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Minas chega a agosto com 74% do algodão colhido

O volume de algodão em caroço por hectare faz do estado o segundo melhor em produtividade no país

Colheita de algodão – Créditos: Jose Lusimar Amipa

De acordo com os dados do setor Amipa Georreferenciamento e Dados da Associação Mineira dos Produtores de Algodão (Amipa), Minas Gerais chega ao final de agosto com 74% do algodão colhido em área total de plantio de 36.577 hectares na safra 2019/20. Mais de 38% desse volume produzido foi beneficiado e liberado para comercialização.

Para o diretor executivo da Amipa, Lício Pena, a avaliação geral da safra 2019/20 é positiva, com índices de produtividade do algodão em caroço (4.425 kg/ha) e de algodão em pluma (1.770 kg/ha) melhores do que os registrados na safra passada, e bem competitivos dentro dos indicadores do agronegócio algodão do país.

“Na estimativa da Amipa, o volume de algodão em caroço vem se confirmando, desde as primeiras áreas em colheita, no patamar de 292 arrobas por hectare, índice superior ao da safra passada, 290 arrobas. É um número considerado muito bom, que nos coloca em segundo lugar no Brasil em termos de produtividade estadual”, informa Lício.

Diante desse comparativo entre estados, o diretor da Amipa destaca que Minas Gerais, por ser um estado que apresenta tanto áreas de alta, média e baixa tecnologia, quanto de alta e baixa altitude, faz desse resultado médio de 292 arrobas/ha um indicador muito bom, que demonstra o esforço e o bom trabalho do produtor mineiro dentro das porteiras.

“Tivemos talhões de produtividade fantástica, acima de 400 arrobas/ha. São números que buscamos nessas áreas consideradas como modelo para avançarmos, de maneira que a produtividade média do estado cresça a cada ano”, relata Lício.

O Noroeste Mineiro tem se mantido como o maior produtor estadual de algodão, liderando também no indicador de produtividade de fibra, com maior volume de produção em municípios como Presidente Olegário, Unaí, São Gonçalo do Abaeté, Paracatu, Varjão de Minas, Buritis, Vazante, Lagoa Grande e Brasilândia.

“A região sempre teve uma posição de liderança no estado, porque é onde sempre tivemos mais plantio de algodão. É uma região propícia para o algodão, com áreas irrigadas em baixas altitudes e áreas de agricultura de chapadões, de maior altitude. É natural que o Noroeste seja a região mineira com o maior plantio de algodão na atualidade”, afirma.

Cenário de colheita e beneficiamento

Colheita de algodão – Créditos: Jose Lusimar Amipa

Na agricultura empresarial, a colheita foi iniciada em junho e deve ser finalizada em setembro, com o processo de beneficiamento a ser finalizado até dezembro. A produção se concentrou em 43 fazendas de produtores filiados à Amipa, localizadas em 35 municípios das regiões Noroeste, Norte de Minas, Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba.

Juntas, as regiões de plantio empresarial devem responder por mais de 160 mil toneladas de algodão em caroço e mais de 64 mil toneladas de algodão em pluma, sendo cerca de 88 mil toneladas de caroço destinadas à alimentação animal.

Na agricultura familiar do Norte de Minas, a colheita iniciada em março deve ser concluída em agosto, mês também estimado para conclusão do beneficiamento do algodão realizado na miniusina de Catuti, que já processou 80% do produto colhido. A região é caracterizada por pequenas lavouras de cotonicultores familiares associados, sediados em 11 municípios do Semiárido Mineiro.

Comparativo entre safras

A safra 2019/20 registrou um recuo de área plantada em relação à safra 2018/19, de 42,7 mil hectares para 36,5 mil hectares, acompanhado pela redução do número de unidades produtivas da agricultura empresarial, de 50 para 43 fazendas.

A produção de algodão em caroço, de 185,9 mil toneladas na safra anterior, deve baixar para 162,8 mil toneladas, sendo que o volume de caroço de algodão para alimentação animal deve cair de 100,3 mil toneladas para 87,9 mil toneladas.

A produção de algodão em pluma da safra atual deve fechar em 65,1 mil toneladas, cerca de 12% menor em relação às 74,3 mil toneladas obtidas no ciclo passado.

A produtividade de fibra do algodão total do estado deve atingir 1.773,08 kg/ha, sendo estimados os indicadores por região em kg/ha: 1.840,44 no Noroeste Mineiro; 1.666,03 no Norte de Minas Empresarial; 1.080,00 no Norte de Minas familiar e 1.772,82 no Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba.

Mercado doméstico e externo

O estado deve comercializar no mercado regional 25,3 mil toneladas do algodão em pluma, que representa 25% do volume total consumido pelas indústrias têxteis mineiras no período de abril de 2019 a março/2020, em atendimento ao Acordo de Cooperação estabelecido pelo Programa Mineiro de Incentivo à Cultura do Algodão (Proaminas), do qual são signatários o governo de Minas, a Amipa e os Sindicatos das Indústrias Têxteis.

Segundo o diretor da Amipa, 100% da produção de algodão da agricultura familiar do Norte de Minas já está negociada junto às indústrias têxteis mineiras.

Cerca de 32,5 mil toneladas de pluma, número superior às 27,9 mil toneladas enviadas ao exterior na safra passada, serão exportadas para países como Bangladesh, China, Indonésia, Paquistão, Turquia e Vietnã. A Amipa participa ativamente junto à Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa) de rodadas de negócios e fomento da pluma brasileira no exterior, principalmente com foco na Ásia.

“O aumento das exportações decorreu da apreensão dos produtores quanto aos efeitos da pandemia sobre o futuro do consumo de têxteis no Brasil e da oportunidade surgida com a desvalorização do real frente ao dólar. Favoreceram, ainda, as novas frentes de comercialização para a pluma mineira abertas pela Amipa, como operações de barter e de relacionamento com tradings e corretoras, e a participação em ações de fomento ao consumo de algodão nacional no exterior, junto com a Abrapa”, destaca Lício.

Para a safra 2020/21, diz o diretor, o setor produtivo já conta com mais de 12 mil toneladas de pluma comprometidas em contratos de exportação.

A maior parte da safra mineira 2019/20 vai fornecer algodão sustentável, certificado segundo o protocolo do programa Algodão Brasileiro Responsável (ABR) e Better Cotton Initiatie (BCI), e com a certificação de origem e qualidade do produto, emitida pelo Instituto Mineiro do Algodão (IMA) com o apoio técnico da Central de Classificação de Fibra de Algodão – Minas Cotton, unidade filial da Amipa localizada em Uberlândia.

“A cada safra, a certificação adquire maior relevância no ambiente das negociações, tanto na exportação como no mercado interno, à medida que importantes players consumidores de têxteis começam a exigir o selo e consideram o aumento gradual de consumo de algodão BCI, como Adidas, H&M, IKEA, Levi’s, Renner, C&A, Lindex, Nike, Bestseller e outros”, ressalta Lício.

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