses fatores, aliados à baixa disponibilidade de fósforo nos solos e à elevada capacidade de adsorção do nutriente na maioria dos perfis brasileiros faz com que seja necessária a aplicação de grandes quantidades do elemento, visando aumentar a produtividade e o tamanho dos tubérculos produzidos.
Papel específico do fósforo
O fósforo atua em vários processos fisiológicos vitais das plantas, incluindo fotossíntese, respiração, armazenamento e transferência de energia, divisão celular, desenvolvimento celular e metabolismo de carboidratos, além de ser constituinte de estruturas como a do DNA, RNA, ATP e fosfolipídios de membranas.
Na batateira, o fósforo estimula a tuberização, além de influenciar na qualidade dos tubérculos, como o tamanho, peso específico, produção de matéria seca e os teores de amido, ácido ascórbico e proteína. Dessa forma, ele é um nutriente fundamental não somente para alcançar elevadas produtividades, como também para a obtenção de tubérculos mais nutritivos.
Sinais de deficiência de fósforo
O fósforo é um nutriente móvel na planta. Dessa forma, os sintomas de deficiência ocorrem, inicialmente, nas folhas mais velhas, que adquirem coloração amarelada nas bordas.
Em plantas deficientes no nutriente, não há expansão dos folíolos, que ficam enrugados, com coloração verde-escuro, sem brilho e curvados para cima. As folhas inferiores podem apresentar cor púrpura na parte abaxial, as raízes e os estolões são reduzidos em número e em comprimento.
As plantas apresentam crescimento atrofiado, resultando em uma menor produção de tubérculos.
Estratégias de manejo nutricional
Devido ao ciclo de vida curto e ao sistema radicular pouco eficiente na absorção de nutrientes da batateira, o fornecimento adequado de fósforo é essencial a partir dos estádios iniciais de crescimento das plantas e a aplicação de doses adequadas do nutriente permite o desenvolvimento radicular, além de aumentar a absorção de água e nutrientes.
O primeiro passo para uma recomendação adequada da adubação fosfatada é a análise química e física do solo, utilizada para recomendação de calcário, gesso e fertilizantes. Além disso, é necessário conhecer a exigência nutricional da cultura, que pode variar conforme a cultivar utilizada.
A forma de aplicação é essencial para aumentar a eficiência da adubação e reduzir os custos de produção. Dessa forma, a adubação fosfatada na batateira requer, em função dos baixos teores naturais e das altas taxas de imobilização do nutriente no solo, principalmente nos argilosos, a aplicação de forma localizada em profundidade explorável pelo sistema radicular da cultura.
Avalie o tipo de solo
A quantidade de fósforo a ser aplicado varia em função do tipo do solo. Os mais argilosos geralmente demandam uma quantidade maior do nutriente, por apresentarem maior capacidade de adsorção do elemento, o que reduz sua disponibilidade para as plantas.
O manejo nutricional adequado assegura maiores produtividades, tubérculos com maior qualidade comercial e nutricional, além de reduzir a incidência de doenças e, por consequência, o uso de produtos fitossanitários.
De olho na lavoura
O monitoramento do estado nutricional das plantas pode ser realizado por meio da análise química foliar, de forma complementar à análise química do solo. A amostragem das folhas deve ser realizada de acordo com as recomendações para a cultura e os resultados comparados com padrões pré-estabelecidos de lavouras que apresentam alta produtividade.
No estado de São Paulo, a amostragem é realizada em 30 plantas, 30 dias após a emergência, com a coleta da terceira folha a partir do tufo apical. A amostragem adequada é essencial para que os resultados laboratoriais sejam conclusivos e eficientes, devendo, portanto, ser realizada seguindo os mesmos procedimentos de coleta dos padrões.