Elisamara Caldeira do Nascimento
Talita de Santana Matos
Doutoras em Agronomia – UFRRJ
Glaucio da Cruz Genuncio
Professor de Fruticultura – DFF/DAAZ/UFMT
Bioestimulantes ou biopromotores são termos genéricos utilizados para a correlação de uma ação promotora em alguma parte do ciclo vegetal de uma cultura comercial. Assim, a ação tem por objetivo promover modificações no processo de crescimento e desenvolvimento vegetal, visando à melhoria de alguma característica produtiva.
Exemplos são: aumento do vigor da planta, melhoria na brotação do bulbo, com maior potencial de pegamento, equilíbrio nutricional, aumento da rizosfera, melhor aproveitamento do N disponível, resistência a pragas e doenças, assim como melhoria qualitativa de algumas variáveis organolépticas (aumento nos sólidos solúveis totais, redução da acidez titulável e, consequentemente, melhoria no flavor) e maior tempo de prateleira, com redução da brotação em condições ótimas de temperatura e umidade de armazenamento.
Por outro lado, a atual legislação brasileira desconsidera o termo bioestimulante, e quaisquer produtos que tenham ação comprovada devem ser registrados como fertilizantes minerais, orgânicos ou organominerais, ou com ação bioestática, assim, necessitando-se do registro como defensivos químicos ou biológicos. Estes se destacam por serem de alto custo e, geralmente, com demandas de vários testes, com caráter de serem de longo prazo para a obtenção de registro.
Assim, a maioria dos biopromotores possuem registros no mercado brasileiro como fertilizantes. Este é um fator dificultador da permeabilidade do produto no mercado, pois os resultados a serem obtidos devem ser atestados em campo.
A cebola
Um fator importante a se destacar nos biopromotores é sua ação hormonal, via regulador vegetal ou de ação percussora na regulação hormonal no vegetal, sendo que uma parte significativa dos promotores contém ação auxÃnica, giberélica ou de citocinese, assim como associadas entre estes.
A cebola (Allium cepa L.), que é a cultura que trataremos, destaca-se por sua importância socioeconômica, por ser a segunda hortaliça com maior valor agregado. Sua produção está próxima a 1,5 milhão de toneladas, sendo produzida em uma área de, aproximadamente, 60.000 hectares. Sua produtividade média é de 25,7 t ha-1.
Por outro lado, a Argentina é uma grande fornecedora de cebola ao mercado brasileiro. Assim, o Brasil não é autossuficiente na produção e novas fronteiras agrícolas devem ser geradas, sempre buscando tecnologias para a produção durante todo o ano.
Portanto, irrigação, busca de adaptabilidade genética a regiões mais ao Nordeste do Brasil e uso de biopromotores sempre são estratégias agronômicas a serem consideradas.
Resultados em campo
Destaca-se o uso de ácidos húmicos no cultivo da cebola, com o objetivo do aumento da produção e produtividade da cebola irrigada, com resultados significativos averiguados tanto na forma de aplicação foliar como em fertirrigação. O uso destes biopromotores mostrou-se eficaz tanto no enraizamento quanto na bulbificação antecipada da cultura.
Ressaltam-se, ainda, as pesquisas desenvolvidas na Estação Experimental da Epagri, em Ituporanga (SC), em que a associação da cebola e de rizobactérias demonstraram acréscimos interessantes nas variáveis fenológicas e no rendimento de bulbos, sendo estas promissoras como protocolos a serem estabelecidos para o plantio comercial desta cultura.
Além disto, outro produto a ser destacado é o silicato de potássio aplicado via foliar, assim como produtos à base de enxofre pela eficiência no controle do míldio e da ferrugem branca.
Gonçalves e colaboradores, ao conduzirem experimentos em Ituporanga, constataram efeitos significativos do enxofre aplicado em cobertura no solo na redução do míldio e do tripes, assim como no aumento da produtividade e do rendimento pós-colheita de cebola, tanto em sistemas orgânicos quanto convencionais.
Em relação ao uso de reguladores vegetais no cultivo da cebola, pode-se destacar a aplicação de hidrazidamaleica, na dose de 500 ppm, visando a inibição de brotações na pós-colheita, uma variável importante em termos qualitativos da cultura, sendo que esta inibição perdurou em até três meses quando os bulbos foram armazenados em condições ótimas de temperatura e umidade. Ressalta-se, ainda, que o uso deste regulador vegetativo permitiu manter a qualidade do bulbo durante todo o período de armazenamento.
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