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quinta-feira, maio 2, 2024
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Pepino holandês: Cultivo hidropônico garante benefícios?

Autores

Júlio César Ribeiro
Engenheiro agrônomo e doutor em Agronomia – Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ)
jcragronomo@gmail.com
Amanda Santana Chales
Engenheira agrônoma – UFRRJ
amandaachales@gmail.com
Crédito: Weber Velho

O pepino holandês pertence à família das Curcubitáceas, a mesma da abóbora, melão e melancia. É uma hortaliça de fruto com um bom valor nutritivo, sendo fonte de vitaminas e sais minerais.

O cultivo de pepino holandês em sistema hidropônico protegido possibilita a produção de frutos com excelente qualidade e durante o ano todo, favorecendo, ainda, a otimização do espaço de cultivo e do uso da água.

Entenda melhor

As plantas de pepino holandês podem ser cultivadas em diferentes sistemas hidropônicos, sendo o tipo NFT (Nutriente Film Tecnique) e o semi-hidropônico os mais difundidos.

O sistema hidropônico do tipo NFT consiste na passagem por gravidade de uma lâmina de solução nutritiva pelo sistema radicular das plantas que são dispostas em perfis hidropônicos.

No sistema semi-hidropônico, as plantas se desenvolvem em substrato inerte, recebendo solução nutritiva via irrigação. Em ambos os sistemas, as plantas precisam ser tutoradas, visto que apresentam forma de crescimento indeterminado.

O cultivo hidropônico de pepino holandês em ambientes controlados, como casas de vegetação, possibilita também maior controle de temperatura e umidade, viabilizando o adequado desenvolvimento das plantas.

Por onde começar

A escolha da cultivar e o manejo adequado das plantas de pepino holandês são de suma importância para garantir boa produtividade e rentabilidade ao produtor. Seu cultivo em sistemas hidropônicos pode ser realizado durante o ano todo, desde que algumas características com relação à temperatura sejam respeitadas.

As plantas de pepino holandês têm seu desenvolvimento favorecido por climas quentes, com temperaturas entre 20 e 30°C, sendo acima de 25°C ideal para a germinação das sementes e o desenvolvimento das mudas.

As mudas podem ser produzidas em bandejas de isopor ou polietileno com substrato, sendo colocadas de uma a três sementes por célula, dependendo da cultivar utilizada. Outra forma de produção das mudas é pela espuma fenólica, onde as sementes são colocadas para germinar, passando em seguida pela etapa de berçário, onde as sementes germinadas começam a receber solução nutritiva, para após serem transplantadas para os locais definitivos de desenvolvimento.

O transplante das mudas para os perfis hidropônicos pode ser realizado entre 15 e 25 dias após a semeadura.

Produtividade

Por proporcionar um uso eficiente do espaço, o cultivo hidropônico protegido possibilita uma boa produtividade, podendo atingir entre 40 e 60 toneladas por hectare, dependendo da cultivar utilizada.

O cultivo em sistema hidropônico protegido, além de apresentar um manejo mais facilitado contra pragas e doenças, favorece vários ciclos de cultivo ao longo do ano, tendo em vista que é possível a realização de uma colheita precoce, comparado ao plantio convencional dessa cultura.

Colheita e mercado

O início da colheita pode variar de 40 a 50 dias após o plantio, atingindo os frutos aproximadamente 25 cm de comprimento, dependendo da cultivar.

Por apresentar casca lisa e fina, polpa carnosa e macia, com sabor adocicado e sem sementes, o pepino holandês agrada diversos paladares.

Sua maior produção e consumo encontram-se na Europa. Entretanto, no Brasil a grande procura dos consumidores por produtos diferenciados e com elevada qualidade tem favorecido o aumento da produção do pepino holandês em sistemas hidropônicos protegidos, despertando o interesse dos produtores, principalmente de regiões mais quentes, nas quais a cultura apresenta bom desenvolvimento.

Direto ao ponto

Na produção hidropônica de pepino holandês alguns erros são frequentemente encontrados, principalmente relacionados à temperatura e umidade do ar. Temperaturas muito baixas afetam diretamente o desenvolvimento das plantas, assim como a umidade do ar muito elevada pode proporcionar o desenvolvimento de doenças fúngicas, como as antracnoses, propagando-se facilmente pelas plantas e afetando a qualidade dos frutos.

Outro ponto importante a ser verificado no cultivo em sistema hidropônico de pepino holandês é o equilíbrio de nutrientes na solução nutritiva, tendo em vista que ao longo das fases de desenvolvimento a planta necessita de alguns nutrientes em maior quantidade, como por exemplo, nitrogênio, fósforo, potássio e cálcio, principalmente na fase de frutificação, onde ocorre maior demanda para o crescimento dos frutos.

Deste modo, é de suma importância a verificação diária do pH e condutividade elétrica da solução nutritiva, efetuando a correção, se necessário, a fim de evitar o desequilíbrio de íons.

A higienização inadequada do sistema hidropônico após o término do cultivo também é considerado um erro muito comum, favorecendo principalmente a disseminação de doenças. A limpeza de todo o sistema com produtos de desinfecção, como o dióxido de cloro e o ozônio, é necessária para garantir a eliminação de possíveis patógenos, evitando problemas no próximo ciclo de cultivo.

Custo

O custo inicial para o cultivo do pepino holandês em sistema hidropônico protegido é considerado alto, tendo em vista todo o investimento com estrutura de cultivo, como casa de vegetação, bancadas com perfis hidropônicos, estruturas de sustentação para as plantas, reservatórios de água e solução nutritiva, sistemas de bombeamento, dentre outros itens necessários ao cultivo, podendo chegar, uma área equivalente a um hectare (10.000 m²), a R$ 325 mil, dependendo do grau de tecnologia empregado.

Apesar dos diversos ciclos de cultivo ao longo do ano, o retorno do investimento é esperado a médio e longo prazos. Entretanto, com o manejo adequado da cultura, o produtor poderá ter um bom retorno financeiro, considerando que o consumo de pepino holandês é crescente no País e com bom valor de mercado.

Contudo, é necessário a realização de um planejamento de produção adequado, escolhendo o melhor sistema hidropônico a ser utilizado, considerando, ainda, as características climáticas de cada região e recursos financeiros disponíveis para que se tenha sucesso na atividade.

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