As chuvas registradas no Rio Grande do Sul nos últimos dias ajudam muito na perspectiva de mudança para um cenário mais favorável na pecuária, mesmo não sendo, ainda, algo consolidado para todo o estado. Ainda há regiões com pouca chuva ou nenhuma. Contudo, os pecuaristas trabalham com um momento de baixa de preços, o que não traz alento. Especialistas alertam, porém, que a crise é a melhor oportunidade para investimentos futuros.
Para Davi Teixeira, sócio fundador e diretor da SIA, Serviço de Inteligência em Agronegócios, é agora que os criadores devem pensar na compra de terneiras. Ele afirma que em um ciclo de um a dois anos estes animais comprados agora estarão prontos para a venda, com ágio e mais valorizados. “O mercado que aparentemente é de crise, porque, na verdade, é de baixa com os preços reduzidos em todas as categorias da pecuária, pode ser encarado como uma oportunidade de investir, pois está bom para comprar”, explica Teixeira.
O especialista deixa claro, contudo, que até mesmo para isso é preciso organização por parte do produtor. “Não adianta aproveitar esta parte da oportunidade por preços se as coisas não estiverem organizadas dentro da propriedade com a questão, sobretudo, da alimentação a que estes animais serão submetidos”, alerta. Ou seja, é preciso este planejamento para que, assim que o animal esteja dentro da propriedade, ele tenha acesso à comida de qualidade e quantidade suficiente para poder performar. “Este período em que estiverem dentro da fazenda, os animais precisam estar produzindo, ganhando peso, se desenvolvendo para que no momento da venda, que pode se dar daqui a seis, 12, 18 ou 24 meses, que é quando a gente espera um período de preços melhores, eles também estejam com desenvolvimento adequado, com peso maior e bem apresentados, ensina Davi Teixeira.
Ao se referir às pastagens de inverno, o diretor da SIA destaca que, mesmo com a crise hídrica ainda não tendo se dissolvido pelas recentes chuvas, elas já servem para germinação naquelas áreas de integração lavoura pecuária, em que há implementação de pastagens de azevém ou aveia, e que ocorrem no outono. “Em poucos dias, com as chuvas que estão vindo agora, espera-se o cenário de enxergar o pasto de inverno já nascendo, podendo fazer uma aplicação de nitrogênio para potencializar estas áreas, daí sim existe essa expectativa de mudança”, diz Davi Teixeira. Ele ressalta que não se trata do fim da estiagem que os problemas estão resolvidos para o inverno. Teixeira complementa que a perspectiva passa a ser positiva para os próximos ciclos somando-se a retomada das chuvas e os atuais preços favoráveis ao investimento futuro com a compra de gado hoje.