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Morango: estratégias para o manejo efetivo do Coró

Crédito: Eneida Dolci

Caio Xavier dos Santos
Engenheiro agrônomo – Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA)
caioxs1408@gmail.com
Sinara de N. Santana Brito
Engenheira agrônoma e mestre em Agronomia/Horticultura – Universidade Estadual Paulista (UNESP)
sinara.santana@unesp.br
Harleson Sidney Almeida Monteiro
Engenheiro agrônomo, mestre em Agronomia/Horticultura e especialista em Fitotecnia, Fertilidade, Manejo de Solos e Nutrição de Plantas
harleson.sa.monteiro@unesp.br

Plantas de morango enfraquecidas pelo ataque de corós rizófagos são mais suscetíveis a infecções por patógenos e a ataques de outras pragas. O sistema radicular danificado serve como uma porta de entrada para patógenos do solo, como fungos e bactérias, que podem causar doenças adicionais, como a podridão radicular.

Além disso, plantas debilitadas têm menor capacidade de defesa natural, tornando-as mais vulneráveis a outras pragas.

Os corós rizófagos não só prejudicam o sistema radicular existente, mas também impedem o desenvolvimento de novas raízes. Raízes jovens e em crescimento são particularmente vulneráveis ao ataque das larvas, e sua destruição impede a planta de se estabelecer adequadamente e de explorar eficientemente o solo em busca de água. Isso pode levar a uma redução na absorção de nutrientes e a uma menor capacidade de suportar períodos de seca ou outros estresses ambientais. 

Desafios

O primeiro entrave no controle é a localização, já que as larvas desta praga vão atacar as raízes do morango, sendo difícil para os inseticidas alcançarem e afetarem diretamente o local. A aplicação de inseticidas na superfície do solo muitas vezes não penetra o suficiente para atingir as larvas em profundidade, especialmente se estas estiverem em camadas mais profundas do solo.

Ainda, o solo oferece uma barreira física que protege as larvas de muitos inseticidas. Mesmo os sistêmicos, que são absorvidos pelas plantas e transportados para suas raízes, podem não ser eficazes em atingir uma concentração letal suficiente para matar as larvas.

A matéria orgânica e a estrutura do solo também podem absorver ou degradar os inseticidas, reduzindo ainda mais sua eficácia.

Para obter maior eficácia, o correto é aplicar o inseticida logo no período inicial da praga no solo. Por isso, é importante o monitoramento constante do campo de produção. No caso dos corós rizófagos, os adultos e pupas são mais suscetíveis do que as larvas.

Após a eclosão dos ovos e o estabelecimento das larvas nas raízes, os inseticidas têm pouca eficácia. Aplicar inseticidas nessa fase é, frequentemente, uma medida tardia e insuficiente para controlar a infestação.

Medidas curativas

Uma das principais medidas curativas, sem causar dano ambiental e humano, é o uso de adubação verde para o controle dos corós rizófagos, que consiste na utilização principalmente de crotalária.

De acordo com as pesquisas da Embrapa Trigo, recomenda-se o uso da crotalária antes de implementação das culturas. Para o morangueiro essa técnica pode ser muito efetiva. Além dos diversos benefícios para o solo, fixando nitrogênio e melhorando as estruturas físicas do solo, a crotalária é muito eficaz para o controle dos corós rizófagos.

Isso ocorre pelo fato de a crotalária não fornecer condições nutricionais ideais para o desenvolvimento das larvas, fazendo com que essa praga não complete o seu ciclo no solo. Como o sistema radicular da crotalária é profundo, ela consegue se desenvolver bem no solo e aumenta a aeração local, reduzindo a compactação. Isso afeta diretamente a movimentação das larvas nas raízes da crotalária, onde elas não conseguem se locomover com facilidade.

Alternativas

A rotação de cultura é outra solução, e na cultura do trigo e feijão é muito presente. Os corós rizófagos têm um ciclo de vida que inclui estágios de ovo, larva, pupa e adulto. As larvas, que são as mais prejudiciais, alimentam-se das raízes das plantas hospedeiras do morango. Quando a mesma cultura é plantada repetidamente, os corós encontram um ambiente constante e favorável para se desenvolverem.

A rotação de culturas interrompe esse ciclo, ao introduzir plantas que não são hospedeiras adequadas para as larvas. Sem raízes adequadas para se alimentarem, as larvas têm dificuldade para sobreviver, o que leva à diminuição da população de corós no solo.

A rotação de culturas contribui significativamente para a melhoria da saúde do solo. Diferentes plantas adicionam e utilizam nutrientes de maneiras variadas, o que ajuda a manter o equilíbrio do solo.

Além disso, a diversidade de culturas aumenta a biodiversidade do solo, incluindo microrganismos benéficos que podem atuar como inimigos naturais dos corós rizófagos. Um solo saudável e biologicamente ativo pode suportar uma maior diversidade de organismos que ajudam a controlar a população da praga de forma natural, como bactérias, fungos e nematoides.

Controle biológico

Uma medida que está sendo desenvolvida e analisada é o controle dos corós rizófagos com bioinseticidas à base da bactéria Bacillus thuringiensis (Bt),          que consiste no controle dessa praga de maneira sustentável, sem agredir o meio ambiente, animais e danos humanos.

Essa bactéria, gram-positiva e formadora de esporos, é conhecida por sua capacidade de produzir toxinas cristalinas, que são letais para os corós rizófagos.

O mecanismo de ação da bactéria Bt, é muito específico, pois essas toxinas produzidas se ligam a receptores nas células do intestino, causando a ruptura dessas células e causando a morte da praga.

Por ser um processo muito seletivo, ele afeta somente a praga-alvo, e até então não apresentou nenhum risco a humanos e animais. Sendo aplicado corretamente, garante uma alta eficácia no controle dessa praga.

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