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Pedidos de recuperação judicial no agronegócio ainda são motivo de preocupação

Sindiveg alerta que excesso de solicitações pode gerar prejuízo à confiança e estabilidade de toda a cadeia produtiva, tanto antes quanto após a porteira

A indústria de insumos agropecuários, especialmente a de defensivos agrícolas, é historicamente um dos maiores financiadores de crédito para revendas, cooperativas e agricultores
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O alto número de pedidos de recuperação judicial (RJ) registrados em 2024 são motivo de preocupação para o Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Defesa Vegetal (Sindiveg). Segundo a Serasa Experian, nos primeiros nove meses do ano passado, 426 produtores rurais atuantes como pessoa física solicitaram a medida, mais de cinco vezes o total registrado no mesmo período de 2023. No caso dos produtores rurais que operam como pessoa jurídica, as solicitações quase triplicaram, saltando de 102 em 2023 para 299 em 2024 para o período. Entre as empresas de insumos, agroindústria e agrosserviços, os dados não são mais animadores, uma vez que a quantidade de recuperações judiciais foi de 227, com alta de 36,8% em relação a igual intervalo de 2023.

A indústria de insumos agropecuários, especialmente a de defensivos agrícolas, é historicamente um dos maiores financiadores de crédito para revendas, cooperativas e agricultores. Como mostra o Painel de Crédito do Sindiveg, consolidado pela Kynetec, em 2023, as empresas associadas financiaram cerca de R$ 29 bilhões para a compra de defensivos agrícolas, com 43% das vendas realizadas com prazos de recebimento superiores a 240 dias.

Neste cenário, o Sindiveg se preocupa com os prejuízos que o excesso de pedidos pode gerar à confiança e à estabilidade de toda a cadeia produtiva, tanto antes quanto após a porteira. A entidade entende que a recuperação judicial é uma ferramenta importante para que produtores e empresários em crise se reergam economicamente e retomem seus negócios, entretanto deve ser uma das últimas opções. O setor precisa encontrar um modelo de negócios sustentável, sem endividamentos excessivos ou riscos de crédito elevados para a cadeia.

Análise cuidadosa do cenário econômico

Apesar do aumento se comparado a 2023, a Serasa Experian registrou uma retração de 40,7% nos pedidos de recuperação judicial feitos pelo agronegócio no terceiro trimestre de 2024. Ainda assim, de acordo com o head de agronegócio da Serasa Experian, Marcelo Pimenta, uma análise cuidadosa é necessária, considerando o contexto econômico e sistêmico.

“É importante lembrar que a economia não costuma sofrer mudanças drásticas em períodos curtos. Acreditamos que houve um represamento no segundo trimestre, o que acabou inflando o número de solicitações e afetando a comparação com o período seguinte. O ideal é que continuemos a monitorar os próximos meses para obter conclusões mais precisas”, alerta Pimenta.

Os pedidos de recuperação judicial por produtores “pessoa física” caíram 50,4%, os de “pessoas jurídicas” tiveram uma retração de 23,9% e as empresas do setor registraram uma queda de 40,4%. O profissional avalia que 2024 foi um ano difícil, destacando que a crise é reflexo de pelo menos dois a três anos de preços baixos das principais commodities.

“Houve um aumento significativo nos custos em 2022, o que gerou problemas nas renegociações, atrasos e até a não utilização de defensivos em alguns cultivos. Neste ano, os problemas climáticos também resultaram em perdas significativas em várias áreas produtivas. A combinação desses fatores fez com que muitos produtores, que antes tinham margens de 25%, 35%, até 50%, enfrentassem sérias dificuldades. Essas margens, em muitos casos, caíram para 10%, 15%, impactando diretamente a capacidade de pagamento”, detalha.

Quanto à real necessidade das recuperações judiciais em 2024 ou se foram usadas como uma estratégia para renegociar dívidas, Pimenta comenta que, segundo análise da Serasa Experian, a maioria dos produtores já enfrentava dificuldades para honrar seus compromissos e renovar seus créditos. Com a crise, os credores adotaram critérios mais rigorosos, liberando menos crédito e exigindo mais garantias. Dessa forma, os produtores foram os primeiros a sofrer com essa mudança e recorreram à recuperação judicial.

Atenção redobrada à taxa Selic

Análises e projeções para o ano apontam um cenário de maior risco, com a taxa Selic elevada, o que indica que o mercado deve enfrentar restrição de crédito e juros mais altos. Neste cenário, como analisa o head, 2025 será um período desafiador, mesmo com sinais de recuperação dos preços das commodities. Segundo Pimenta, a velocidade de crescimento desses pedidos deve diminuir, mas ainda se mantendo no patamar de 2024.

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