O crédito rural é uma importante ferramenta para agricultores e pecuaristas. Seu principal objetivo é de potencializar a produção agropecuária, permitindo que os produtores tenham acesso a recursos importantes para investir em insumos, equipamentos, melhoria de infraestrutura e tecnologia.
Para entender um pouco mais sobre o cenário do crédito rural a revista Campo e Negócios conversou, com exclusividade, com David Télio, especialista em concessão de crédito para o setor e Diretor de Novas Estruturas Financeiras da TerraMagna.
1 – David, como você avalia a situação do crédito rural?
Atualmente a estimativa do setor é de uma necessidade em torno de R$ 700 bilhões de crédito para atender ao agronegócio só no plantio e colheita, excluindo arrendamentos e juros de financiamentos.
Conforme dados divulgados pelo Banco Central, de janeiro a agosto de 2024 foram liberados R$ 181,9 bilhões em crédito rural, o que representa uma queda de 41,7%, em comparação com o mesmo período do ano passado que registrou R$ 257,7 bilhões em desembolsos. A situação representa um estrangulamento ainda maior para os produtores rurais.
Considerando o cenário atual, em função dos desafios do setor, os produtores vêm enfrentando restrições de crédito por parte de bancos, cooperativas de crédito e fornecedores.
2– O mercado de capitais é uma importante ferramenta para auxiliar o crescimento do agronegócio?
Felizmente o mercado de capitais vem atendendo de forma consistente e crescente o agronegócio ao longo destes últimos anos.
O Mercado de Capitais é regulado pela CVM (Comissão de Valores Mobiliário), com a finalidade de assegurar que todos os fatores de riscos foram elencados nos prospectos e se as emissões praticadas estão em concordância com a Lei aprovada e de acordo com as instruções da CVM.
Ele se tornou uma importante conexão entre investidores pessoas físicas e jurídicas que podem investir em emissões de papeis como CRA (Certificado de Recebíveis do Agronegócios), LCA (Letra de crédito do Agronegócio) ou FIAGRO (Fundo de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais), papéis que são alocados diretamente no agronegócio.
3 – E os investidores estão olhando cada vez mais para o setor?
Os investidores encontraram mais oportunidades de investimento, com diversificação de riscos no mercado de capitais.
Os emitentes de papéis estão se especializando para entender o agronegócio e propor cada vez mais estruturas de financiamentos que traduzem a necessidade do campo. Conforme dados recentes divulgados pela B3, existem 2,5 milhões de investidores com papéis originados no agronegócio, em todos os seguimentos, através de FIDC, CRA, LCA e agora FIAGRO, representando um total de R$ 594 bilhões. O FIAGRO vem se destacando pela velocidade de crescimento desde a sua aprovação em 2021, já atingindo R$ 40 bilhões de investimentos.
4- O setor busca novos caminhos para se conseguir crédito?
Sim. O agronegócio está cada vez mais buscando alternativas junto ao mercado de capitais para saírem da dependência de bancos, Plano Safra e crédito junto aos fornecedores. As fintech e gestoras vem atuando de forma exemplar para abrir esta indústria do mercado de capitais para o agronegócio.
5 – David, como diretor de Novas Estruturas Financeiras da TerraMagna, como você avalia o trabalho desenvolvido por vocês na concessão de crédito para o agro?
Desde o início do primeiro FIAGRO da TerraMagna em 2021, a estratégia sempre foi financiar os pequenos e médios produtores, através de seus fornecedores, distribuidores de insumos. Estes representam o elo da cadeia do agronegócio que mais demandam crédito para o fornecimento de insumos agrícola, com prazo de pagamento após a colheita da safra. A TerraMagna compra a carteira de recebíveis dos distribuidores de insumos, tanto sobre os pedidos como sobre os insumos faturados. O sucesso da TerraMagna se dá pela flexibilidade, conhecimento pleno do setor, tecnologia que permite as análises da carteira de recebíveis e liberar os créditos com mais agilidade.
Atualmente a empresa está atendendo também as demandas de distribuidores para a estruturação de FIAGRO proprietário, exclusivo para eles, com os mesmos parâmetros e processos do FIAGRO TerraMagna.