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Fertilizantes inteligentes – A vez da nutrição equilibrada

Eduardo Maciel Haitzmann dos Santos

Marcus Vinicius Cremonesi

Engenheiros agrônomos e doutorandos do Programa de Pós-Graduação em Ciência do Solo da Universidade Federal do Paraná (UFPR)

Danilo Eduardo Rozane

Engenheiro agrônomo, doutor e professor da Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho“ ” Unesp, Campus de Registro e do Programa de Pós-Graduação em Ciência do Solo da UFPR

danilorozane@registro.unesp.br

 

 Créditos Shutterstock
Créditos Shutterstock

Também conhecidos por “fertilizantes de eficiência aumentada“, os fertilizantes inteligentes permitem a liberação de elementos essenciais (nutrientes) para as plantas de forma gradativa, proporcionando a sua disponibilização ao longo do ciclo vegetativo da cultura.

Contudo, há que se lembrar que cada cultura/planta possui, durante seu ciclo de produção, necessidades ímpares, e que não é possível que um único fertilizante/fórmula atenda sua demanda durante todo seu ciclo de vida.

Estrutura dos fertilizantes

Os fertilizantes são formados basicamente por grânulos contendo nutrientes solúveis em água, como, por exemplo, o nitrogênio, fósforo e potássio, e revestidos por uma camada insolúvel em água. Essa camada externa pode apresentar estrutura química variável, sendo encapsulada ou recoberta, de origem orgânica ou inorgânica, como os polímeros orgânicos (resinas) e o enxofre, respectivamente, e ser permeável ou impermeável para o controle da dissolução dos nutrientes internos.

As taxas de liberação dos nutrientes nesses tipos de fertilizantes dependem diretamente da natureza de seus revestimentos. Fatores ambientais também podem influenciar na liberação do nutriente, como a temperatura, a umidade e a precipitação.

Quando um fertilizante inteligente é caracterizado como de liberação lenta (FLL), significa que a disponibilidade do nutriente pelo insumo é dependente das condições locais (solo ou clima). Já para os fertilizantes de liberação controlada (FLC), a taxa de disponibilização do nutriente é conhecida pelo fabricante, não se descartando também as influências locais.

Vantagens do uso de fertilizantes inteligentes

Por apresentar menores perdas de nutrientes por processos de lixiviação ou volatilização, espera-se, teoricamente, que haja maior eficiência no uso de fertilizantes inteligentes, o que poderia propiciar maior economia do insumo e, assim reduzir potenciais danos ambientais.

Segundo a Embrapa (2016), as perdas provenientes desses processos podem chegar a 50% de todo o fertilizante aplicado pelo agricultor em sua área de produção. Devido à minimização das perdas com os fertilizantes inteligentes, pode-se reduzir o número de parcelamento destes insumos, permitindo economia de mão de obra; diminuição de imobilização e de interações físicas complexas nas partículas do solo; redução de emissões de gases responsáveis pelo efeito estufa (nitrogenados); além de melhorar a eficiência da adubação.

Para a planta

Sua aplicação pode ser mais facilitada, em relação aos fertilizantes convencionais, por apresentar menos operações manuais ou mecânicas para sua aplicação durante o ciclo da cultura.

Os benefícios para as plantas consistem na gradual disponibilidade de nutrientes ao longo do ciclo das culturas, o que poderia aproximar a disponibilidade dos nutrientes à marcha de acúmulo dos mesmos pelas plantas.

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Como e quando aplicar

A forma e o período de aplicação dependem muito da planta que está sendo cultivada. Em geral, deve-se demandar grande atenção ao período do preparo inicial do solo e à implantação da cultura. Cada tipo de planta apresenta uma necessidade nutricional específica, e possíveis suplementações nutricionais podem ser necessárias ao longo do tempo.

O fertilizante pode ser aplicado manualmente ou por ação mecanizada, direto no solo. O processo de liberação gradativa ocorre a partir de um efeito físico/químico, em que o maior tempo de contato do fertilizante para com as condições locais e o solo promove a liberação dos nutrientes para a solução do solo e este, por conseguinte, pode ser absorvido pelas plantas.

Os fertilizantes inteligentes podem ser indicados para condições variadas, mas, por permitirem a liberação de nutrientes de forma gradual, são muito interessantes para situações cujas condições ambientais/climáticas são adversas/irregulares e propícias para as perdas de nutrientes.

Embora promova muitos benefícios, é necessário que as doses de aplicação sejam devidamente planejadas para que seja possível alcançar uma eficiência adequada. Por não haver uma padronização de aplicação para esse tipo de produto, é muito importante que seja realizada uma consulta a um profissional qualificado.

O uso de boletins técnicos próprios da região também pode ser útil para auxiliar em uma ação inicial.

Custo

O custo da técnica é mais elevado que o das tradicionais/convencionais, o que acaba encarecendo o produto para o empresário. No entanto, o uso de fertilizantes inteligentes pode promover uma expressiva economia para o agricultor, pela diminuição de trabalhos extras, como o parcelamento de nutrientes e atividades de recuperação ambiental, e das perdas de insumos.

Também pode favorecer a redução dos custos de armazenagem, transporte e redistribuição.

É importante destacar que a qualidade da adubação é uma das principais responsáveis pelo aumento da produtividade de uma cultura. Por isso, deve-se analisar criteriosamente não apenas as técnicas e a eficiência dos insumos, mas também os gastos desprendidos em todas as etapas do sistema de produção.

Essa matéria você encontra na edição de dezembro 2017 da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua.

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