Fernando Simoni Bacilieri
Engenheiro agrônomo edoutorando em Produção Vegetal, ICIAG-UFU
Roberta Camargos de Oliveira
Engenheira agrônoma e doutora em Produção Vegetal, ICIAG-UFU
José Geraldo Mageste
Doutor e professor – Universidade Federal de Uberlândia (UFU)
Jeferson Oles
Engenheiro agrônomo
A produtividade da cultura do café é determinada pelo número de plantas por área, número de nós produtivos por plantas, número de frutos por nós e pelo tamanho e peso de frutos, ou seja, por componentes que podem ser favorecidos diretamente por meio de um bom manejo nutricional.
A necessidade nutricional do cafeeiro pode ser determinada pela quantidade de nutrientes que as plantas extraem durante todo seu ciclo. Esta extração total dependerá do rendimento obtido e da concentração de macro e microelementos nos grãos e nas partes que compõem a planta, ou seja, raiz, caule, folhas, etc.
Embora se encontrem disparidades na literatura com relação às quantidades de nutrientes absorvidas pelo cafeeiro, as quantidades médias de nutrientes exportados por 1.000 kg de grãos citadas por pesquisas são: 22,2 kg de nitrogênio (N), 3,2 kg de fósforo (P), 28,8 kg de potássio (K), 3,5 kg de cálcio (Ca), 3,3 kg de magnésio (Mg), 1,2 kg de enxofre (S), 5,7 g de zinco (Zn), 13,5 g de boro (B) e 16,8 g de cobre (Cu).
Fontes nutricionais
No solo, a eficiência de algumas fontes de fertilizantes convencionais pode ser muito baixa, como por exemplo, a ureia que sem incorporação e umidade no solo terá perdas de até 60% do N na forma de amônia por volatilização.
O K tem aproveitamento médio de 70%, sendo facilmente perdido em profundidade por lixiviação. Para o P o problema é ainda maior, pois este elemento pode ser fixado à fração mineral do solo e apresentar eficiência de apenas 20%.
Por outro lado, o uso de fontes orgânicas de nutrientes para adubação fica limitado pela disponibilidade de materiais de qualidade e em quantidade. Fontes como esterco de curral, por exemplo, chegam a ter recomendação para cultura do café de até 20 toneladas por hectare e podem ser inviáveis pelo frete e custo operacional da aplicação.
Os organominerais
Os fertilizantes organominerais são produtos originados da mistura física de fontes orgânicas com nutrientes minerais. De uma forma simplificada, podemos dizer que fertilizante organomineral é a mistura ou combinação de fertilizante orgânico com fertilizante mineral (N P K), ou mesmo que são adubos orgânicos enriquecidos com nutrientes minerais.
Sua produção é realizada partindo-se de uma ou mais matérias-primas orgânicas e a elas acrescentando-se macronutrientes primários e secundários, bem como micronutrientes, segundo as fórmulas e especificações desejadas.
Quando comparado o fertilizante organomineral ao uso de resíduos in natura, a primeira vantagem é que nos organominerais as fontes orgânicas passam por compostagem, eliminando água e tornando o adubo mais concentrado. Além disso, observa-se uma redução significativa nas perdas de nitrogênio pelo uso de fertilizante organomineral em relação à aplicação superficial de resíduos de suÃnos e aves.
Benefícios
Os principais benefícios esperados pela utilização de fertilizantes organominerais são em relação à eficiência no fornecimento de fósforo (P). Teoricamente, espera-se maior eficiência em função da presença de grande quantidade de ânions orgânicos nos grânulos de fertilizantes organominerais.
Estes ânions orgânicos competem pelos sÃtios de adsorção de P, abundantes em solos tropicais, reduzindo momentaneamente a fixação desse nutriente, favorecendo a absorção pelas plantas.
Espera-se ainda, aumento da atividade microbiana no entorno da área de aplicação do fertilizante organomineral devido ao fornecimento de energia para os microrganismos pela matéria orgânica contida no fertilizante.
Efeitos adicionais sobre o crescimento de raízes, promovidos por compostos orgânicos como aminoácidos presentes no fertilizante organomineral podem ocorrer, e essa é uma linha de pesquisa que merece especial atenção por parte dos órgãos de pesquisa.
EquilÃbrio garantido
Com o uso dos fertilizantes organominerais é possível ter uma adubação mais equilibrada devido aos mecanismos de disponibilização dos elementos no solo. Os compostos orgânicos apresentam decomposição e mineralização lenta, e assim fornecem os nutrientes às plantas de maneira gradual durante os diferentes estádios de desenvolvimento, enquanto que a fração mineral disponibiliza os nutrientes rapidamente, atendendo as necessidades nutricionais imediatas das culturas. Pode, em alguns casos, reduzir o número de adubações sem perder a eficiência do fertilizante.
Outra vantagem do uso de fertilizantes organominerais é que no processo de fabricação a mistura entre material orgânico e mineral permite colocar em um único grânulo todos os nutrientes para suprir a necessidade das plantas, permitindo realizar adubações e distribuir os nutrientes de forma mais homogênea nas áreas, o que é muito interessante, especialmente para micronutrientes que são exigidos em pequenas quantidades, e por isso são difÃceis de serem aplicados.