Luiza Pires – Engenheira agrônoma
Quando a água da chuva deixa de ser suficiente, a aplicação artificial tende a ser uma saída. Normalmente, em locais onde se espera certa irregularidade e escassez de chuva, sistemas de irrigação são implantados para que essa demanda hídrica seja suprida, e junto com outras práticas agronômicas ocorram resultados satisfatórios na colheita.
Diversos são os métodos e sistemas, aqui veremos alguns utilizados na agricultura irrigada.
Um a um
No método de irrigação superficial, a água é distribuída através da gravidade pela área. Na sua elaboração existe a necessidade de certa sistematização em relação a nivelamento, construção de diques e manutenção de canais.
Quando comparado com outros métodos e sistemas, o custo acaba sendo menor, a erosão maior, com menor perda de água por evaporação e maior perda por percolação e escoamento. Através dos sulcos, a água é transportada paralelamente à linha de plantio, movimentando-se ao longo do declive. Essa distribuição é feita de maneira uniforme e sem controle.
No sistema por inundação, a água é distribuída em toda a superfície de forma permanente ou temporária. Esse sistema não é aconselhado em solos arenosos e com culturas sensíveis à saturação do solo na zona da raiz.
Na irrigação por aspersão, semelhante à chuva, temos os sistemas mecanizado e convencional. Neste método, ocorre um maior investimento, e normalmente é recomendado quando a demanda por água é mais frequente e em menor quantidade.
Além disso, com a aspersão temos interferência da umidade relativa do ar e do vento na aplicação. É um método que possibilita o uso em solo com desnível; e levando em conta a demanda hídrica da planta de forma correta, a erosão não se torna um problema.
No sistema mecanizado, como no pivô central, a água é distribuída na lavoura através de aspersores em barras localizadas sobre torres que se movem através do acionamento de um sistema mecânico. Essa distribuição pode ser totalmente automatizada e com bom controle das lâminas aplicadas. Normalmente é utilizado em áreas consideradas grandes. Além disso, o custo com energia deve ser levado em consideração.
Autopropelido
Ainda dentro do sistema mecanizado, o autopropelido do tipo carretel enrolador faz a introdução de água na área através de um único aspersor do tipo canhão após a transformação de energia hidráulica em mecânica.
Nesse sistema temos uma maior pressão, de 500 kPa a 1.000 kPa, e menor controle do tamanho das gotas de água, podendo ser prejudicial tratando-se de culturas mais frágeis. É um sistema adaptável a diversos tamanhos de áreas, sendo preferencialmente planas, porém, o consumo de energia acaba sendo elevado, em comparação a outros sistemas de aspersão.
No sistema convencional os aspersores podem ser fixos, semifixos ou móveis, sem a utilização de um sistema mecânico sobre rodas, como nos pivôs.
Água localizada
Na irrigação localizada, o princípio é a aplicação próxima ao sistema radicular da cultura, sendo feita de forma controlada e uniforme, permitindo um bom aproveitamento. O investimento tende a ser elevado e com custos devido à reposição de canalização.
Neste método, a erosão do solo acaba sendo minimizada. Os sistemas mais usados são o gotejamento e a microaspersão localizada. No gotejamento a água é conduzida por baixa pressão, variando de 50 a 200 kPa, através de canalizações, liberando gotas pontuais.
Esse sistema de irrigação permite que a água seja distribuída em formato de bulbo molhado no solo, onde a parte mais saturada se localiza mais próxima à superfície.
Na microaspersão localizada a água é distribuída em uma pequena circunferência ou faixa, onde ocorre a exploração das raízes. Nesse sistema, a pressão pode variar de 100 a 300 kPa; os componentes são os mesmos do gotejamento, exceto pelo emissor utilizado.
Método subsuperficial
No método de irrigação subsuperficial a aplicação de água ocorre abaixo do sistema radicular da planta. É menos expressivo, quando comparado com os outros métodos, mas também utilizado.
É um método que possui baixo requerimento de potência e pressão, e boa eficiência na aplicação, com consequente redução de perda de água. O custo inicial pode ser elevado; podendo ocorrer entupimentos por intrusão das raízes, entre outros. A irrigação subsuperficial pode ser empregada através do gotejamento ou também da elevação do lençol freático.
Em todos os métodos o bombeamento da água até o local da irrigação é feito quando necessário. Dado o exposto, antes da escolha do método e sistema a ser adotado, deve-se observar a topografia, o solo, a cultura a ser trabalhada, o clima, a disponibilidade e a qualidade da água, bem como aspectos ambientais e econômicos.
Além disso, o manejo e monitoramento especializado da irrigação é um incremento para quem busca controle e, consequentemente, bons resultados.