Autores
Luísa Fonseca Vasconcelos
lvasconcelos181@gmail.com
Giordânia Rocha da Silva
giordania.rocha@gmail.com
Gessika Caroline da Silva Freitas
gessikafreitas08@gmail.com
Graduandas em Engenharia Agronômica e membros do Grupo de Apoio à Pesquisa e Extensão em Fertilidade do Solo (G-FERT), Universidade de São João del-Rei (UFSJ)
As principais e mais importantes culturas estão em risco antes mesmo de chegarem até o campo. Muitos patógenos, como bactérias, fungos, vírus e nematoides, estão presentes no solo ou nas sementes. Eles impedem o pleno desenvolvimento de várias culturas, sendo algumas delas milho, trigo, feijão e soja, dentre as comodities mais importantes.
Os patógenos se utilizam das sementes para sobreviver e se disseminar. Dessa forma, o tratamento de sementes com fungicidas é uma alternativa barata e viável para a redução do dano causado por patógenos fúngicos de sementes.
Pragas de solo também podem causar falhas na lavoura, pelo fato de se alimentarem de sementes, raízes e da parte aérea das plantas. Além disso, o tratamento favorece o desenvolvimento de plantas vigorosas e sadias. Este procedimento é essencial para garantir uma boa germinação.
A soja é uma das culturas mais atacadas, pois muitos patógenos presentes no solo ou transmitidos via semente reduzem o estande das lavouras (Costamilan et al., 2010). O tratamento fúngico de sementes nesta cultura, portanto, tem por objetivo a proteção e garantia da máxima germinação em decorrência de patógenos.
Esse tratamento elimina os fungos das sementes que já estavam instalados e protege contra a ação de outros considerados fungos de solo, que causam doenças e se manifestam no processo de germinação.
Benefícios
Atualmente, 90% dos patógenos que causam problema às lavouras podem ser erradicados no tratamento de sementes.
Em 1981 foi homologado o tratamento de sementes com fungicida. Na época, esse tratamento causou impacto aos agricultores, pois muitos não sabiam como de fato funcionava. Então, o que foi decido na década de 80 era fazer uma mistura com tratamento sistêmico que interrompesse ou diminuísse o crescimento de patógenos rapidamente com o produto de contato. Esse método aumenta a proteção em relação às doenças que virão das sementes.
Manejo
O tratamento de sementes é uma das medidas fitossanitárias mais eficientes nas lavouras de soja e milho. Esta prática não só ajuda a eliminar ou reduzir a pressão de pragas e doenças em sementes e plântulas, mas também pode impedir a entrada do patógeno em áreas isentas.
Os fungicidas, em geral, são aplicados na forma líquida, recobrindo as sementes. A maior importância desse tratamento nas sementes é que a maioria dos produtores desconhece a procedência das sementes utilizadas por eles. Não sabem de onde elas veem e se elas podem estar contaminadas com algum tipo de patógeno. Para obter sucesso em uma lavoura, o agricultor precisa começar com um bom estabelecimento do estande.
O tratamento principal começa a partir da semente, que deve estar tratada. Para isso é necessário um bom planejamento. Depois o tratamento se estende para todo o ciclo da cultura. Então, inicia-se o processo com fungicida correto e adequado, que tenha o registro para ser usado na cultura em questão.
Esses outros processos ajudarão no desenvolvimento de plantas daninhas e no controle de pragas.
Detalhes importantes
O fungicida usado pelos agricultores apresenta em sua composição o fluazinam, ingrediente de contato, mais o tiofanato metílico, que é o princípio sistêmico. A ação desses dois produtos é que ajuda a controlar uma gama de patógenos.
Existem duas formas de fazer o tratamento – o industrial, chamado de TSI e o tratamento na fazenda, chamado on farm, que é o mais utilizado hoje. Para o tratamento feito na fazenda, o operário deve usar corretamente o IPI e executar a operação em um local seguro para si e o meio ambiente.
Atenção deve ser dada para que todas as sementes sejam recobertas com o produto. Para tanto, deve-se ler as informações do fabricante em relação ao produto e ter uma semente de boa qualidade.
Os fungicidas devem apresentar critérios como: apresentar um bom residual, não se perder no solo, proporcionar um bom enraizamento para as plantas e um maior vigor à planta. Um bom produto deve controlar as principais doenças causadas por fungos.
Alerta
São muitos os patógenos que atacam a soja. Estudos da Embrapa Soja assinala cerca de 40 doenças causadas por patógenos. Existem fatores que interferem no desempenho desses patógenos, como a disponibilidade de água e temperatura adequada.
Por outro lado, a falta de boas condições afeta a germinação e a emergência da soja e o processo se torna lento, o que proporciona a ação dos fungos, podendo causar a morte da planta.
Na soja e no feijão, a ação dos fungos é maior, especialmente no caso dos chamados fungos de armazenagem – Aspergillus sp. e Penicillium sp. O fato de a semente não ser tratada pode ocasionar perdas de 10 a 40% no rendimento de uma lavoura, interferindo diretamente na produtividade.
Viabilidade
Estudos feitos pela Embrapa Soja mostram que o custo, no caso da soja, fica em torno de 0,6% do total da produção. O mercado brasileiro investe cerca de R$ 525 milhões no tratamento de sementes com fungicidas.