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Lithothamnium: fonte nobre para os microrganismos do solo e plantas

Ricardo Macedo
Doutor em Ciências e pesquisador – Primasea
Tarcísio Cobucci
Doutor em Fitotecnia e pesquisador – Integração Agrícola
cobuccitarcisio@gmail.com

O termo Lithothamnium corresponde a um grupo de algas marinhas (do filo Rhodophyta e ordem Corallinales) com grande capacidade de acumular nutrientes entre suas paredes celulares.

Após completar seu ciclo de vida, torna-se um sedimento bioclástico marinho (SBM) de algas composto por alta concentração de minerais, como cálcio e magnésio, além de aminoácidos necessários aos processos fisiológicos vitais de animais e plantas.

A estrutura em forma de ‘favo de mel’ e de alta porosidade do Lithothamnium garante biodisponibilidade de seus nutrientes orgânicos e quelatados, o que resulta em melhor absorção pelos animais e fácil assimilação pelas plantas.

Além disso, proporciona um ambiente especial para microrganismos no solo. Portanto, o Lithothamnium se caracteriza por ser de origem natural e orgânico, que agrega valor aos produtos a partir dele fabricados, para nutrição animal e vegetal. O significado da palavra vem do grego Litho = pedra e thamnium = pequena árvore.

Microrganismos no solo e nutrição de plantas

Os microrganismos constituem a fração viva dos solos e são responsáveis pelas inúmeras transformações, ciclagens, estruturações, fertilidade, entre outros fatores que permitem o estabelecimento da vida vegetal sobre a terra.

Além do solo, é importante também ressaltar a microrregião ao redor das raízes, a rizosfera, onde se concentram as maiores quantidades de microrganismos devido à oferta de substâncias que as plantas liberam e servem de alimento para a biota que, por sua vez, estabelece uma importante interação com as plantas e traz diversos benefícios para elas.

Os microrganismos do solo e da rizosfera são negativamente afetados por fatores do ambiente, como altas temperaturas e baixa umidade no solo, além de alguns insumos agrícolas, como fertilizantes, que acidificam e salinizam, e os defensivos químicos, provocando desequilíbrios na vida do solo com o tempo.

Dessa forma, nos últimos anos vem crescendo expressivamente no Brasil a utilização de insumos agrícolas contendo microrganismos, tanto para reposição microbiana como para a introdução de microrganismos para ações específicas, como a fixação biológica de nitrogênio do ar (FBN), controle de pragas e doenças, promoção de crescimento da planta, entre outras.

No entanto, estes microrganismos também são vulneráveis aos efeitos do ambiente e de insumos com efeitos tóxicos, como mencionado, sendo importante associar aos produtos biológicos insumos com capacidade de proteger e estimular a atividade e proliferação microbiana no solo e na rizosfera.

Pesquisas

Resultados de pesquisa têm mostrado também que a aplicação da alga Lithothamnium aumenta a eficiência de uso de fertilizantes no solo, pelo fato de proporcionar melhores condições biológicas e químicas, com consequente maior disponibilidade dos nutrientes.

Efeitos do Lithothamnium sobre atributos do solo, eficiência de utilização de fósforo e produtividade de grãos de soja, milho e feijão comum
Autores: Nascente, A.S.; Cobucci, T. & Araujo, M.A.G
International Journal of Agronomy, Lodon

Aumento médio de 60% da eficiência de uso de P

Microrganismos do solo e produtos biológicos

Os solos possuem uma biodiversidade microbiológica natural incrível, onde se destacam bactérias, fungos, actinomicetos e protozoários. Em conjunto, a magnitude da atividade desses organismos pode ser caracterizada como indicadora da saúde do solo.

Existem ferramentas e metodologias para mensurar essa atividade, destacando-se as bioanálises, por meio de enzimas do solo como a beta-glicosidase, arilsulfatase e fosfatase ácida.

Em relação aos insumos microbiológicos, algumas espécies têm se destacado devido ao potencial dos seus benefícios às lavouras, como os inoculantes para FBN à base de Bradyrhizobium e Azospirillum e produtos que visam a proteção e desenvolvimento da planta, como os Bacillus, Trichodermas, Metarhizium, Beauveria, Paecilomyces, entre outros.

Absorção de nutrientes pelas plantas

Destacamos pelo menos, três pontos:

1) Existem microrganismos que liberam diretamente na rizosfera substâncias, como hormônios vegetais, que estimulam o crescimento das plantas;

2) Há microrganismos que participam diretamente da dinâmica de macro e micronutrientes no solo, tornando-os mais disponíveis para a absorção pelas raízes;

3) Existem microrganismos, como os fungos micorrízicos, que se ligam às raízes e suas hifas se desenvolvem e absorvem nutrientes e água, que são transferidos à planta.

O solo agradece

Em resumo, os microrganismos do solo produzem enzimas promotoras do crescimento vegetal, realizam a decomposição da matéria orgânica e, também, a ciclagem, a mineralização, a solubilização e o transporte de nutrientes minerais. Eles também ajudam a controlar pragas e doenças e descontaminar solos degradados.

Para aproveitar esses microrganismos de forma prática e eficaz na agricultura moderna, são recomendadas algumas ações, como manutenção e acúmulo de palhada e matéria orgânica, mínima movimentação das camadas superficiais do solo, utilização de inoculantes e produtos microbiológicos, se possível, associando produtos com capacidade de proteção, ativação e proliferação microbiana.

Tecnologias promissoras

Há 20 anos estudo e trabalho com a alga marinha Lithothamnium (Primaz) que, além de ações nutricionais às plantas e condicionantes ao solo, suas partículas possuem várias propriedades físicas e nutricionais benéficas aos microrganismos do solo e dos produtos biológicos, como: cavidades (poros) que funcionam como abrigo e proteção; nutrientes como açúcares, aminoácidos e minerais; retenção de umidade e condição química adequada.

Além destes fatores, essa alga minimiza os efeitos químicos provocados pelos adubos que afetam a biota, como a salinização e acidificação, gerando uma condição mais adequada à atividade e proliferação nos locais onde os adubos são aplicados.

A seguir está um trabalho de campo (Cobucci T. 2023) com correlação positiva da alga Lithothamnium aplicada no solo com atividade de microrganismos. Os tratamentos com Primaz (Lithothamnium) apresentaram maiores atividades das enzimas microbiológicas do solo. Isso indica que houve uma maior atividade da microbiota do solo.

Primaz ativa e prolifera os microrganismos do solo e da rizosfera

O uso da alga Lithothamnium associada ao inoculante potencializa a eficiência do rizóbio e, consequentemente, aumenta a nodulação nas raízes do feijoeiro (Ricardo Macedo, 2010).

Nessa mesma linha, pesquisas científicas com essa alga mostram a potencialização da eficiência de produtos biológicos para controle de doenças e pragas agrícolas, por exemplo, o uso junto com bionematicidas na soja e algodão, em ambos os casos com resultados positivos.

A pergunta é: vale a pena?

Os sistemas agrícolas precisam utilizar alguns insumos que, infelizmente, têm efeitos prejudiciais aos microrganismos do solo. No entanto, algumas alternativas felizmente estão surgindo, como a aplicação de microrganismos benéficos que têm a vertente da reposição microbiológica e, ao mesmo tempo, também possibilitam, com o tempo, a minimização da carga de inseticidas e fungicidas químicos, uma vez que os microrganismos dos produtos biológicos auxiliam também nestas funções.

Felizmente, estamos em um momento em que os produtos biológicos não são mais um paradigma a ser quebrado, pois produtores, consultores, pesquisadores já perceberam, há alguns anos, os resultados positivos que estes produtos entregam, sobretudo minimizando problemas e sendo vistos também como alternativas aos defensivos.

A aplicabilidade dos produtos biológicos no campo é simples e de baixo custo. Creio que o desafio seja aumentar efetividade e a potencialização das ações destes produtos, que por serem produtos vivos requerem cuidados no transportem, armazenagem, aplicação e, principalmente, na sobrevivência, proliferação e atividade após a aplicação no solo no campo onde, novamente, reforço a importância de associar com produtos com capacidade de proteger, proliferar e ativar os microrganismos destes insumos e, também, os microrganismos do solo e da rizosfera.  

O processo de coleta das algas

Desde o início de sua formação, a PrimaSea desenvolveu um processo de coleta das algas obedecendo parâmetros rigorosos de sustentabilidade para escolha da área, distância da costa, profundidade de coleta, condições marítimas de navegação e método de coleta.

A área escolhida está localizada na Bahia, em frente à entrada da Bahia de Todos os Santos, a uma distância de 6 milhas náuticas da costa, tornando a operação de navegação curta e com poucos impactos dos efeitos da operação no ambiente de coleta, sendo a profundidade de 20 metros na média e com mar calmo na maioria do ano.

O que torna a Primasea única e referência mundial é seu método operacional de coleta das algas. Todo o processo foi desenvolvido e adaptado para causar a menor interferência no meio.

É um processo fechado, em que o produto é coletado por meio de sucção, por bombas submersas que sobem por mangotes para o convés do navio, para ser lavado e separado, sem nenhum contato com as águas marinhas.

O Lithothamnium coletado é armazenado e a água residual é bombeada para uma profundidade de 15 metros, fechando o ciclo e favorecendo a dispersão dessa água de lavação (agua + areia), que poderia demorar a decantar, o que torna o processo muito amigável ao meio ambiente.

Os trabalhos da Integração Agricola e seus resultados são frutos de uma estreita parceria técnica entre as empresas, tendo em vista mensurar os benefícios do Primaz, marca comercial do Litho da Primasea, com o foco na melhoria da eficiência dos fertilizantes aplicados pelos agricultores.

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