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Silício no controle da mosca-branca na soja

Fernanda Lourenço Dipple
Engenheira agrônoma, mestre em Agronomia e professora – Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat)
fernanda.dipple@unemat.br

Atualmente, a mosca-branca é apontada como importante praga da cultura da soja, devido às crescentes infestações e dificuldade no controle. Seu manejo é feito principalmente por aplicações sucessivas de inseticidas sintéticos, as quais favorecem a rápida seleção de indivíduos resistentes.

Desta forma, torna-se importante avaliar alternativas menos agressivas, alinhadas ao manejo integrado de pragas (MIP), com destaque para o uso de cultivares resistentes e indutores de resistência, como o silício.

Por onde começar

Nos últimos anos agrícolas, tivemos um maior problema com a mosca-branca na cultura da soja. Diversos fatores estão correlacionados com o aumento populacional desse inseto, bem como a dificuldade de seu controle.

Em safras mais secas e semeaduras muito espaçadas, aumenta a população desta praga. Outro fator é que só o manejo químico, com utilização repetida dos mesmos inseticidas, aumenta a resistência do inseto às moléculas inseticidas químicas e torna o controle ineficiente.

A mosca-branca causa diversos danos à cultura da soja, desde sucção de seiva, inserção de toxinas a transmissão de viroses.

Resistência na população da mosca-branca

Os inseticidas químicos agem em sítios de ação, com mecanismos de ações específicos. Dentre os mecanismos mais utilizados para controle de mosca-branca estão carbamatos, organofosforados e neonicotinoides.

Estes mecanismos agem na fenda sináptica. Apesar de termos muitas moléculas registradas em cada mecanismo, são poucos dentre as moléculas mais utilizadas, e isso favorece a resistência dos insetos.

Atualmente, temos moléculas mais eficientes e associadas em misturas auxiliando na prevenção da resistência dos insetos. Mas, para um manejo eficiente, é de suma importância a realização do manejo integrado de pragas (MIP) e utilizar várias estratégias de controle.

Onde entra o silício

O silício (Si) é um elemento muito disponível, porém, está em muitos solos insolúvel e indisponível para as plantas. Atua direta e indiretamente na relação solo/planta e ambiente, como aumento da resistência a estresse e ao ataque de pragas e doenças.

O Si se acumula na epiderme das folhas e da planta, e quando disposto na cutícula, aumenta a resistência, agindo como uma proteção mecânica ao ataque de pragas e doenças.

Outro fator interessante é que o Si ajuda nos processos de transpiração da planta, diminuindo também seu estresse hídrico, pois nas folhas acumula-se formando uma camada dupla de celulose-sílica que diminui as perdas de água, reduzindo a transpiração cuticular.

Assim, o uso de Si pode auxiliar na resistência natural da planta diminuindo a severidade das lesões foliares e na resposta de resistência da soja contra a mosca-branca.

Infestações de mosca-branca

O Si atua de forma direta e indireta na saúde e na defesa vegetal. Diretamente ele consegue aumentar a cutícula, fazendo uma barreira física mais resistente e diminuindo o ataque das pragas.

Ele também ajuda no desenvolvimento da planta, deixando-a mais ereta e atuando positivamente no seu crescimento. Além disso, atua indiretamente na diminuição da alimentação e, consequentemente, na reprodução do inseto.

Estudos demonstraram que o Si atua na resposta de defesa do vegetal, tornando mais rápido e eficiente, onde a planta conseguirá produzir enzimas e compostos de defesa (p.ex. flavonoides) e compostos para a atração de inimigos naturais.

Desta forma, uma planta menos atrativa dificulta a alimentação e reprodução da mosca-branca, favorece o manejo de pragas, com a redução dos danos e do uso de inseticidas químicos.

Pesquisas

A maioria dos trabalhos comparando diferentes cultivares e doses de silício ou diferentes tipos de aplicações não diferiram entre as cultivares avaliadas. Porém, existe uma resposta positiva do uso de silício em diferentes características de desenvolvimento e produção da cultura da soja.

Resultados da aplicação de silício contra mosca-branca:

– Acúmulo de massa seca da soja;

– Resistência a estresse hídrico e menor transpiração;

– Redução da toxicidade causada por excesso de sal e/ou metais, incluindo metais pesados (manganês, alumínio ou ferro por exemplo);

– Aumento de resistência física ao ataque de pragas e doenças;

– Redução do ataque de insetos;

– Diminuição de ovoposição e ninfas de mosca-branca;

– Efeito potencializador na altura de planta, número de vagens e até número de grãos por vagem;

– Aumento da nodulação da soja e o crescimento vegetal (altura da primeira vagem);

– Diminui as perdas e potencializa acréscimos de produtividade.

Recomendações específicas

O silício Si pode ser utilizado em diversas fontes e de diversas formas na cultura da soja. As mais comuns são à base de silicato de Ca ou Mg. Este elemento está presente em diversas rochas ou em fontes orgânicas.

A aplicação também pode ser feita em tratamento de semente, sulco ou foliar. Em sulco pode auxiliar no desenvolvimento vegetativo e crescimento das plântulas nos estágios iniciais. A fonte mais comum utilizada como fonte de silício é o silicato de cálcio, abundante em escória de siderurgia. O material pode ser usado também na correção da acidez do solo.

Além do silicato de cálcio, outras fontes utilizadas são o silicato de potássio, de magnésio e de sódio. Silicatos de cálcio e magnésio também possuem a capacidade de elevar o pH do solo. A eficiência das fontes de silício depende muito da sua solubilidade.

Confira as fontes de Si na tabela abaixo:

As doses de silício e adubos silicatados variam muito, conforme a matéria-prima e a concentração de Si. Alguns produtos têm indicação de 1,0 a 2,0 L.ha-1, com aplicação no início do estádio reprodutivo. Outros possuem indicação em sulco ou em tratamento de semente.

Outro exemplo é um silício em pó 94,6% em soja: realizar até três aplicações. Primeira: 300 g.ha-1, com quatro pares de folhas, segunda: 300 g.ha-1 e na pré-florada, terceira: 300 g.ha-1 pós-florada. Assim, as doses e recomendações podem variar bastante, dependendo da fonte e indicação.

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