Os fosfitos ativam os mecanismos de defesa e produzem fitoalexinas, substâncias naturais de autodefesa que conferem resistência contra fitopatógenos, entre eles, a antracnose
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Fabiano Pacentchuk
Engenheiro agrônomo, mestre em Produção Vegetal e doutorando em Agronomia – Universidade Estadual do Centro-Oeste (UNICENTRO)
Margarete KimieFalbo
Médica veterinária, doutora e professora do curso de Medicina Veterinária ” UNICENTRO
ItacirEloiSandini
Engenheiro agrônomo, doutor e professor do curso de Agronomia ” UNICENTRO
A cultura do feijão é de extrema importância para o Brasil, visto que representa um dos componentes base na nossa alimentação. Por ser um alimento rico em proteína (20 a 25%), ferro e aminoácidos como a lisina, fazem uma dobradinha perfeita com o arroz.
Essa cultura é cultivada em três safras e em praticamente todo o território nacional, logo, pode ser encontrada o ano todo e nos mais diversos tipos de condições edafoclimáticas.
Segundo a Conab, o feijão de primeira safra deverá ter redução de 11,2% na área em relação à safra passada, refletindo numa produção de 1,21 milhão de toneladas, sendo 764,1 mil toneladas de feijão-comum cores, 315,8 mil toneladas de feijão-comum preto e 128,5 mil toneladas de feijão caupi.
A produtividade média nacional foi de pouco mais de 1.000 kg ha-1, todavia, em algumas regiões, com o uso intensivo de recursos e tecnologia, é possível encontrar produtividades superiores a 2.500 kg ha-1. Logo, pode-se inferir que a produção desta cultura está muito aquém do potencial produtivo. Assim sendo, necessita-se entender quais são os fatores que mais limitam a produtividade desta cultura.
Dentre esses fatores, pode-se destacar a grande variabilidade de solos e clima em que o feijão é cultivado e as práticas fitotécnicas e fitossanitárias. O manejo de doenças é um dos fatores que mais interfere na produtividade desta cultura, sendo que o potencial de perda, se as doenças não forem bem manejadas, pode superar 80%.
Problemas fitossanitários e indução de resistência
As doenças que causam mais problemas para a cultura do feijão são: antracnose (Colletotrichumlindemuthianum), ferrugem (Uromycesappendiculatus), mancha angular (Isariopsisgriseola), mofo branco (Sclerotiniasclerotiorum), dentre outras.
Logo, o manejo das doenças se mostra um dos principais desafios da produção de feijão no Brasil. Uma das formas alternativas para controle de doenças em plantas é fazer com que a mesma produza substâncias que induzam a defesa, ou seja, após ser tratada com um composto indutor a planta produz respostas morfológicas, fisiológicas e bioquímicas que podem retardam o processo infeccioso e o desenvolvimento da doença em seus tecidos (Agrios, 2005).
A indução de resistência consiste no aumento da capacidade de defesa da planta contra amplo espectro de organismos fitopatogênicos, incluindo fungos, bactérias e vírus (Van Loon1997; Oliveira et al., 1997).
De acordo com Dallagnol et al. (2006), a indução de resistência em plantas pode ser definida como a capacidade da planta em se defender contra fitopatógenos, após um estímulo apropriado. Isso envolve a ativação de mecanismos de defesa latentes, existentes nas plantas, em resposta ao tratamento com agentes elicitores, os quais são capazes de ativar mecanismos de defesa na planta, protegendo-a contra infecções subsequentes por patógenos (Stangarlinet al., 1999).
Outra maneira é manejar corretamente a nutrição mineral, que pode diminuir ou aumentar a predisposição da planta ao ataque de patógenos. As interações entre os nutrientes e suas funções peculiares nas plantas são complexas, de modo que estes podem atuar direta ou indiretamente na ativação de mecanismos de defesa (Vieira et al., 2010).
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Nutrição x desenvolvimento vegetal
O estado nutricional da planta tem relação direta com seu crescimento e desenvolvimento, além de ser considerado um dos principais fatores responsáveis pelos mecanismos de defesa em relação aos fatores bióticos (patógenos e insetos-pragas) (Colhoum, 1973).
Uma das alternativas para induzir a produção de substâncias de defesa das plantas e ainda fornecer nutrientes é por meio da aplicação de fosfitos (Pacentchuk, 2016). Muitas doenças podem ser controladas pela integração dos efeitos específicos dos nutrientes minerais com as práticas culturais que os influenciam, juntamente com a resistência genética, cuidados sanitários e controle químico.
Os fosfitos
Fosfito é o nome genérico que se dá aos sais do ácido fosforoso (H3PO3). Este ácido é conhecido na química por uma característica interessante: um dos átomos de hidrogênio de sua molécula não tem função de ácido. Este composto é considerado um fertilizante. O Ãon fosfito tem aproximadamente 7,0% a mais de fósforo por molécula que o fosfato.
Segundo Dalio et al. (2012), essas substâncias possuem modo de ação duplo no controle de doenças, podendo agir de forma direta sobre os patógenos, ou indiretamente, induzindo respostas de defesa.
De rápida absorção, o fosfito é responsável por induzir a síntese de alguns compostos do metabolismo secundário das plantas, como fitoalexinas e compostos fenólicos simples, os quais estão relacionados aos mecanismos de defesa dos vegetais (Daniel; Guest, 2006).
Os fosfitos, quando aplicados em determinados patossistemas, podem ser capazes de ativar mecanismos de defesa e produzir fitoalexinas, substâncias naturais de autodefesa que conferem resistência contra fitopatógenos (Nojosa et al., 2005).
Ainda, apresentam alta solubilidade em água e em solventes orgânicos e são absorvidos mais rapidamente por raízes e folhas do que os fosfatos (Blumet al. 2006; Blum2008). Apresentam ação sistêmica e atuam reduzindo fortemente o crescimento micelial, a formação de esporângios e a liberação de zoósporos.