27.1 C
Uberlândia
quinta-feira, novembro 21, 2024
- Publicidade -spot_img
InícioNotíciasEmater-MG e Santuário do Caraça resgatam o cultivo de hortaliças tradicionais da...

Emater-MG e Santuário do Caraça resgatam o cultivo de hortaliças tradicionais da culinária mineira

Santuário do Caraça - Crédito Lúcia Sebe
Santuário do Caraça – Crédito Lúcia Sebe

Trabalho investe na recuperação da antiga horta do santuário e envolve produtores da região

Uma parceria que une história, culinária, fé, turismo e agricultura. A união destes elementos está permitindo a recuperação de hortaliças tradicionais que influenciaram a gastronomia mineira. O trabalho é realizado pela Emater-MG com o Santuário do Caraça, um complexo arquitetônico religioso, situado na Serra do Espinhaço, entre os municípios de Catas Altas e Santa Bárbara. O local é muito procurado por turistas, tem séculos de história e fica numa Reserva Particular do Patrimônio Natural (RPPN). Quem visita hoje o santuário encontra uma horta com mais de 65 espécies de plantas entre hortaliças e ervas aromáticas.

Muitas das hortaliças que atualmente são cultivadas no Santuário do Caraça estavam em desuso pela população, mas tiveram grande influência na culinária típica do local e da região, segundo o coordenador técnico estadual de Olericultura da Emater-MG, o engenheiro agrônomo Georgeton Silveira. A Emater-MG recuperou a horta no final de outubro de 2014. “Levamos sementes e mudas de várias espécies entre elas a bertalha, peixinho capuchinha, e cinco variedades de cará (roxo, moela, caramujo, São Tomé e florido)“, relata.  Também são exemplos de hortaliças tradicionais ou não convencionais, a taioba, araruta, oro-pro-nóbis, mangarito, azedinha, vinagreira, peixinho, jacutupé e muitas outras usadas em pratos específicos da culinária mineira e brasileira.

O coordenador explica que a empresa atua em outros locais para fazer este tipo de resgate. Em Minas, o trabalho conta com a parceria do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Embrapa, Epamig, prefeituras e associações de produtores. “O projeto de resgate de hortaliças tradicionais ou não convencionais já catalogou 35 espécies no país, mas a lista não está fechada, podendo incorporar novos achados“.

Além da horta do Caraça, já foram implantados 26 bancos de multiplicação dessas hortaliças, em várias regiões do Estado. De acordo com o agrônomo, o rótulo acadêmico de “tradicionais ou não convencionais“ tem a ver com o fato de essas plantas serem ligadas à cultura e tradição alimentar de várias comunidades rurais e urbanas, mas ainda serem de consumo restrito e não organizadas em cadeia produtiva.

 

 

Hortaliças tradicionais Caraça - Crédito Wemerson Barra
Hortaliças tradicionais Caraça – Crédito Wemerson Barra
Hortaliças tradicionais Caraça - Crédito Wemerson Barra
Hortaliças tradicionais Caraça – Crédito Wemerson Barra

História da gastronomia

Há sete anos se dedicando a estudar as origens da culinária em Minas, resgatando receitas e histórias registradas em livros, preservados nas bibliotecas da Serra da Piedade, onde pesquisou por cinco anos e agora no Caraça, Vani Fonseca Pedrosa é só elogios quando fala da parceria com a Emater-MG. “Poucas coisas deram tão certo quanto essa parceria com a Emater-MG. O apoio dela foi muito importante. A empresa orientou na montagem das estufas (para evitar ataques de pássaros nas plantas, como o jacu, muito presente na fauna da região); trouxe várias mudas de verduras e variedades de inhame“, ressalta Vani que é pesquisadora e supervisora de gastronomia do Santuário.

Segundo ela, a recuperação da horta faz parte de um projeto maior sobre os primórdios da cozinha mineira. “Temos publicações de 1816 e 1856 que falam da horta do Caraça, sempre no mesmo espaço, desde a fundação do Santuário, em 1774“, revela. Vani aponta inclusive, descrições do botânico francês, Auguste de Saint-Hilaire. Famoso há quase dois séculos pela viagem que fez ao Brasil, esse naturalista catalogou e deu nome a várias espécies da flora do nosso país e de Minas.

Sobre o destino da produção da horta do Caraça, Pedrosa informa que está sendo utilizada nas refeições oferecidas aos hóspedes da pousada e aos turistas que frequentam o restaurante do local. As mudas das hortaliças também estão sendo vendidas aos visitantes da reserva natural. “A gente quer recuperar e oferecer essas verduras tradicionais ou não convencionais e o Caraça é uma vitrine desse projeto. Recebemos muitos visitantes e pesquisadores de vários países como França, Alemanha e Estados Unidos“.

De acordo com Vani, esse é um trabalho que mostra a possibilidade de interagir com a gastronomia e a Frente Pela Gastronomia Mineira, órgão divulgador dessa ação e de outras, como a que envolve o reconhecimento da região como produtora do queijo minas artesanal. “A propagação e divulgação dessas hortaliças pode gerar renda no campo e trazer à tona sabores, experiências e inspirações do passado“, declara.

 

Distribuição de mudas

O coordenador da Emater-MG acrescenta que, em maio, foi realizado um encontro no Santuário, com a participação de agricultores dos municípios de Caeté, Santa Bárbara, Barão de Cocais e Catas Altas. Foram distribuídas sementes, mudas e cartilhas aos produtores. Todos tiveram a oportunidade degustar pratos feitos com as hortaliças, tais como creme de inhame, flan de araruta e geleia de vinagreira. “Além da degustação, fomos para a horta e mostramos o modo de plantio das hortaliças“, resumiu.

Para Georgeton, a iniciativa em Caraça, é um casamento que tem tudo para dar certo. “A primeira etapa, de implantação do banco de mudas e sementes, foi sensibilizadora, pois mobilizamos e interagimos com produtores de quatro municípios para que eles façam agora a reprodução dessas plantas. Iniciamos também um diálogo com os proprietários de restaurantes para que num futuro próximo, esses produtores possam ampliar a produção e abastecer o mercado da gastronomia“, explica.

O técnico que atende nos escritórios da Emater-MG de Catas Altas e Barão de Cocais, Wemerson Barra, faz o acompanhamento da horta do Caraça e diz que a empresa não apenas presta assistência técnica. “Também trabalhamos com a mobilização e articulação do território rural dos municípios no entorno das Serras da Piedade e do Caraça (Caeté, Barão de Cocais, Santa Bárbara e Catas Altas), pois entendemos a importância de compartilhar o conhecimento da história da culinária da região“, explica. A Emater-MG atende 300 agricultores em Catas Altas e outros 500  em Barão de Cocais.

ARTIGOS RELACIONADOS

Vigilância e amadurecimento

Por Coriolano Xavier, Vice-Presidente de Comunicação do Conselho Científico para Agricultura Sustentável (CCAS), Professor do Núcleo de Estudos do Agronegócio da ESPM. Em dez anos, a...

Regulagem de nitrogênio contra psilídeos

  Dalva Luiz de Queiroz Pesquisadora da Embrapa Florestas dalva.queiroz@embrapa.br Os psilídeos atacam as espécies florestais, sugando a seiva e diminuindo a produtividade da silvicultura. O manejo de...

Cadeia produtiva discute novos rumos para o trigo paulista

São muito positivas as perspectivas de avanços no mercado do trigo em São Paulo. O Estado, maior mercado consumidor de farinha de trigo do Brasil, quase triplicou a produção do cereal nos últimos cinco anos – de 90 mil de toneladas em 2013 para 250 mil toneladas em 2017 –, mas o principal benefício foi o aumento de 200% em produtividade por conta do avanço do melhoramento genético e, principalmente, pelo alinhamento entre os diferentes elos da cadeia.

Os benefícios da nutrição foliar para os pepinos

AutoresBruno Novaes Menezes Martins Engenheiro agrônomo e doutor em Agronomia/Horticultura - FCA/UNESP brunonovaes17@hotmail.com Letícia Galhardo Jorge Bióloga e mestranda em Botânica - IBB/UNESP leticia_1307@hotmail.com...

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!