PatrÃcia de Oliveira Piacentini
Sandra Dalla Pasqua
sandra-dalla-pasqua@hotmail.com
Engenheiras agrônomas e mestres em Agronomia
Para não errar, o produtor deve saber que, de acordo com seu objetivo, há um fosfito específico a ser aplicado. No início do ciclo, por exemplo, quando a aplicação visa à indução de resistência, o fosfito de cobre é o ideal. Já no final de ciclo, o fosfito de potássio deve ser a escolha, visando potencializar o fungicida e também melhorar o enchimento de grãos.
O caso do feijão
O feijão é um dos alimentos mais consumidos pelo brasileiro, pois representa umas das mais importantes e baratas fontes proteicas e calóricas na dieta humana. Entretanto, um grande desafio da cultura é o aumento da produtividade, que é afetada por diversas pragas, doenças e intempéries do tempo.
Dentre as principais causas para a ocorrência e predisposição das plantas a patógenos e pragas (insetos) está o desequilíbrio nutricional, fator responsável pelo desencadeamento dos mecanismos de defesa da planta.
 Os nutrientes estão envolvidos, direta ou indiretamente, nestes mecanismos e a nutrição inadequada pode ocasionar má formação de compostos orgânicos primários (aminoácidos, proteínas, enzimas e outros); redução na taxa de ativação de enzimas e desequilíbrio hormonal; acúmulo de compostos orgânicos de menor peso molecular (glicose, sacarose e aminoácidos livres); redução de síntese de compostos secundários que atuam como inibidores da evolução de pragas e doenças e redução da produtividade.
Atuação do fosfito
O fosfito é considerado um fertilizante à base de fósforo e apresenta funções bioquímicas importantes na formação do material genético (DNA e RNA) das plantas, na molécula de ATP (principal fonte de energia da planta) e como constituinte da membrana celular.
São produtos líquidos originados da neutralização do ácido fosforoso (H3PO3) por uma base, como o hidróxido de sódio, de potássio, de amônio, entre outros. O mais utilizado, o hidróxido de potássio, forma o fosfito de potássio, que possui excelentes qualidades sanitárias com atividade fungicida, atuando diretamente sobre os fungos ou ativando o mecanismo de defesa das plantas, ao induzir a produção de fitoalexinas.
O fosfito pode atuar de três formas:
â–º Atuação direta, por apresentar ação fungistática sobre alguns patógenos, causando a morte ou inibição do crescimento do fungo;
â–º De forma indireta, pela ativação dos sistemas de defesa das plantas, por indução de resistência, estimulando a síntese de fitoalexinas, que são substâncias químicas naturais de defesa, sendo capazes de contribuir efetivamente para a redução de patógenos;
â–º Retira as plantas da janela de suscetibilidade aos patógenos, pois auxilia no equilíbrio da nutrição da planta, sendo que estando bem nutrida esta apresenta menor chance de contrair doenças.
Opções de fosfitos disponíveis
Atualmente,encontramos no mercado diversos fosfitos, como fosfito de cálcio, magnésio, manganês, zinco, boro, cobre, amônio e o de potássio, que é um dos mais utilizados.
Para saber qual fosfito é ideal para cada fase, deve-se considerar a função do nutriente na planta e identificar se este realmente se encontra em baixas quantidades (análise foliar).Por exemplo, o cálcio é responsável pela permeabilidade e estrutura da parede celular das plantas, sendo que uma planta bem estruturada apresentará maior resistência a doenças e pragas.
Ainda, a falta desse nutriente reduzirá a eficiência da fixação biológica do nitrogênio (N). Assim, recomenda-se utilizar o fosfito de cálcio na fase vegetativa (início do ciclo da cultura).
O cobre possui participação na fotossíntese, na respiração e também na fixação de N, sendo conhecido pelo aumento da resistência a doenças e à estiagem. O fosfito de cálcio também é recomendado para aplicação na fase inicial/vegetativa.
Entretanto, nada impede que estes sejam aplicados em fases mais avançadas, pois são essenciais para a fotossíntese, podendo potencializar o enchimento de grãos e apresentar efeito sinérgico quando adicionados juntamente com o fungicida.
O magnésio e o manganês são responsáveis pela síntese de clorofila e proteínas, essenciais durante o processo de fotossíntese e utilização dos fotoassimilados, podendo ser utilizado em qualquer fase da cultura. Ambos possuem relatos tanto na redução de doenças quanto no incremento de produtividade do feijão.
O fosfito de potássio, o mais utilizado e conhecido, é responsável pela ativação enzimática, eficiência da água na planta, fotossíntese, síntese de proteínas e pelo transporte de água, açúcares e nutrientes. Indicado durante todo o ciclo, mas geralmente é aplicado na fase reprodutiva e início de enchimento de grãos, com o objetivo de potencializar fungicidas e o enchimento de grãos. Plantas bem nutridas com potássio apresentam maior resistência a doenças, pragas, ao acamamento e à seca.
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