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Tecnologia de aplicação aérea – O que o produtor deve saber

Fernando Kassis Carvalho

fernando@agroefetiva.com.br

Alisson Augusto Barbieri Mota

Rodolfo Glauber Chechetto

Engenheiros agrônomos e pesquisadores da AgroEfetiva

Ulisses Rocha Antuniassi

Professor titular do Deptode Engenharia Rural, FCA/UNESP Campus de Botucatu/SP

Crédito Shutterstock
Crédito Shutterstock

A qualidade das aplicações é um quesito fundamental para o sucesso no controle de pragas, doenças e plantas daninhas. No caso das aplicações aéreas, o fator mais importante para a aferição da qualidade de uma aplicação é a uniformidade de deposição da calda no campo.

A uniformidade de deposição, que pode ser medida pelo Coeficiente de Variação (CV) das doses no campo, é o parâmetro que se usa para a determinação da faixa útil de trabalho. Quanto maior a faixa útil de uma aplicação, maior a capacidade de trabalho da aeronave e menor o custo da aplicação. Entretanto, a faixa não pode ser aumentada indefinidamente, pois isso aumenta o CV e degrada a qualidade de aplicação. O segredo de uma aplicação mais eficiente é obter a maior faixa útil com o menor CV possível.

Aplicação aérea

A faixa de deposição das aplicações aéreas sempre foi medida por meio de análises de deposição com papéis hidrossensíveis. Esta técnica, apesar de eficiente, é muito demorada, limitando o número de avaliações que se pode fazer em um mesmo dia de trabalho. Isto dificulta sobremaneira a obtenção dos melhores ajustes das aeronaves, gerando custos elevados e deficiência na qualidade das aplicações.

Uma nova metodologia para avaliação da faixa de deposição de aplicações aéreas foi introduzida no Brasil pela AgroEfetiva, em parceria com a UNESP de Botucatu (SP).

A técnica, denominada Inspeção da Faixa de Deposição (IFD) auxilia o usuário das aplicações e prestadores de serviços a saberem o valor do CV para cada largura de trabalho ajustada para a aeronave, possibilitando a otimização das aplicações.

Com isso é possível obter a maior faixa útil de trabalho dentro de valores aceitáveis de CV, gerando aplicações de qualidade (menor variabilidade de dose no campo), mas com o máximo de capacidade operacional da aeronave.

Vantagens

O IFD é um método ágil e preciso que determina a melhor largura da faixa de deposição para a aeronave em questão - Crédito Eugênio Pa
O IFD é um método ágil e preciso que determina a melhor largura da faixa de deposição para a aeronave em questão – Crédito Eugênio Pa

A grande vantagem desse novo sistema de trabalho é a rapidez com que se obtém as informações, possibilitando realizar, em minutos, aquilo que normalmente levava dias para ser feito.

O IFD é um método ágil e preciso que determina, por meio da deposição das gotas sobre um fio coletor, a melhor largura da faixa de deposição para a aeronave em questão, nas configurações utilizadas. Por exemplo, uma aeronave equipada com atomizadores pode gerar uma faixa de deposição maior ou menor do que a mesma aeronave equipada com pontas de jato plano ou de jato cônico.

Como funciona

O IFD se baseia em uma metodologia desenvolvida nos EUA para utilização num programa denominado OperationS.A.F.E., o qual foi premiado em 2008 na categoria melhor programa de Stewardship da área (http://tpsalliance.org).

A base técnica para a determinação da faixa útil de trabalho é o uso de um sistema eletrônico automatizado de coleta de deposição com espectrofotômetro de fio, o qual gera a faixa de deposição ideal para cada configuração da aeronave. A partir destes dados o software determina o Coeficiente de Variação (CV) em função de diferentes valores de faixa de deposição. Na prática, a faixa de deposição é considerada ideal quando resulta em um CV de até 15%. Entretanto, o mercado aceita valores de CV de até 20%.

Antes da disponibilização do IFD, as avaliações de faixa de deposição eram realizadas utilizando papéis hidrossensíveis, um método moroso. Tal método consiste na fixação de coletores espaçados de 01 m, onde os papéis são fixados no solo na projeção da passagem da aeronave. No entanto, qualquer alteração na direção do vento durante aquelas avaliações representava um transtorno, pois mudava o local de deposição das gotas e isso exigia mudar todos os coletores de lugar.

Outros fatores negativos são a dificuldade dos papéis em captar gotas muito finas e a morosidade do processo, pois os papéis hidrossensíveis têm que ser lidos individualmente, num processo que leva muito tempo. Neste sentido, outra vantagem do IFD é que a coleta feita pelos fios não ocorre apenas de metro em metro, mas em todo o fio, aumentando a resolução da avaliação.

O IFD é um método ágil e preciso que determina a melhor largura da faixa de deposição para a aeronave em questão - Crédito Eugênio Pa
O IFD é um método ágil e preciso que determina a melhor largura da faixa de deposição para a aeronave em questão – Crédito Eugênio Pa

Detalhes

No sistema IFD, para a coleta de dados a aeronave sobrevoa o fio coletor, e após a coleta o fio é analisado no espectrofotômetro. Com base na análise do comportamento do CV em função da largura da faixa de trabalho e de uma análise qualitativa dos depósitos ao longo desta faixa, a configuração da aeronave é validada a partir do posicionamento dos bicos ou atomizadores.

Para cada configuração são realizadas diversas repetições, visando maior precisão científica do método. O processo termina com a geração de um relatório técnico da uniformidade de deposição em função da faixa desejada, assim como sugestões para a melhoria da deposição e otimização da faixa útil da aeronave.

Além de permitir ajustes rápidos na direção do voo, caso haja mudança na direção do vento durante as avaliações, o IFD conta com aparatos para medir a velocidade e altura de voo, bem como a velocidade e direção do vento, além de temperatura e umidade. Essas informações são inseridas no programa, sendo que algumas delas auxiliam na determinação da faixa de deposição.

Dicas importantes

A faixa de deposição de uma aplicação não pode ser definida considerando-se apenas a necessidade de desempenho operacional. Ao aumentá-la, é necessário levar em consideração a sua qualidade, a uniformidade das gotas e as questões de segurança ambiental.

Assim, o método do IFD busca saber o quão uniforme uma faixa está em determinadas condições operacionais. Para isso, é monitorado o coeficiente de variação (CV). Quanto menor o valor do CV e maior o tamanho da faixa, mais eficiente é a aplicação gerada pela aeronave.

Essa matéria completa você encontra na edição de abril 2018 da revista Campo & Negócios Grãos. Adquira já a sua para leitura integral.

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