Luíz Guilherme Malaquias da Silva
Cientista de Alimentos e doutorando em Ciência dos Alimentos – Universidade Federal de Lavras (UFLA)
lg.malqs@gmail.com
Carlos Alexandre Rocha da Costa
Tecnólogo de Alimentos e doutorando em Ciência dos Alimentos – UFLA
alexandre.vitae@gmail.com
Giovanni Aleixo Batista
Engenheiro de Alimentos e mestrando em Ciência dos Alimentos – UFLA
giovannialeixob@gmail.com
Os principais sistemas de irrigação utilizados na cultura das uvas de mesa incluem o gotejamento, devido à sua eficiência hídrica, aplicando água diretamente nas raízes e reduzindo a evaporação e a incidência de doenças; a aspersão, que distribui água através de aspersores, embora menos eficiente em climas quentes; a irrigação por superfície, que utiliza a gravidade, mas pode causar erosão do solo; e a irrigação por microaspersão, que combina características dos outros sistemas.
A escolha do sistema impacta significativamente a produtividade, pois métodos mais eficientes, como o gotejamento, garantem menor desperdício de água e melhor desenvolvimento das raízes, além de reduzir a umidade excessiva, que pode favorecer doenças, resultando em uvas de melhor qualidade em termos de tamanho e teor de açúcar.
Planejamento da irrigação
O planejamento da irrigação para as videiras de mesa deve ser sistemático. Primeiramente, é essencial realizar uma análise do solo para determinar sua textura, capacidade de retenção de água, drenagem e fertilidade, o que ajudará a definir a frequência e a quantidade de água a ser aplicada.
Vale ressaltar que terrenos bem drenados e locais ventilados evitam o excesso de umidade próximo às folhas. Posteriormente, é preciso avaliar as condições climáticas, como temperatura, umidade relativa e precipitação, que influenciam a evapotranspiração e a necessidade hídrica das plantas.
Calendário de irrigação
A definição de um calendário de irrigação deve ser baseada em monitoramentos regulares da umidade do solo, utilizando sensores ou métodos tradicionais para garantir que as videiras recebam a quantidade adequada de água, evitando tanto o estresse hídrico quanto o excesso de umidade.
Além disso, o planejamento deve ser ajustado ao longo do ciclo da cultura, especialmente em fases críticas, como floração e frutificação, onde a demanda hídrica é maior.
Dicas importantes
O manejo adequado da água é crucial para o desenvolvimento saudável das uvas de mesa, pois influencia diretamente a qualidade da fruta. Um fornecimento hídrico balanceado garante o crescimento uniforme das plantas, promovendo a formação de frutos de melhor tamanho, textura e sabor.
Além disso, a irrigação controlada reduz o estresse hídrico, minimizando a ocorrência de doenças e promovendo a acumulação adequada de açúcares, o que resulta em uvas de melhor qualidade para consumo.
Atenção ao sistema radicular das videiras
Os produtores devem considerar a profundidade e a extensão do sistema radicular das videiras, que geralmente se desenvolve em camadas de solo superiores e pode atingir profundidades consideráveis.
A capacidade de retenção de água e a aeração do solo são igualmente importantes, pois um solo compactado pode limitar o crescimento das raízes e a absorção de nutrientes. Conhecer o comportamento do sistema radicular em relação à irrigação permite um manejo mais eficiente, evitando tanto a subirrigação quanto a superirrigação.
Manejo de água + nutrientes
A integração entre o manejo de água e de nutrientes via irrigação, como a fertirrigação, pode otimizar o crescimento e a produtividade das uvas de mesa. A aplicação simultânea de água e nutrientes garante que as plantas tenham acesso contínuo aos elementos essenciais, promovendo uma absorção mais eficiente e reduzindo o desperdício de insumos.
Essa prática também minimiza o estresse hídrico e nutricional, resultando em um crescimento mais vigoroso e uma maior produtividade.
Cuidados
Diferentes abordagens podem ser utilizadas para definir a quantidade de água a ser utilizada. A norma da PI-Uva sugere o manejo da irrigação utilizando a metodologia “via clima”, que envolve a estimativa da demanda hídrica da cultura com base na evapotranspiração de referência e nos coeficientes de cultura específicos para a videira na região de cultivo.
Essa técnica ajuda a garantir que as videiras receberão a quantidade adequada de água, otimizando seu desenvolvimento e produtividade. Para evitar problemas como a salinização do solo e a podridão das raízes, os produtores devem monitorar os níveis de salinidade no solo por meio da coleta anual de amostras até a profundidade efetiva do sistema radicular da videira, que varia entre 40 e 60 cm.
Amostra e drenagem do solo
Recomenda-se realizar pelo menos uma amostra a cada cinco hectares. Essa prática ajuda a identificar problemas de salinidade que podem afetar a saúde das plantas e, consequentemente, a produtividade da cultura.
A drenagem eficiente do solo é fundamental para evitar o acúmulo de água e a saturação, que favorecem a podridão das raízes. Além disso, é importante realizar a rotação de culturas e a adição de matéria orgânica para melhorar a estrutura do solo e a sua capacidade de retenção.
Tecnologia a favor da irrigação
Sensores de umidade permitem um controle preciso da irrigação, ajustando a aplicação de água às necessidades reais das plantas, o que evita desperdícios e estresses hídricos. Além disso, o acompanhamento das condições climáticas, como temperatura e umidade relativa, permite prever a evapotranspiração, facilitando a programação das irrigações de forma mais eficaz. Esse manejo integrado resulta em um plantio mais sustentável e produtivo.