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A influência dos fenômenos climáticos na agropecuária

El Niño e La Niña agem de maneira oposta trazendo chuva e seca em plantações de diferentes regiões do Brasil

Felipe Jordy, coordenador de inteligência e consultoria da Biond Agro
Divulgação

O El Niño é caracterizado pelo aumento da temperatura das águas na região equatorial do oceano Pacífico, já o La Niña age gerando a diminuição dessa temperatura na mesma área. Esses dois fenômenos climáticos têm um impacto significativo nos padrões globais de temperatura e precipitação.

No Brasil, o El Niño costuma causar secas nas regiões Norte e Nordeste, enquanto o La Niña tende a trazer chuvas para essas áreas. No Sul do Brasil, o El Niño está associado a um aumento no volume de chuvas, enquanto o La Niña resulta em uma redução das precipitações.

Neste ano, o acontecimento do El Niño, somado a mudanças climáticas severas, gerou um aumento incomum do volume de chuvas na região sul do país, causando graves inundações que devastaram lavouras, comprometendo negócios e gerando incertezas referente a agropecuária do Rio Grande do Sul. 

“Esses efeitos climáticos extraordinários estão mudando as diretrizes de controle do agro; uma coisa que no passado era esperada ou previsível, hoje, já não pode ser mais prevista ou entendida” comenta Felipe Jordy, líder de inteligência e assessoria comercial da Biond Agro.

A chegada da La Niña no Brasil

Segundo dados do NOAA (Administração Oceânica e Atmosférica Nacional dos EUA), A La Niña pode se desenvolver entre junho-agosto, tendo 49% de chance de acontecer; ou julho-setembro, com uma probabilidade maior, 69% de chance. Entre setembro e outubro, início do plantio da safra verão, as chances já ultrapassam 80%. As projeções do órgão apontam para uma intensidade de fraca a moderada do fenômeno climático, por ora.

Numa análise extensa, desde a safra de 76/77, até a safra atual, 23/24, é possível identificar que o padrão El Niño e La Niña impactam diretamente na produtividade de soja do país, seja na média geral do país ou regional.

Em anos de La Niña, de intensidade fraca ou forte, o país tem uma vantagem produtiva em comparação aos anos anteriores, mesmo com possíveis penalidades ao Sul.

“Dada a presença da La Niña, entidades e fontes do mercado já  esperam uma melhor produtividade no Brasil, especialmente no Centro-Oeste, onde na safra 23/24 houve uma quebra superior a 16%, frustrando as expectativas iniciais que superaram os 160 milhões de toneladas de soja. Números acima das primeiras projeções para o ciclo atual já são esperados para a safra futura, a 24/25. Apesar das primeiras projeções, é importante citar que muitas coisas podem e devem acontecer, desde a definição do potencial produtivo nos EUA, que altera as cotações de Chicago e consequentemente a rentabilidade do produtor Brasileiro, até as definições de área e investimento no Brasil”, diz Jordy.

Como gerenciar o agro diante dos fenômenos climáticos?

O acompanhamento climático é fundamental para o setor agropecuário por diversas razões. Ele permite um planejamento agrícola mais eficiente, onde os agricultores podem tomar decisões informadas sobre o melhor momento para plantar, colher, aplicar fertilizantes e defensivos, otimizando o uso de recursos e maximizando a produtividade da fazenda.

Além disso, a previsão de eventos climáticos extremos, como secas, geadas, tempestades e enchentes, possibilita a adoção de medidas preventivas para proteger lavouras e rebanhos, reduzindo perdas significativas. Os dados climáticos também são essenciais para a gestão eficiente da água, ajustando a irrigação com base na previsão de chuvas e evitando tanto o desperdício de água quanto a escassez hídrica.

O conhecimento das condições climáticas esperadas também facilita a escolha de cultivares mais adequadas, melhorando a resistência das plantas e a produtividade. Do ponto de vista financeiro, entender as tendências climáticas ajuda os produtores a planejar, ajustar orçamentos, prever rendimentos e gerenciar riscos, o que é particularmente importante para obter financiamentos e seguros agrícolas.

“Nosso papel é gerenciar riscos, especialmente porque o clima pode afetar diretamente a oferta e a demanda, influenciando os preços no mercado. Acompanhamos atentamente as condições climáticas para que os produtores possam planejar suas ações, aproveitando as mudanças nos preços e ajustando suas estratégias de comercialização de maneira eficaz”, finaliza o especialista.

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