Autor
Juliano Sabella
Planejamento é uma palavra-chave em todas as atividades econômicas, em qualquer cenário, tanto em momentos positivos ou em tempos de incerteza, como atualmente vivemos diante da pandemia do novo coronavírus. Na pecuária de leite, não é diferente, seja em sistemas de confinamento contínuo ou para os produtores que optam por manter as vacas em áreas de pastagens no período das águas. Planejar com antecedência as etapas da produção e fazer todas as contas necessárias é rotina nas fazendas de leite para manter a propriedade rentável e, nesse contexto, a aplicação de tecnologias é um dos fatores que fazem a diferença e melhora os índices zootécnicos e econômicos.
Para que os laticínios tenham matéria-prima de alta qualidade e os consumidores recebam um alimento saboroso e nutritivo, muita coisa acontece. Da porteira para dentro, a adoção do melhor manejo, o treinamento dos funcionários na fazenda, a escolha da genética, a definição da dieta das vacas, os investimentos em sanidade e a atenção para o bem-estar animal estão entre algumas das principais preocupações dos produtores de leite
Na pecuária de leite, a nutrição animal representa uma grande fatia do custo produtivo. Atualmente, há uma série de tecnologias disponíveis no mercado que auxiliam o produtor rural a melhorar o desempenho das vacas na produção de leite de alta qualidade. Em busca da excelência produtiva, dois fatores devem ser levados em consideração: a quantidade de alimento a ser fornecido aos animais e a qualidade nutricional. Seja por características geográficas ou pelo período de estiagem, a escassez de forrageira faz parte do planejamento do produtor. Quando a forragem (ou pasto) não apresenta níveis satisfatórios de proteína, vitaminas e minerais, pode-se fazer uso da suplementação de duas formas, fornecendo mais concentrado (ração) e/ou mais volumoso, como silagem e fenos – nesse caso, pode haver variação ao longo do ano em função da disponibilidade e também pelo sistema produtivo da fazenda, havendo sistemas que usam 100% do volumoso no cocho, ou no fornecimento para as vacas confinadas. Para a silagem, a suplementação é diária e ocorre no cocho ou nos silos de superfície em meio às pastagens. Já na utilização de fenos, são indicados grandes fardos com livre acesso para os animais.
A tecnologia presente nos suplementos nutricionais já permite o aumento de ingestão de matéria seca, melhor degradação de fibras, proteínas e amido e até reduz os transtornos metabólicos, fatores essenciais para a manutenção da saúde do animal e de seu produto, o leite. Um dos exemplos interessantes de nova tecnologia de nutrição lançada esse ano é um metabólito específico de vitamina D3 que ajuda os bovinos a absorverem de forma mais rápida e eficiente os macrominerais (cálcio, magnésio e fósforo), essenciais ao desenvolvimento ósseo e que têm importante função para melhorar a imunidade dos animais, elevando a produção, o bem-estar dos animais e a segurança alimentar (leite e carne).
Mas, como acontece com qualquer tecnologia, para ser bom ela tem de se pagar. Na nutrição animal, a tecnologia se paga pelos benefícios em desempenho e rentabilidade, sendo um caminho mais rápido e com retornos mais altos. Nesse momento, em que todas as atividades econômicas têm sido impactadas pelas medidas de combate à pandemia da Covid-19, a cadeia do leite se mostra robusta e ininterrupta, à medida que fornece alimento nutritivo e de alta qualidade para o mercado. A aplicabilidade da tecnologia no campo é a chave-mestra do alto desempenho, que auxilia o produtor a manter a saúde de seu negócio e de seu produto tanto em períodos de normalidade como em eventos atípicos.