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Colheita com cabo aéreo ganha espaço

Daniel da Silva Souza

Engenheiro florestal, geógrafo e consultor ambiental

geocentrosul@gmail.com

 

European Air-Crane Logging
Crédito Erickson Air Crane

 

Um ponto crítico nas atividades florestais é a colheita em regiões montanhosas e com topografias acentuadas, que é geralmente realizada sob situações adversas. Tais condições exigem sistemas de colheita com máquinas especiais para realizar as atividades de forma ergonomicamente correta e com menor impacto ambiental.

Para essas condições, onde a operação com sistemas usuais de colheita mecanizada não é viável técnica e economicamente, a extração de madeira com cabo aéreo tem se mostrado uma excelente alternativa.

O termo colheita refere-se a todo o processo que envolve o corte da madeira, a extração (processo em que a árvore é retirada do local de corte e conduzida para o pátio intermediário ou a estrada) e o carregamento. Com a modernização do setor, é possível montar inúmeras combinações dentro do processo de colheita.

Dentro da extração, uma opção que vem ganhando muito espaço e já é adotada por grandes empresas é a extração de madeira utilizando cabos aéreos. A prática, que já é amplamente utilizada em países nórdicos e anglo americanos, começa a ser difundida também no Brasil.

Colheita por cabos aéreos

O uso de áreas irregulares tem levado ao aumento da extração por cabos aéreos. Há grande oferta de áreas, principalmente de pastagens degradadas, em relevos com mais de 20% de declividade, que vem recebendo plantios florestais.

Em terrenos assim, os Forwarders ou tratores florestais autocarregáveis (muito utilizados para extração) não conseguem operar. Os Skidder até podem realizar o baldeio, mas apresentam grande dificuldade e se tornam perigosos e não aceitáveis para terrenos com mais de 25% de aclive.

Já os tratores de esteira se mostram capazes de operar em áreas com até 35% de declividade, mas estudos mostram que o arraste da madeira não é economicamente viável em distâncias superiores a 200 metros.

Os cabos aéreos, entretanto, conseguem operar em declividades de até 90% e apresentam viabilidade econômica para locomoção superiores a um quilometro. Na verdade, o uso de cabos aéreos nas extrações não se limita apenas aos terrenos inclinados. Há casos em que o terreno é plano, mas seu entorno frequentemente está alagado e impossibilita o deslocamento de máquinas.

Vantagens

A utilização do sistema de cabos aéreos traz uma série de vantagens. Uma delas é a disponibilização de mais terras para os plantios, pois não há necessidade de construção de estradas para a extração, o que gera maior quantidade de árvores por hectare.

Para o meio ambiente há enormes ganhos: sem necessidade de estradas para baldeio, o percentual do terreno sem cobertura diminui drasticamente, o que reduz o risco de erosão significativamente. Os danos no solo, principalmente por compactação oriunda do tráfego de máquinas pesadas, é desprezível no sistema de cabos aéreos.

A velocidade na extração dos cabos aéreos tem se mostrado bastante superior a outras modalidades, o que representa ganhos em produtividade.

Silviculturalmente também há ganhos. Áreas com declividade maior tendem a apresentar solos com fertilidade natural muito superior aos terrenos planos, o que gera economia na nutrição do povoamento e ganhos no incremento médio anual, pois sítios de alta produtividade podem ocorrer com facilidade em áreas de considerável declividade.

Custos

Os custos de extração com cabos aéreos variam em função do volume individual das árvores, do volume total por hectare, da distância da extração e do equipamento utilizado. Há, no mercado, equipamentos com potência variando de dezenas a centenas de cavalos.

De modo geral, o custo de extração por metro cúbico é de aproximadamente US$3,00, podendo apresentar variações para mais ou para menos.

A operação consiste em dispor de duas torres, cabos de aço de apoio, cabos de tração e carro teleférico. As torres podem ser móveis e já há no mercado nacional torres com movimentação por controle remoto (rádio frequência), o que traz ainda mais comodidade e segurança para a equipe de campo, normalmente formada por cinco pessoas.

Para a extração, o carro teleférico deve se deslocar até o ponto em que as árvores se encontram, um operador engata as árvores ao carro e sinaliza, normalmente por rádio, para que o sistema teleférico entre novamente em movimento e conduza as árvores até o ponto de interesse. As madeiras são liberadas e o carro teleférico pode retornar ao estágio anterior, repetindo o procedimento.

Esse processo aéreo pode fazer a retirada de árvores tanto de áreas altas para áreas baixas (morro abaixo) como o inverso (morro acima).Há plantios que são realizados em nível muito inferior ao das estradas de transporte e, neste caso, o carro teleférico conduzirá o feixe de árvores para o alto.

Para que se possa extrair todo o potencial e a série de vantagens do sistema de cabos aéreos, o planejamento da atividade de colheita é essencial e determinante, sendo a atuação do engenheiro florestal imprescindível.

Essa matéria você encontra na edição de Julho/Agosto 2017  da revista Campo & Negócios Floresta. Adquira já a sua.

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