Autores
Diego Munhoz Gomes
diegomgomes77@gmail.com
Fabiana Prieto Castanho
fabianacastanho26@gmail.com
Graduandos em Engenharia Florestal – UNESP/FCA
Roque de Carvalho Dias
Engenheiro agrônomo, mestre em Proteção de Plantas e doutorando em Agronomia – UNESP/FCA
roquediasagro@gmail.com
Serapilheira é definida como uma manta de material orgânico, podendo se apresentar em diferentes estágios de decomposição. É a camada superficial do solo das florestas, formada pela deposição de galhos, folhas, cascas, ramos, flores, frutos e sementes, além de dejetos de animais.
É válido ressaltar que cada ecossistema possui uma deposição diferente na superfície do solo, o que se deve às diferenças de vegetação predominante, temperatura, incidência de luz, níveis de chuva, incidência de incêndios (como é o caso do Cerrado), entre outras.
Importância
As florestas conseguem realizar o retorno da matéria orgânica e parte dos nutrientes por meio da serapilheira deposta no solo florestal. Desta maneira, é considerada um dos meios mais importantes de transferência de elementos essenciais da vegetação para o solo.
Por meio da decomposição dos materiais encontrados na serapilheira há a liberação de minerais e nutrientes, os quais servirão de alimento para a as plantas, favorecendo o crescimento e o desenvolvimento da vegetação presente. Essas funções da serapilheira nos remete à frase do grande pensador Antoine Lavoisier “na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”.
A serapilheira é responsável por atenuar processos erosivos, principalmente em regiões com elevados índices de precipitações anuais. Ao impedir que as gotas de chuva cheguem direto ao solo, causando o seu deslocamento, evitam assoreamentos de rios e morte de plantas.
Assim, a serapilheira permite que a chuva penetre lentamente no solo, dificultando o processo de lixiviação e perda de água. A mesma também funciona como isolante térmico, diminuindo as variações de temperatura ao longo dos períodos do dia.
Alerta para incêndios
É considerado material combustível todo aquele material responsável pela produção de calor, energia ou luz, sendo a queima ou a combustão do material responsáveis por desencadear uma reação química na qual os constituintes do combustível se combinam com o oxigênio do ar e entram em combustão.
A serapilheira pode ser classificada como combustível superficial, que nada mais é que toda matéria encontrada sobre ou acima do piso da floresta. Desta maneira, galhos, folhas, ramos, flores, entre outros compostos pertencentes à serapilheira, entram em combustão, podendo liberar calor e luz.
Recomendações
O método mais prático e rápido de se conhecer a quantidade de material combustível de uma floresta é desenvolvendo equações locais que permitam estimar a quantidade em função de materiais que estejam dispostos facilmente no local, tais como: espessura da matéria orgânica, área basal, idade da floresta, diâmetro médio das árvores, entre outros.
Desta forma, na quantificação de material combustível deve-se separar o material combustível total do disponível, sendo o total a somatória do material existente no piso da floresta e o disponível a parte do combustível consumida pelo incêndio.
O que fica depois
Devido à serapilheira ser encontrada em grandes proporções nas florestas e se mostrar um ótimo material combustível, está é uma das principais fontes alimentadoras do fogo. Como visto anteriormente, na formação da serapilheira podemos encontrar sementes viáveis, as quais foram depositadas sobre a superfície do solo, participando assim do banco de sementes.
Há estudos mostrando que a alta temperatura pode ser responsável pela quebra de dormência de algumas sementes. A retirada da serapilheira da área atingida pelo fogo também pode ajudar na germinação de sementes ali posteriormente depositadas.
Outro fato relacionado aos incêndios é a formação de clareiras, o que acarreta em aumento da incidência de luz e a presença de novos indivíduos, os quais serão responsáveis por repovoar a área degradada.
As clareiras aumentam a presença de indivíduos pioneiros, e o local tende a ter uma maior diversidade de espécies vegetais.
Incêndio florestal
Pode-se dizer que os incêndios florestais constituem uma das maiores ameaças às florestas nativas e aos sistemas de reflorestamento. Por causa dessa grande problemática, é necessário que sejam realizados sistemas eficientes de proteção contra os incêndios florestais.
A dificuldade física de manter baixos níveis de materiais combustíveis acumulados nas áreas florestais de forma a diminuir a propagação de incêndios também está atrelada à economia.
Grandes quantidades desse material podem aumentar a dificuldade de controle do incêndio, não somente pelo aumento do calor e do comprimento das chamas, mas também pela problemática de quebrar a quantidade e continuidade do material por meio de técnicas de combate.
O comportamento dos incêndios florestais pode estar associado não somente ás condições ambientais momentâneas. Para que se possa entender o incêndio florestal, é necessário que se tenha o pleno conhecimento do material combustível que está alimentando a combustão.
Danos
Os incêndios florestais podem causar diversos danos ao solo. A eliminação da camada orgânica irá expor o solo a diversas intempéries, provocando modificações nas suas propriedades físicas, como porosidade e, consequentemente, penetrabilidade de água no solo.
A serapilheira presente no solo age como uma esponja natural, porosa, absorvendo e facilitando a infiltração da água da chuva.
Incêndios superficiais que causam a queima da serapilheira (material combustível) em tempos secos tendem a ser bastante inflamáveis e por isso apresentam propagação relativamente rápida, abundância de chamas e uma alta liberação de calor.
Os incêndios superficiais são os mais comuns, e normalmente é a forma de ignição da maioria dos incêndios.
Prevenção de incêndios
A redução do risco de incêndios pode ser amenizada por meio de algumas técnicas preventivas, como: a construção de aceiros, que nada mais são que áreas livres de material combustível onde o solo se encontra exposto, para dessa forma evitar a fonte de alimento dos incêndios.
Os aceiros também podem servir como meios de acesso e pontos de apoio nas ações de combate. A construção de açudes também ajuda no combate ao fogo, fornecendo uma fácil e rápida captação de água para apagar o incêndio, além de influenciar no microclima local devido ao aumento da umidade relativa do ar pela evaporação.
Desta maneira, podemos dizer que a técnica preventiva mais eficiente no combate aos incêndios florestais é realizar a redução do material combustível. Como a intensidade dos incêndios está diretamente relacionada à quantidade de material combustível presente na floresta, quanto menos material estiver presente, menores serão os danos causados à vegetação, e mais fácil será o combate ao fogo.