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Morango hidropônico no sistema de irrigação com circuito fechado

Crédito Mário Calvino Palombini
Crédito Mário Calvino Palombini

O morangueiro é uma das culturas que tem tido maior migração do sistema de cultivo no solo para o plantio em substrato. Isso significa que os agricultores deixam de cultivar no solo e passam a cultivar em bancadas, com cerca de 01 a 1,20 m acima do solo, utilizando o substrato como meio de crescimento das raízes.

Segundo Roberta Marins Nogueira Peil, professora de Fitotecnia da Universidade Federal de Pelotas, habitualmente, quando se faz a fertirrigação de uma solução nutritiva no sistema, é preciso utilizar uma fração de drenagem, que é uma quantidade a mais de solução nutritiva conhecida, e de água para lavar esse substrato e evitar a salinização do mesmo.

“Essa fração a mais é lixiviada, e nos sistemas abertos esse lixiviado cai no solo, sendo perdido, o que vai causar contaminação do perfil por excesso de nitrato e de outros elementos e minerais, contaminando fontes de água. O sistema fechado propõe coletar esse lixiviado e reutilizar na própria fertirrigação na cultura do morangueiro em substrato“, explica Roberta Peil.

No sistema fechado, a aplicação de agrotóxicos cai 40% - Crédito: Shutterstock
No sistema fechado, a aplicação de agrotóxicos cai 40% – Crédito: Shutterstock

De acordo com ela, nesse sistema fechado, os produtores precisam investir em uma estrutura de coleta desse lixiviado e controlar com maior frequência as condições de salinidade a partir da medição da condutividade elétrica e do pH, uma vez que retornará ao sistema. Seguindo esses passos, a especialista garante que a perda é mínima.

Pelo menos uma vez por mês é preciso fazer a lavagem do substrato, mesmo que esteja em sistema fechado, visando evitar a salinização dele. O manejo recomendado por Roberta Peil é que os produtores, uma semana antes da lavagem, não reponham a solução nutritiva, deixando a planta consumir ao máximo até que chegue ao mínimo da caixa. “Só então se lava o substrato, apenas com água, sem fornecer solução nutritiva. Comparando com o sistema aberto, que não tem coleta, a água que se perde na lavagem é mínima“, afirma.

A produtividade

A produtividade não muda do sistema aberto para o fechado. O que muda é o gasto de água e de solução nutritiva. No sistema aberto, a estimativa é que cada planta gaste em média 150 litros por ano, considerando nesse volume a água e a solução nutritiva, e sendo a solução nutritiva 1/3 do volume de água.

Outra vantagem do sistema é que ele permite o plantio em altas densidades - Crédito: Jorge Barcelos
Outra vantagem do sistema é que ele permite o plantio em altas densidades – Crédito: Jorge Barcelos

No sistema aberto, usam-se normalmente misturas com substratos. “A maioria dos agricultores do Rio Grande do Sul usa casca de arroz carbonizada com compostos orgânicos em partes iguais. Outros agricultores usam casca de arroz carbonizada com composto orgânico no processo de carbonização em diferentes proporções, mas sempre entra o composto orgânico no substrato de sistema aberto, que é necessário para aumentar a capacidade de retenção de água do substrato e para não haver a necessidade de se fertirrigar muitas vezes ao dia“, explica.

Se o produtor fertirrigar muitas vezes ao dia no sistema aberto, a perda de água e de fertilizantes será enorme, de 20 a 30%. É aí que entra o composto orgânico, para aumentar a capacidade de retenção de água e o período entre uma irrigação e outra, chegando de duas a quatro fertirrigações por dia, sendo a primeira ou a segunda com solução nutritiva e a quarta somente com água.

“No sistema fechado, como é coletado o que é lixiviado, não tem como fazer esse manejo de água e solução nutritiva. Aplica-se sempre solução nutritiva. Mas o produtor pode usar um substrato com baixa capacidade de retenção de água, como é o caso da casca de arroz carbonizada isolada, que é um substrato com 100% de casca de arroz carbonizada que viabiliza a irrigação de oito a dez vezes por dia. Assim a perda do sistema será praticamente nula, pois o que é drenado é coletado e reutilizado“, esclarece Roberta Peil.

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Detalhes que fazem a diferença

Existe um gasto maior de energia elétrica no sistema fechado, porque se aciona mais vezes a bomba durante o dia, mas pode-se usar um substrato mais barato, segundo Roberta Peil, desde que tenha baixa capacidade de retenção de água, porque normalmente o substrato que tem composto orgânico e alta capacidade de retenção de água apresenta uma tendência muito forte para salinizar. A recomendação da professora é a utilização da casca de arroz carbonizada isoladamente.

Manejo

As bancadas precisam ter uma declividade de 4% para que a solução escorra - Crédito: Shutterstock
As bancadas precisam ter uma declividade de 4% para que a solução escorra – Crédito: Shutterstock

De um sistema para o outro muda o manejo e o substrato.Em sistema aberto, por exemplo, são utilizadas misturas de compostos orgânicos. “No Rio Grande do Sul é comum o uso de cascas de arroz carbonizadas com composto orgânico, turfa, casca de arroz queimado, o que não é aconselhável. Existem diferentes misturas, mas todas elas têm um material orgânico com alta capacidade de retenção de água e normalmente alta CTC (capacidade de troca catiônica), o que provoca a salinização“, alerta Roberta Peil.

No sistema aberto, ela diz que isso não é problema, mas até desejável, já que aumenta a capacidade de retenção de água, fazendo com que a fertirrigação aconteça de duas a quatro vezes por dia.

Mas, no sistema fechado, o composto orgânico pode salinizar o sistema, dificultando o manejo. “Por isso o produtor tem que usar um material sem composto orgânico que traga uma baixa capacidade de retenção de água e que possibilite fertirrigar de oito a dez vezes por dia“, pontua a especialista.

O sistema fechado é algo específico do Rio Grande do Sul, enquanto o sistema aberto está disseminado em praticamente todo o Brasil, geralmente em slabs. “Um produtor foi pioneiro há quatro anos e atualmente tem um grupo de mais de 10 pessoas trabalhando no sistema fechado, em uma parceria desenvolvida entre a Universidade Federal de Pelotas, Embrapa Clima Temperado e a Emater“, relata Roberta Piel.

 

Essa matéria completa você encontra na edição de dezembro 2016  da revista Campo & Negócios Hortifrúti. Adquira já a sua para leitura integral.

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