Diego Henriques Santos
Engenheiro agrônomo da Companhia de Desenvolvimento Agrícola de São Paulo – Codasp (Regional Noroeste)
O fosfito, quando aplicado às plantas, é absorvido rapidamente por elas por meio de suas estruturas radiculares, pois possui uma grande mobilidade na fisiologia da planta, atingindo rapidamente os locais que apresentam sintomas de deficiência desse nutriente. Nesse sentido, o fosfito se torna uma fonte de combate aos fungos, pois tem ação fungistática, diminuindo a incidência desses patógenos e retardando o seu desenvolvimento.
Fitossanidade
Dentre as diversas doenças que atacam o feijoeiro, destaca-se a antracnose, causada pelo fungo Colletotrichumlindemuthianum, considerada a mais grave das enfermidades desta cultura, podendo causar perdas de até 100%, principalmente quando associada a condições ambientais favoráveis e uso de sementes contaminadas.
Além de reduzir orendimento da cultura, a antracnose deprecia a qualidade do produto por ocasionarmanchas nos grãos, tornando-os impróprios ao consumo. Os maiores danos ocorremquanto mais precoce for o aparecimento da doença na lavoura.
Ação direta
Os fosfitos, além deadubos, são indutores de resistência e com ação direta contra patógenos. Na forma desal de potássio, possui o mesmo efeito que um fungicida sistêmico recomendadopara o controle de oomicetos.
O fosfito é liberado pela hidrólise do etilfosfonato,conferindo à planta a proteção contra fungos patogênicos. Estudos cientÃficos apontam redução na severidade de doenças em até 94% com o uso de fosfitos.
Opções
Os fosfitos são produtos líquidos originados da neutralização do ácido fosforoso(H3PO3) por uma base, que podem ser hidróxido de sódio, hidróxido de potássio,hidróxido de amônio, entre outros, que possuem excelentes qualidades sanitárias comatividade fungicida, atuando diretamente sobre os fungos ou ativando o mecanismo dedefesa das plantas.
Dentre essas opções, o fosfito de potássio é quem se destaca porproporcionar menor severidade das doenças nas plantas, seguido pelo fosfito demanganês.
Manejo contra doenças
Na literatura, alguns autores relatam a ação direta do fosfito sobre os fungos, enquantooutros atribuem o controle à síntese de fitoalexinas. Mas, independente do mecanismode ação, é fato que os fosfitos possuem efeitos antifúngicos.
Dentre as principaisdoenças do feijoeiro, quatro são de origem fúngica. A antracnose, causada por Colletotrichumlindemuthianum, a fusariose, cujo agente causal é o fungo Fusariumoxysporumsp. phaseoli, a mancha angular, causada pelo fungo Pseudocercosporagriseola e o mofo branco, que tem como agente causal a Sclerotiniasclerotiorum.
A resistência induzidapor meio dos fosfitos vem sendo adotada no manejo do feijoeiro,bem como de diversas outras culturas, como uma alternativa compatível com o manejointegrado de pragas e doenças.
Os fosfitos apresentam rápida absorção pelas raízes,folhas e córtex do tronco, com menor exigência de energia da planta. São ainda bonscomplexantes, favorecendo a absorção de nutrientes.
Outra vantagem é que permitemmisturas com outros produtos, sendo que algumas formulações de fosfitos podempotencializar a ação dos fungicidas, principalmente estrobilurinas, enquanto outrasformulações de fosfito podem reduzir o pH da solução, melhorando a eficiência dealguns herbicidas.
Deve-se apenas tomar cuidado com as misturas de fosfito de cobrecom fungicidas que possuem como princÃpio ativo a tebuconazole, pois em algumas situações pode ocorrer incompatibilidade, reduzindo a eficiência de ambos.
Dosagem recomendada
A concentração e a forma de aplicação, que pode ser realizada por rega ou via foliar,irão depender do fosfito utilizado e da fase de desenvolvimento do feijoeiro, sendosempre necessário consulta a um engenheiro agrônomo, já que em altas concentrações pode haver fitotoxidez, queimando as folhas e reduzindo a área fotossinteticamente ativa da planta, com consequente redução de produtividade.
Para cada fase dedesenvolvimento da cultura há um fosfito ideal, portanto, a escolha de qual fonte defosfito utilizar depende do objetivo, estádio de desenvolvimento, da análise foliar e daforma de aplicação.
Recomenda-se, para a máxima eficiência, três pulverizações foliares, a primeira noestádio de desenvolvimento V4 (terceiro trifólio), a segunda no R5 (pré-floração) e a terceira no R7 (formação das vagens).