Autores
Mariane Gonçalves Ferreira Copati – Engenheira agrônoma e doutoranda em Fitotecnia – Universidade Federal de Viçosa (UFV) – marianegonferreira@gmail.com
Carlos Nick – Engenheiro agrônomo, doutor em Fitotecnia e professor de Olericultura – UFV – carlos.nick@ufv.br
O tomate é uma hortaliça reconhecida mundialmente devido a sua importância socioeconômica e nutricional. É uma hortaliça versátil, pois pode ser consumida em saladas, na forma de sopa, suco, ketchup, molhos, pasta, em pó e outros produtos. Nutricionalmente, o fruto é rico em potássio, ácido fólico, vitamina C, vitamina E, flavonoides e carotenoides, principalmente o licopeno.
O tomateiro pode ser cultivado por meio de tutores, denominado tomate envarado, ou rasteiro. As cultivares destinadas ao cultivo envarado têm, em geral, porte alto e necessitam de tutoramento, possuindo como finalidade o consumo in natura.
O tipo rasteiro apresenta plantas de porte compacto, hábito de crescimento determinado e não necessita de tutoramento, sendo destinado prioritariamente para o processamento industrial, ou podem ser tutorados com o sistema meia estaca, quando destinados à mesa.
No segmento mesa, predomina o cultivo do tomate envarado, uma vez que os frutos não ficam em contato com o solo, o que aumenta sua qualidade, facilita o controle fitossanitário, melhora o arejamento das plantas e, consequentemente, reduz a incidência de doenças.
No entanto, o custo de produção desse tipo de cultivo é muito elevado devido, principalmente, ao grande gasto com mão de obra e insumos agrícolas, o qual gira em torno de R$ 9.000,00 por mil pés nas principais regiões produtoras.
Produção
O tomate rasteiro é produzido em larga escala para indústria, onde a cultura demanda pouca mão de obra nos tratos culturais, a irrigação é realizada geralmente por pivô-central e a colheita é toda mecanizada. No Brasil, a principal região produtora de tomate rasteiro destinado ao processamento industrial é a Centro-Oeste, sendo Goiás o maior produtor.
A produtividade média das lavouras de tomate rasteiro para indústria é de 80 toneladas por hectare, sendo que, nos últimos anos, em algumas propriedades a produtividade ultrapassou 100 toneladas por hectare.
O custo de produção desse sistema chega a ser 80% menor que o cultivo do tomate envarado. Com isso, a produção do tomate rasteiro para mesa se torna uma estratégia vantajosa para redução dos custos de produção desta cultura, principalmente com mão de obra na realização dos tratos culturais.
Critérios
Na adoção da produção em cultivo rasteiro de tomate de mesa é necessário observar alguns fatores importantes, tais como: condições climáticas da região onde se deseja cultivar, o sistema de cultivo, época de implantação da lavoura e a escolha da cultivar.
O tomateiro é cultivado em ampla faixa de condições climáticas. Em sistemas de cultivo a céu aberto ou sob casas de vegetação, com e sem solo, o tomateiro tem requerimentos climáticos específicos para os diferentes estádios de crescimento e desenvolvimento.
Dessa forma, é fundamental conhecer muito bem as condições climáticas prevalentes no ambiente onde se pretende implantar a cultura para se obter altos rendimentos de frutos com boa cotação comercial.
A temperatura ótima para o crescimento vegetativo situa-se entre 21 e 24ºC, com limites extremos, mínimo e máximo, de 18 e 32ºC, respectivamente. Temperaturas fora desses limites originam problemas ao desenvolvimento da planta em geral, e ao sistema radicular em particular. Além disso, pode favorecer o desenvolvimento de doenças que comprometem a cultura, principalmente no cultivo rasteiro.
Nas condições climáticas das principais regiões produtoras de tomate rasteiro (Centro-Oeste e Nordeste do País) predomina o clima seco com temperaturas mais elevadas. Essas condições climáticas são imprescindíveis para o sucesso do cultivo rasteiro, principalmente pelo maior controle dos problemas causados por pragas e doenças.
Evolução do cultivo
Na região sudeste já foram relatados alguns cultivos de tomate rasteiro para mesa nos municípios mineiros de Passa Tempo, Carmópolis e Pará de Minas. A expansão desses cultivos é promissora em Minas Gerais, principalmente no Centro e Norte do Estado, além da região do Triângulo Mineiro.
Nessas regiões é possível encontrar as condições climáticas ideais para a condução desse tipo de cultivo. Ainda na região sudeste, algumas regiões dos Estados de São Paulo e Espírito Santo também apresentam condições para o cultivo, desde que a escolha da cultivar e da época de plantio seja apropriada.
O preparo do solo, as adubações e o controle de pragas e doenças são similares aos cultivos tradicionais de tomateiro. As principais diferenças no cultivo rasteiro para mesa em relação ao industrial estão relacionadas ao método de irrigação, à colheita e ao sistema de condução.
Recomendações
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Para o cultivo do tomateiro rasteiro, o mais indicado é a irrigação por gotejamento, colheita manual e a condução no sistema de meia estaca ou com a utilização de mulching. O tutoramento do tipo meia estaca é recomendado para cultivares de crescimento determinado e porte baixo.
Nesse sistema, pequenos mourões, com cerca de 1,30 m de altura, são afixados nas extremidades das linhas de plantio. Em seguida, um fio de arame deve ser amarrado em cada mourão, na horizontal, na altura de 0,40 a 0,50 m do solo.
A cada cinco plantas, finca-se uma vara de bambu para sustentar o arame, no qual a planta será amarrada. À medida que a planta ultrapassar a altura do arame, devem ser amarrados aos mourões e paralelamente ao arame, na horizontal, dois fios de fitilho espaçados de 0,30 m.
Com esse manejo, as plantas ficam confinadas no espaço entre os fitilhos, evitando o tombamento. Alternativamente, os fitilhos podem ser passados entre as plantas em zigue-zague.
Já o mulching agrícola é uma técnica que envolve a cobertura do solo, geralmente com plástico (filme), que pode ter diferentes colorações. A utilização do mulching vem crescendo, uma vez que possibilita a economia de água, por manter a umidade e reduzir a temperatura do solo; reduz os custos de mão de obra com a capina; e ainda protege os frutos, que não ficam em contato direto com o solo.
Redução de custo
A grande vantagem do uso do sistema rasteiro para mesa é a redução do custo de produção, que pode chegar a 60% do total gasto no tomate envarado, mantendo a produtividade. A redução de custo é devido, principalmente, à redução do custo com mão de obra na condução da cultura. No entanto, a rentabilidade do produtor dependerá do custo efetivo de produção e do valor de venda, os quais variam de acordo com a região e época do ano.
Em regiões com condições climáticas não tão favoráveis para o cultivo do tomate rasteiro, recomenda-se a utilização do sistema meia estaca. Dessa forma, em condições com umidade relativa alta e temperaturas amenas é possível ter maior eficiência no controle de pragas e doenças na cultura, viabilizando, assim, o cultivo.
Além disso, para auxiliar na tomada de decisão por parte dos agricultores, já existem no mercado cultivares específicas destinadas ao cultivo rasteiro para mesa, as quais possuem especificações quanto à época de plantio para cada região produtora.
O cultivo do tomate rasteiro para mesa é promissor e tem grande potencial de expansão. No entanto, o produtor deve se atentar principalmente às condições climáticas da localidade onde deseja produzir, à época do cultivo e escolha da cultivar. A escolha inapropriada desses fatores pode comprometer o sucesso da lavoura e conduzir a perdas na produção.