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Pragas do quiabeiro exigem atenção

As principais pragas que afetam o quiabeiro exigem atenção constante dos agricultores, pois os danos que causam podem reduzir significativamente a qualidade e a quantidade da produção.

Fotos: Fábio Reis

Ramon Ivo Soares Avelar
ramon.avelar@epamig.br
Fábio Oseias dos Reis Silva
fabio.silva@epamig.br
Doutores, professores e pesquisadores – ITAP/Epamig de Pitangui (MG)
ramon.avelar@epamig.br
Lucas Fagundes da Silva
Doutor, professor e pesquisador – Epamig de Maria da Fé (MG)
lucas.fagundes@epamig.br

Os consumidores têm observado um aumento no preço do quiabo em feiras e mercados nos últimos anos. Parte desse aumento se deve ao crescimento dos custos de produção, causado pelo ataque de pragas e doenças em desequilíbrio populacional.

As temidas pragas

O quiabeiro é suscetível a diversas pragas que atacam a planta em diferentes estágios de desenvolvimento. Dessa forma, o produtor precisa estar atento aos principais danos, pois a produtividade do quiabeiro pode ser severamente comprometida devido à ocorrência de pragas na lavoura.

Entre as insetos-pragas que afetam o quiabeiro, destacam-se aquelas que atacam folhas, hastes, flores e frutos, como mosca branca, pulgões, ácaros, tripes, lagartas (como Helicoverpa e lagarta-rosada), cigarrinha-verde e vaquinha.

Insetos-praga desfolhadores

Desfolhadores, como as lagartas e a vaquinha, são favorecidos pela presença de plantas hospedeiras próximas ao cultivo, que criam um ambiente propício para a migração das pragas para o quiabeiro, através do fenômeno conhecido como ponte verde.

Além disso, formigas cortadeiras, como a quém-quém e a saúva, podem causar desfolha rápida e severa, especialmente quando não são adotadas medidas de controle preventivas.

Sugadores e vetores de doenças

A mosca-branca e pulgão são umas das pragas que mais afetam o quiabeiro, com danos diretos e indiretos que reduzem significativamente a produção e qualidade dos frutos. Essas pragas sugadoras de seiva são especialmente perigosas porque, além dos danos diretos às folhas, são vetores de viroses que deformam e enfraquecem as plantas.

O controle dessas pragas é desafiador devido à sua rápida reprodução e à resistência a alguns inseticidas.

A mosca-branca (Bemisia tabaci) é uma das pragas mais prejudiciais ao quiabeiro. Esses pequenos insetos sugam a seiva das folhas, o que pode levar ao murchamento e queda prematura das folhas. Além dos danos diretos, a mosca-branca é um vetor de viroses, como o vírus do mosaico-amarelo, que causa a deformação das folhas e afeta gravemente o crescimento e a produção do quiabeiro

O pulgão (Aphis gossypii) é outra praga sugadora que ataca o quiabeiro. Também conhecido como pulgão-do-algodoeiro, adultos e ninfas desse inseto se concentram nas partes mais jovens da planta, preferencialmente face inferior das folhas do quiabeiro ou em brotações novas e flores, onde formam colônias numerosas e causam enrugamento e distorção das folhas.

O pulgão alimenta-se da seiva da planta e também é vetor de viroses, o que agrava os problemas causados.

O tripes (Frankliniella schultzei) é um inseto difícil de ser identificado a olho nu, sendo necessária a lupa para auxiliar a visualização. Os danos causados na folha pelo inseto na fase adulta permitem a sua detecção, com a planta apresentando danos na folha como se tivesse raspado a região e com tonalidade prateada, característico do ataque de F. schultzei. O inseto ataca as partes mais tenras das plantas, tais como folhas jovens, brotações novas e flores.

Fotos: Fábio Reis

As ninfas e adultos da cigarrinha verde (Empoasca kraemeri) atacam a parte inferior das folhas do quiabeiro, sugando a seiva da planta para se alimentar. Os sintomas são muito semelhantes à ocorrência de viroses, causados a partir da injeção toxinas na planta durante a alimentação do inseto.

Ácaros

O quiabeiro pode ser atacado por diferentes espécies de ácaros, como o ácaro-rajado Tetranychus urticae, o ácaro-vermelho T. ludeni, o ácaro-verde Mononychellus planki, o ácaro-branco Polyphagotarsonemus latus e o ácaro-da-erinose Aceria esculenti.

São encontrados principalmente na face abaxial das folhas (parte inferior), onde depositam seus ovos e se alimentam. Os ácaros aumentam sua população no quiabeiro em condições secas e quentes, especialmente em áreas com adubação excessiva, falta de cobertura do solo, proximidade de estradas vicinais e uso inadequado de inseticidas piretroides e neonicotinoides.

As injúrias caracterizam-se pela clorose generalizada das folhas, com a manutenção das nervuras verdes. Um sinal típico da ocorrência de ácaros é a presença de teia envolvendo uma ou várias folhas, que acarreta na queda acentuada e prematura de folhas. O ataque de ácaros pode levar à morte das plantas, mediante ataques intensos.

Pragas que danificam o sistema radicular

Pragas que atacam o sistema radicular e o caule, como o pulgão-da-raiz, a lagarta-rosca e a broca-da-raiz, são comuns no quiabeiro em épocas ou regiões chuvosas e quentes, podendo causar mortalidade significativa das plantas de quiabo após o plantio do quiabo.

A lagarta-rosca (Agrotis ipsilon) é uma praga que ataca as mudas de quiabeiro, cortando as plantas ao nível do solo durante a noite. Este dano pode resultar na morte das plantas jovens, causando falhas na plantação. Em infestações severas, a necessidade de replantio pode elevar os custos de produção e prolongar o ciclo da cultura, impactando a lucratividade.

A broca da raiz (Eutinobothrus brasiliensis) é um inseto que se alimenta do colo e da raiz da planta, realizando galerias. Os danos iniciais são a murcha e a seca das folhas, com consequente morte da planta.

A vaquinha (Allocolaspis brunnea) é uma praga considerada de grande importância para o quiabeiro, pois ataca diferentes partes da planta. As larvas dessa vaquinha vivem no solo, alimentando-se das raízes e os adultos se alimentam das folhas, causando dobramento e secamento do limbo foliar.

Os nematoides das galhas (Meloidogyne spp.) são microrganismos que atacam as raízes do quiabeiro, causando o aparecimento de galhas e comprometendo o sistema radicular. Isso leva à redução da absorção de água e nutrientes, resultando em plantas fracas e de baixo rendimento.

Além disso, as galhas podem servir como porta de entrada para outros patógenos do solo, complicando o manejo da cultura. São mais comuns em solos mais arenosos em áreas de cultivo sucessivos.

Manejo adequado

O manejo integrado dessas pragas é essencial para minimizar os impactos negativos na produção. A combinação de métodos de controle biológico, práticas culturais adequadas e o uso criterioso de defensivos agrícolas é fundamental para manter o quiabeiro saudável e produtivo.

A atenção constante e o monitoramento das lavouras são imprescindíveis para detectar as pragas precocemente e agir de forma eficaz, evitando grandes perdas e garantindo uma colheita de qualidade.

Devido à suscetibilidade do quiabeiro e ao elevado número de espécies consideradas pragas, é fundamental que os métodos para manejo integrados de pragas sejam selecionados com base em parâmetros técnicos (eficácia), econômicos (maior lucro), ecotoxicológicos (preservação do ambiente e da saúde humana) e sociológicos (adaptabilidade do produtor).

 Os métodos culturais mais importantes para manter as pragas abaixo do nível de dano econômico são: rotação de culturas, uso de cobertura morta e métodos que melhoram as condições do solo, como aração e gradagem. Barreiras físicas entre propriedades e talhões são importantes para reduzir a migração de pragas para o quiabeiro.

Deve ser priorizado o uso de inimigos naturais das pragas, como predadores, parasitoides e entomopatógenos, para reduzir a população de pragas. Evitar o uso de inseticidas sintéticos. Embora recomendado com frequência, muitos destes inseticidas afetam a população dos inimigos naturais já existentes no local.

Controle biológico

Assim como existem os métodos de controle químicos que são comumente utilizados na cultura do quiabeiro, os métodos de controle biológicos e/ou os alternativos têm ganhado bastante força no mercado, graças aos bons resultados apresentados na lavoura.

Atualmente, para o controle das pragas do quiabeiro, os produtos biológicos mais utilizados são Bacillus thuringiensis, Metarhizium anisopliae e Beauveria bassiana.

Estudos demonstram que o número de ovos de Meloidogyne spp reduziram com a aplicação de Paecilomyces lilacinus. Além disso, o número de juvenis de segundo estádio do nematoide foi reduzido quando as sementes foram tratadas apenas com B. subtilis.

De acordo com as pesquisas, a combinação de ambos os produtos biológicos foi eficiente na redução da população de juvenis de 2º estádio e ovos de Meloidogyne spp. no solo. Dessa forma, fica claro que a utilização de nematicidas biológicos pode favorecer o bom desenvolvimento dos quiabeiros, como foi observado na pesquisa citada.

Especificidades

Cada produto biológico tem funções específicas que podem favorecer as plantas cultivadas e reduzir a população das pragas desde que sejam utilizados de forma adequada, como por exemplo, o Bacillus subtilis cria um biofilme ao redor da rizosfera da planta protegendo as suas raízes.

Por outro lado, sabe-se que Trichoderma pode liberar substâncias no solo que combatem e combate contra o ataque dos nematoides em quiabeiro. Dessa forma, é importante o produtor fazer uso dessas substâncias para melhorar o ambiente em que a planta está sendo cultivada para reduzir as adversidades que podem afetá-la.

Além disso, vale ressaltar que o controle biológico natural é muito importante para redução de determinadas pragas como por exemplo pulgões e ácaros que podem ser controlados naturalmente pelas joaninhas.

Uma outra praga comumente encontrada nas lavouras de quiabo é a Helicoverpa armigera e seu controle pode ser feito manualmente coletando-se a larva e o tecido da planta afetado. Adicionado a isso, é recomendado fazer o controle biológico dessa praga com a aplicação do Bacillus thuringiensis.

 A mosca-branca também causa grandes problemas na cultura sendo preconizada a liberação de 5.000 – 10.000 ovos/ha de Chrysoperla spp, três vezes a cada 15 dias após o primeiro sinal da presença da mosca-branca na lavoura.

Embora essa seja uma recomendação comprovada, é importante considerar a região, o clima e a flutuação populacional da praga, por isso, é fundamental o seu monitoramento por meio de armadilhas adesivas e delta.

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