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Embrapa Pesca e Aquicultura completa 15 anos de desafios permanentes e avanços conquistados

O Campo Experimental de Aquicultura reúne viveiros escavados, laboratórios e um Núcleo de Conservação e Coleções de Peixes Nativos – Photo: Jefferson Christofoletti

Nesta segunda-feira, 12 de agosto, a Embrapa Pesca e Aquicultura (Palmas-TO) chegou aos 15 anos. O centro de pesquisa é focado nos dois temas que constam em seu nome e em sistemas agrícolas dos Cerrados do Centro-Norte do país, com destaque para o Matopiba (região que engloba partes de quatro estados: Maranhão; Tocantins; Piauí; e Bahia). Instalada num dos poucos estados que, na época, não sediavam centro de pesquisa da empresa, a Embrapa Pesca e Aquicultura reúne empregados de diversos estados brasileiros.

Nesse período, foram vários os desafios vencidos e ainda sendo enfrentados. A formação e a consolidação de equipes de pesquisadores e de outros profissionais nas três áreas é um processo permanente. Acompanhar as demandas das várias cadeias produtivas de valor com as quais o centro de pesquisa se relaciona exige constante interlocução com os diversos atores que as representam. Nem sempre o tempo da pesquisa é o tempo do mercado; equalizar essa diferença é outro importante papel da equipe da Embrapa Pesca e Aquicultura.

Mas a principal conquista nesses primeiros 15 anos passa por ter casa própria, com estrutura de laboratórios e de campos experimentais sendo constantemente incrementada. Depois de ocupar quatro espaços em Palmas de maneira temporária, em junho de 2016 os empregados, estagiários, bolsistas e terceirizados passaram a desempenhar suas funções na sede definitiva da Embrapa Pesca e Aquicultura, na região Norte da cidade. Desde então, têm ocorrido avanços importantes na estrutura geral, tanto na Pesquisa como nas demais áreas.

“Antes, a Embrapa Pesca e Aquicultura estava em instalações alugadas e com limitações para realizar suas pesquisas, com a equipe técnica longe de laboratórios e experimentos sendo conduzidos apenas em parceiros. Essa falta de infraestrutura adequada dificultava a realização de experimentos complexos e de longo prazo. Mesmo os viveiros do Campo Experimental de Aquicultura (CEAq) estando disponíveis para realização de experimentos antes de 2016, a logística de implementação de projetos em larga escala era complexa, prejudicando a consolidação da Unidade como um centro de referência nacional”, contextualiza Danielle de Bem Luiz, chefe-geral.

Ela relata que, com a sede própria, foi possível fazer pesquisas mais complexas e que podem gerar maior impacto. A melhoria na infraestrutura, de acordo com Danielle, resultou em significativos avanços na qualidade do trabalho e dos resultados entregues nas três áreas de atuação do centro de pesquisa. “A Unidade agora dispõe de uma infraestrutura robusta para suportar uma ampla gama de projetos de pesquisa e desenvolvimento, mas sabe-se que precisa ainda aprimorar para suportar a crescente demanda do mercado por soluções para a sustentabilidade e a competitividade do setor aquícola nacional”, entende.

“Se chegamos até aqui, foi por um somatório de pessoas comprometidas, dedicadas e cheias de vontade de transformar sonhos em realidade. Cada um que passou é parte daqui, levou um pouco consigo e aqui nós continuamos a escrever nossa história.”, Lícia Lundstedt, chefe-adjunta de Pesquisa e Desenvolvimento

Avanços – A chefe-adjunta de Pesquisa e Desenvolvimento Lícia Lundstedt tem percepção semelhante a respeito da evolução da estrutura física. “Quando eu cheguei aqui, encontrei colegas muito motivados e isso, sem dúvida, é uma característica da nossa Unidade! Todos com muita energia, mas nossa casa ainda era um sonho, que muitas vezes parecia distante. Aos poucos, as coisas foram se materializando; ao meu ver, com muita dedicação e comprometimento de todos”, afirma. 

Após a casa própria, o desafio passou a ser incrementar a infraestrutura de pesquisa. Nesse sentido, Lícia destaca as melhorias que grandes projetos permitiram, sobretudo para as equipes que atuam em aquicultura e em pesca. Ela lidera o BRS Aqua, grande projeto em aquicultura que envolve diversos centros de pesquisa da Embrapa e parceiros públicos e privados: “participar da construção técnica e de toda a articulação com diferentes Unidades e com instituições tão respeitadas sem dúvida foi e vem sendo muito importante para minha formação profissional e pessoal”, explica.

Apesar da natural dificuldade de conciliar a liderança de um projeto como o BRS Aqua e a execução, em si, de atividades de pesquisa, Lícia enxerga avanços. “Sei que minha dedicação tem ajudado a melhorar as condições de pesquisa e de trabalho da nossa equipe e de outras tantas Unidades, assim como os resultados entregues até o momento vêm contribuindo significativamente para o desenvolvimento da aquicultura nacional”.

A chefe-adjunta de Pesquisa e Desenvolvimento destaca também projetos que integram a equipe. E cita que a oportunidade de desenvolver um projeto que una as equipes dos dois núcleos de pesquisa (Núcleo Temático de Pesca e Aquicultura e Núcleo Temático de Sistemas Agrícolas) na própria área da Embrapa em Palmas é interessante. Projeto na área de irrigação para ser executado em um futuro breve.

Referência – A Embrapa Pesca e Aquicultura vem se destacando também em transferência de tecnologia, sobretudo com relação ao Plano Setorial de Mitigação e de Adaptação às Mudanças Climáticas para a Consolidação de uma Economia de Baixa Emissão de Carbono na Agricultura (Plano ABC). Roberto Flores, chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia, lembra que “o Tocantins possuía um sistema de produção vegetal e animal em expansão, porém com baixo aporte tecnológico e baixa produtividade e sustentabilidade, apresentando 7 milhões de hectares de pastagens degradadas. A Embrapa Pesca e Aquicultura elaborou em 2012 um projeto de transferência de tecnologias para agentes multiplicadores, por meio da metodologia Treino e Visita (T&V), que vem sendo adaptada pela Unidade desde 2017”. 

Ele cita ainda a colaboração, junto à Superintendência de Agricultura e Pecuária do Estado do Tocantins (SFA-TO), à Secretaria da Agricultura e Pecuária (Seagro) do estado e a outras instituições, na elaboração do Plano Estadual do ABC no Tocantins. “Publicado o plano, com ações de transferência de tecnologias, a Embrapa Pesca e Aquicultura construiu uma forte rede de relacionamento com a Assistência Técnica e Extensão Rural (Ater) pública e privada no estado, implantou muitas unidades de referência e retroalimentou seus núcleos de pesquisa com demandas para o desenvolvimento de inovações e ativos tecnológicos que contribuíram com o atingimento e a superação das metas do Plano ABC, especialmente a recuperação de pastagens degradadas”, detalha.

Outra área em que a Embrapa Pesca e Aquicultura vem fazendo a diferença é a avaliação de impactos ambientais, econômicos e sociais da adoção de tecnologias. O trabalho, que começou em 2016, vem evoluindo desde então. De acordo com Roberto, “os relatórios elaborados pelo Setor de Prospecção e Avaliação de Tecnologias (Spat) em conjunto com os líderes de projeto de cada tecnologia, contendo os indicadores obtidos e sua contextualização, propiciaram um panorama completo a respeito da evolução do desempenho de cada tecnologia sob o ponto de vista dos diversos tipos de produtores adotantes e da relação custo benefício para a Embrapa ao longo dos anos”. Foram avaliados impactos em projetos, tanto de Pesquisa como de Transferência de Tecnologia, em várias cadeias produtivas de valor.

Hoje, a Embrapa Pesca e Aquicultura é referência nacional no processo de avaliação de impactos e compartilha com outros centros de pesquisa da empresa a metodologia e ferramentas criadas. “Muitas Unidades utilizam a ferramenta de cálculo do excedente econômico desenvolvida pela Embrapa Pesca e Aquicultura e demandam cursos sobre o tema. A nossa equipe é, inclusive, indicada pela Sede para capacitações na área e representação institucional sobre o processo”, explica o chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia.

“Em 2021, a atuação da Embrapa Pesca e Aquicultura em Transferência de Tecnologia foi reconhecida como boa prática em termos de sustentabilidade pela Organização das Nações Unidas (ONU) por estar relacionada a três Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS). O primeiro deles refere-se ao ODS 2, que é ‘acabar com a fome, alcançar a segurança alimentar e melhorar a nutrição e promover a agricultura sustentável’. Outro ODS relacionado é o 10, que fala sobre ‘reduzir a desigualdade dentro e entre os países’. Por fim, há também relação com o ODS 13, intitulado ‘tomar medidas urgentes para combater as mudanças climáticas e seus impactos’.”, Roberto Flores, chefe-adjunto de Transferência de Tecnologia

Reestruturação – Mesmo com relativo pouco tempo de existência quando se pensa em pesquisa, a Embrapa Pesca e Aquicultura com frequência ajusta sua organização interna visando sempre a um melhor desempenho. Um dos principais exemplos foi a recriação do Setor de Campos Experimentais (SCE), separando-o do Setor de Infraestrutura e Logística (SIL). Depois, houve a divisão em dois campos experimentais: de Aquicultura, o CEAq; e de Sistemas Agrícolas, o CESAg. 

A criação deste segundo campo foi em 2021. Para Luciano do Carmo, chefe-adjunto de Administração, “a decisão de criação de gestões distintas para o CEAq (aquicultura) e a criação do CESAg (agricultura) foi um marco para a Embrapa Pesca e Aquicultura. Um ganho para ambos. Atividades organizadas, geridas e controladas, infraestrutura bem conservada e experimentos rodando sob controle são alguns ganhos que podemos citar”.

A chefe-geral Danielle de Bem concorda e vai um pouco além. Cita como ganhos “melhora na condição de trabalho da equipe, economia de tempo e de recursos com deslocamentos, melhora na qualidade e na continuidade das pesquisas. Adicionalmente, proporciona uma vitrine tecnológica para as inovações da Embrapa, promovendo a transferência de tecnologia de forma mais efetiva para parceiros e produtores do estado e colocando os parceiros dentro da empresa para conhecer tecnologias e resultados, fortalecendo a marca Embrapa”.

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