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Abrapa e Aprosoja no combate à mancha-alvo

O combate à mancha-alvo tem mobilizado a Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) e a Associação Brasileira dos Produtores de Soja e Milho (Aprosoja Brasil). As entidades organizaram um dia de campo para discutir o problema que deixou de ser secundário e se tornou uma preocupação significativa para os produtores de soja e algodão.

O evento, realizado na Estação Experimental da Staphyt, em Formosa (GO), reuniu técnicos do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), representantes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Embrapa, além de especialistas e pesquisadores independentes.

Na abertura do evento, o consultor da ABRAPA, Edivandro Seron, fez uma introdução falando um pouco sobre o trabalho e a representatividade da ABRAPA, onde 99% de todo o algodão brasileiro exportado passa pelos produtores associados à entidade. Isso aumenta ainda mais a preocupação com o enfrentamento de doenças como é o caso da mancha-alvo.

Durante a visita aos experimentos conduzidos pelo pesquisador Nédio Tormem, os participantes puderam observar os sintomas da mancha-alvo e discutir estratégias eficazes de combate à doença com outros especialistas do tema. As condições climáticas favoráveis ao desenvolvimento do fungo têm impactado as culturas de soja e algodão, resultando em prejuízos à produtividade das lavouras. Os fungos responsáveis pela mancha-alvo são agressivos e difíceis de controlar devido à sua variabilidade genética.

Para os participantes do dia de campo, ficou claro que é crucial esse tipo de discussão sobre problemas fitossanitários que afetam os produtores, dada a importância da integração entre os diferentes setores da agricultura para enfrentar desafios comuns. O controle de doenças exigirá o envolvimento de todos os agentes, tanto da iniciativa privada quanto do governo. A troca de informações e experiências contribui para a formulação de estratégias eficientes, sempre visando garantir a segurança alimentar e a sustentabilidade da produção de alimentos no Brasil.

As explicações técnicas fornecidas pelo pesquisador Nédio Tormem no campo da Staphyt permitiram observar os ciclos da doença nas lavouras, os danos severos que podem ser causados e os tratamentos disponíveis, incluindo produtos e opções para o manejo.

Segundo o pesquisador da Staphyt, a visita ao campo experimental possibilitou avaliar a eficácia de diferentes fungicidas no controle da mancha-alvo, tanto misturas já registradas e disponíveis no mercado quanto uma nova combinação diferenciada, com foco no controle do complexo de manchas.

Após a parte prática no campo experimental, a equipe ainda participou de um debate sobre a mancha-alvo, com um grupo seleto e focado em buscar soluções.

Manejo integrado como estratégia   

O pesquisador da Embrapa Cerrados, Sergio Abud, foi um dos palestrantes e destacou como a mancha-alvo passou de uma doença secundária para uma grande preocupação nas lavouras, trazendo dados detalhados sobre o complexo de doenças e enfatizando os principais fatores que reduzem as perdas de produtividade. Ele ressaltou a importância do manejo fitossanitário integrado, manejo integrado de pragas e fisiologia de produção como ferramentas essenciais para maximizar os componentes de rendimento.

Para Abud, não se pode depender apenas de fungicidas para o controle das doenças. Não existe uma resposta única. É fundamental considerar fatores como genética, palhada, datas de plantio e escolha adequada de fungicidas, além de utilizar a tecnologia de aplicação correta.

O fungo Corynespora cassicola, responsável pela doença, pode sobreviver por mais de uma safra no solo, em restos culturais de plantas hospedeiras e em sementes infectadas. Essa preocupação foi destacada pelo assessor técnico da Aprosoja, Leonardo Minaré, que ressaltou o aumento dos custos para os agricultores devido à sensibilidade crescente das cultivares à doença.

Edivando Seron, consultor da ABRAPA, também expressou a preocupação do setor produtivo com os danos severos causados pela mancha-alvo, que resultam em desfolha precoce e prejuízos significativos em termos de produtividade e qualidade da fibra, no caso do algodão.

José Victor Torres, coordenador-geral de agrotóxicos e afins do Ministério da Agricultura, classificou o dia de campo como um “evento emergencial” em relação à mancha-alvo, pela análise técnica das demandas, especialmente neste ano, quando o ministério estará empenhado na regulamentação da nova lei de agrotóxicos.

Carlos Alexandre, especialista em vigilância sanitária da Anvisa, informou que o órgão trabalha em parceria com o Mapa e considera eventos como este de suma importância para ampliar o debate sobre os problemas fitossanitários que preocupam o campo.

Já Paulo Queiroz, consultor da Blink Projetos Estratégicos, abordou as megatendências no campo, destacando os desafios das principais doenças nos cultivos de soja e algodão, enfatizando a necessidade de soluções integradas e de longo prazo, dada a escassez de novas moléculas e o tempo e investimento.

“Com estimativas de que a mancha-alvo vai liderar em severidade e dano nos próximos dez anos, é evidente que o enfrentamento desse desafio exigirá esforços coordenados e uma abordagem multifacetada para garantir a segurança e a sustentabilidade da produção agrícola no Brasil”, pontuou Queiroz.

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