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Cana-de-açúcar: bioestímulo impulsiona produção

Crédito: Miriam Lins

Diego Henriques Santos
Doutor em Agricultura – UNESP Botucatu/SP
dh.agroengenharia@gmail.com

A cana-de-açúcar é de extrema importância para a agricultura brasileira, sendo responsável por mais da metade do açúcar comercializado no mundo.

Atualmente, cerca de 35% da cana plantada em todo o país recebe aplicações de bioestimulantes, tendo os ácidos húmicos e fúlvicos já se tornado uma realidade nas lavouras de cana-de-açúcar, em função dos seus diversos benefícios que garantem maior produtividade e qualidade da matéria-prima para a indústria canavieira, mesmo sob condições ambientais adversas.

Bioestimulantes na cana-de-açúcar

Os bioestimulantes são misturas de reguladores vegetais, ou destes com outros compostos de natureza bioquímica diferente, como aminoácidos, nutrientes e vitaminas. São observados diversos resultados positivos para a cultura da cana-de-açúcar, em especial na produtividade, indicando o potencial dos bioestimulantes para influenciar positivamente o desenvolvimento e a produtividade da cultura da cana-de-açúcar.

No entanto, deve-se atentar para as diferentes fontes de bioestimulantes que podem gerar resultados divergentes na produtividade, no crescimento e no desenvolvimento da planta, já que cada fonte tem quantidades maiores ou menores de determinadas substâncias, contribuindo, assim, para a regulação de diferentes tipos de enzimas, fitoalexinas produzidas, dentre outras ações, induzindo, então, a respostas diferentes.

Como impulsionar a produção?

Os bioestimulantes à base de ácidos húmicos e fúlvicos oferecem benefícios à rizosfera, região do solo onde as raízes das plantas se desenvolvem. Eles elevam a absorção de água e nutrientes pelas plantas, promovem a interação com microrganismos do solo, como bactérias e fungos, fortalecem o enraizamento e elevam o vigor de rebrota das soqueiras, resultando no desenvolvimento da planta com mais vigor e ganhos de produtividade.

Os ácidos húmicos e fúlvicos oferecem benefícios específicos para os produtores de cana-de-açúcar, tais como a melhoria da absorção de nutrientes, o estímulo ao crescimento e desenvolvimento, com consequente aumento de produtividade e qualidade, com resultados positivos sobre o acúmulo de sacarose.

Quanto à absorção de nutrientes, os ácidos húmicos e fúlvicos possuem cargas negativas que facilitam a absorção pelo sistema radicular, incluindo cálcio, potássio, magnésio e micronutrientes como zinco, cobre, ferro, manganês e boro.

Além disso, possuem a capacidade de reagir com óxidos de ferro e alumínio, liberando fósforo, macronutriente essencial para o crescimento das plantas.

Sem falhas

Os bioestimulantes estimulam a brotação de gemas, permitindo redução de falhas e aumento da homogeneidade de brotação, uma grande preocupação atualmente, com a adoção do plantio mecanizado.

Também estimulam um maior desenvolvimento do sistema radicular, que favorece a maior exploração do solo, permitindo não só maior absorção de nutrientes, como já dito anteriormente, mas também o melhor aproveitamento de água, que se traduz em maior tolerância à seca, bem como maior tolerância ao arranquio.

Vale destacar, também, o aumento do número de perfilhos e de colmos, consequentemente, maior armazenamento de açúcar, e um canavial mais homogêneo, com colmos de maior diâmetro e uniformidade em altura, favorecendo o corte mecanizado e o rendimento das colhedoras.

O que vem pela frente

No contexto da produção de cana-de-açúcar, existem várias preocupações e desafios associados ao uso de bioestimulantes. Temos que considerar que a cultura da cana-de-açúcar demanda altas quantidades de nutrientes, e que, apesar do uso de vinhaça e torta de filtro, antes considerados resíduos e hoje importantes subprodutos da fabricação do etanol e do açúcar, é uma cultura altamente dependente de fertilizantes minerais.

Tais aspectos fazem com que a eficiência na entrega de nutrientes seja uma preocupação associada ao uso de bioestimulantes pelos produtores. Também o manejo integrado de bioestimulantes e outros insumos na cultura da cana-de-açúcar é uma preocupação relevante, pois a integração eficaz desses produtos é crucial para maximizar os benefícios e minimizar os impactos negativos.

A escolha do bioestimulante deve, de preferência, ter o acompanhamento de um engenheiro agrônomo, profissional indispensável para decidir o que, quanto, quando e como aplicar o produto.

Impactos à sustentabilidade

A adoção de bioestimulantes, assim como todo bioinsumo, como por exemplo o controle biológico de pragas nas lavouras de cana-de-açúcar, impacta positivamente na sustentabilidade ambiental.

Além do aspecto ambiental, há economia financeira e acréscimos de produtividade, impactando positivamente também a rentabilidade no cultivo de cana-de-açúcar.

Custo-benefício

A utilização de bioestimulantes, tanto na cana-de-açúcar como na agricultura brasileira em geral, está em ascensão. Como se trata de tecnologia relativamente nova, ainda há espaço para crescer.

A importância desses bioestimulantes no agronegócio brasileiro está em destaque, e a eficiência de seu manejo é crucial para o futuro da agricultura, incluindo a produção de cana-de-açúcar.

Assim, as perspectivas para o uso de bioestimulantes na cana-de-açúcar brasileira apontam para um aumento contínuo da adoção desses produtos. O mercado mostra-se promissor, com potencial para impulsionar a produção agrícola.

Atualmente, cerca de 35% da cana plantada em todo o país recebe aplicações de bioestimulantes.

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