Fábio Oseias dos Reis Silva
Ramon Ivo Soares Avelar
Ana Flávia Freitas
Doutores, professores e pesquisadores – Itac/Epamig de Pitangui (MG)
A otimização da nutrição e ganhos em produtividades da lavoura estão atrelados ao uso de fertilizantes, sobretudo os fertilizantes de liberação controlada. Eles são importantes, principalmente para as plantas cultivadas por um longo período de tempo, como é o caso das plantas perenes.
Esses fertilizantes têm a capacidade de propiciar um efeito residual prolongado, deixando o solo com bons níveis nutricionais por períodos mais longos, fazendo com que haja economia no número de reaplicações e com custos operacionais.
Diferencial
O maior diferencial dos fertilizantes de liberação lenta está na qualidade de fornecimento, ou seja, o fertilizante de liberação controlada é fornecido dentro das covas ou sulcos nas proximidades das raízes, facilitando a absorção contínua, disponibilizando o fornecimento dos nutrientes de forma não interrupta e, consequentemente, favorecendo o desenvolvimento constante das plantas.
Neste contexto, a nutrição é otimizada em uma única dose, disponibilizando nutrientes conforme as necessidades da planta, sem excessos, sem perdas por lixiviação, o que ajuda a cumprir as exigências das normas ambientais e ganhos produtivos pelo maior aproveitamento da nutrição da lavoura.
O tempo total de liberação de nutrientes depende da tecnologia aplicada, podendo variar de alguns meses até dois anos.
Outra importante informação é que as mudas produzidas com fertilizantes de liberação controlada possivelmente terão uma qualidade superior e serão capazes de se desenvolver de maneira satisfatória em campo e, consequentemente, a sua produtividade será afetada positivamente.
Resultados
Diversas pesquisas têm demonstrado a eficiência dos fertilizantes de liberação controlada na produção de mudas frutíferas, mostrando que a quantidade de adubo exigida varia conforme a espécie, cultivares e condições de cultivo.
Na cafeicultura também apresentam resultados de campo pesquisas com os fertilizantes de liberação controlada. Cafeeiros em produção mostraram que, após dois anos contínuos, a utilização de adubos de liberação lenta, paralelamente aos adubos convencionais, permitiu reduzir em até 25% as necessidades do uso de nitrogênio, potássio e enxofre, por meio de uma única aplicação no início do período chuvoso, sem gerar prejuízos ao sistema cafeeiro.
Erros e acertos
Dependendo da tecnologia aplicada aos fertilizantes de liberação controlada, alguns recobrimentos, por serem pouco permeáveis à água, podem fazer os grânulos do adubo boiarem, quando se formam lâminas de água sobre a superfície do solo, podendo carregar estes fertilizantes. Assim, deve-se tomar cuidado com aplicações em áreas com maior declive.
Um outro cuidado seria com a super e hipodosagens. Isso porque alguns produtores costumam não acreditar nas recomendações já estudadas e testadas e dobram a quantidade de fertilizante por planta. Isto é considerado um desperdício, já que não existirá sistema radicular para absorver todo o fertilizante disponível.
No outro extremo estão aqueles que, na ânsia de economizar adubo, reduzem a dose, acreditando que as raízes possam ter qualquer mecanismo que consiga retirar mais nutriente do que o fertilizante fornece. Aí, certamente aparecerão os indesejáveis sintomas de deficiência, reduzindo o desenvolvimento normal das plantas.
O solo
Outro fator a ser considerado é a condição física do solo. O plantio em solos muito argilosos ou compactados impede o desenvolvimento das raízes superficiais, com consequente menor absorção dos fertilizantes de liberação controlada.
Assim, infere-se que os manejos adequados devem ser realizados de modo a proporcionar condições favoráveis para que o fertilizante de liberação controlada possa expressar o máximo de sua eficiência.
As quantidades adequadas de fertilizantes devem ser respeitadas. As recomendações de aplicações para cada lavoura devem ser feitas mediante o responsável técnico.
Técnica
Diariamente buscam-se técnicas que possam proporcionar melhores resultados ao cultivo de frutíferas. Contudo, quando o assunto se refere a fertilizantes de liberação controlada, é importante salientar que se deve agregar técnicas que, trabalhadas em conjunto, expressam resultados superiores e mais eficientes.
Nesse aspecto, uma alternativa para o bom aproveitamento dos fertilizantes de liberação controlada é o uso de hidrogel retentor de umidade. Sua utilização favorece a retenção de umidade no solo por um período mais prolongado, disponibilizando água aos poucos para as plantas e proporcionando também um efeito positivo na liberação de nutrientes dos fertilizantes inteligentes.
O uso de condicionadores de solo tem favorecido o aproveitamento dos fertilizantes de forma mais eficiente. O gesso agrícola tem sido considerado um importante condicionador físico-hídrico-químico do solo, pois essa prática, além de favorecer a agregação, possibilita maior eficiência na capacidade de retenção de água e nutrientes no solo.
Além do mais, vale ressaltar que esse insumo também reduz os efeitos tóxicos causados pelo alumínio e aumenta rapidamente os níveis de cálcio e enxofre em profundidade no solo, além de proporcionar o carreamento de outras bases, como Mg e K.
O uso de calagem, gesso agrícola, gel retentor de umidade, cobertura morta, entre outras técnicas associadas aos fertilizantes de liberação controlada podem beneficiar sobremaneira os cultivos, reduzindo a acidez do solo, melhorando sua estrutura e favorecendo o desenvolvimento das raízes, a absorção de água e nutrientes.
Detalhes que fazem a diferença
O conhecimento das condições edafoclimáticas da região de produção do cultivo são fatores importantes a serem considerados quando se trata de aplicação de fertilizantes de liberação controlada. O tempo de liberação dos nutrientes pode variar em função das condições climáticas.
Em localidades ou estações com temperaturas mais altas, a liberação do fertilizante é mais rápida, e com isso seu período de utilização é reduzido em comparação com o indicado pelos fabricantes.
A utilização de cobertura morta ou adubação verde na entrelinha constitui-se numa prática vantajosa para o cultivo, principalmente em manter a umidade do solo, que é importante no aumento da eficiência dos fertilizantes de liberação controlada, estimulando o melhor desenvolvimento das plantas e aumentando a produtividade em relação ao solo descoberto.