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Fernando Cezar Juliatti
Professor da Universidade Federal de Uberlândia e pesquisador do CNPq
Os fungicidas protetores são moléculas químicas que atuam na germinação de esporos fúngicos (amônia quartenária – cloretos de benzalcônio), sulfurados ou à base de enxofre, mancozebe, clorotalonil, propinebe, metiram, oxicloreto de cobre, sulfato de cobre, óxido de cobre, estanhados, caldas cúpricas (bordalesa e viçosa), caldas sulfocálcicas, etc.
Estes produtos, com sua camada protetora, impedem também a penetração de células bacterianas pelas aberturas naturais das folhas (mesófilo), como os estômatos e hidatódios. Deste modo, os agentes fitopatogênicos não penetraram no interior das plantas.
Por onde andam
Os fungicidas protetores “saÃram” das lavouras devido ao marketing da indústria química que, ao buscar cada vez mais as moléculas sistêmicas e específicas e também a redução da dose no campo ou lavoura, foram aos poucos deixando de comercializar e usar estas moléculas, em alguns casos, como os cúpricos ou a base de cobre devido à fitotoxicidade em algumas plantas ou cultivos.
Houve, ainda, problemas com o uso inadequado, que deixavam resíduos nos produtos de colheita.
Resistência às pragas e doenças
Resistência é um fenômeno biológico em que os indivíduos mutantes se multiplicam após a aplicação do produto químico (fungicida ou inseticida (insetos pragas) ou plantas infestantes (herbicidas)), ou são selecionados de forma crescente e vão dominando a população original, a não ser que o produto químico ou agente de seleção seja retirado.
Estes mutantes existem naturalmente na população e, em média, a cada um milhão de células aparece um mutante. O uso contÃnuo de moléculas sistêmicas e específicas levou ao aumento da resistência no campo. Urge, portanto, restabelecer o equilíbrio com as moléculas protetoras que sejam fungicidas, inseticidas ou herbicidas.
Estas moléculas são de amplo espectro, pois apresentam, em muitos casos, mais de 60 mecanismos de ação, reduzindo brutalmente o risco de resistência.
Benefícios
Os fungicidas protetores atuam com seus mais e 60 mecanismos no metabolismo vital de fungos e, desta forma, eliminam as chances de células ou esporos resistentes sobreviverem e dominarem, com o passar do tempo, a população original das pragas e doenças.
 X – Células resistentes (Originalmente ou naturalmente um indivÃduo em cada um milhão)
Manejo
O manejo desses produtos deve levar em conta a alternância nas pulverizações dos fungicidas sistêmicos com os protetores, ou ainda a associação destes durante as pulverizações.
O importante é reduzir a frequência de fungicidas sistêmicos no campo em sequência como PrioriXtra, Ópera, Aproauch Prima, Fox, Orkestra, Cercobim e outros.
Deve-se reforçar que os fungicidas protetores devem ser usados nas primeiras pulverizações e não no final de ciclo da cultura. O uso deve ser preventivo.
Nas últimas pesquisas desenvolvidas na UFU e no Brasil tem-se demonstrado uma redução da severidade de doença e melhoria da produtividade quando se adicionam os protetores junto aos sistêmicos, ou seja, ocorre um efeito aditivo do protetor com o sistêmico, e nunca um efeito antagônico.
Resultados de campo
Os fungicidas protetores têm trazido mais sanidade, redução nas formas resistentes, mais qualidade na proteção e mais produtividade às lavouras brasileiras. Quanto ao custo, fica, em média, 0,5 sc/ha de soja, ou menos, considerando o custo do fungicida e a aplicação em si (máquina e operador).