Lucas Guilherme Araujo Soares – lucasifpa@gmail.com
Antônio Rafael Neri dos Santos – rafaelnsantos29@gmail.com
Graduandos em Agronomia – Universidade Federal da Amazônia (UFRA), Campus Capitão Poço – PR
Thiago Feliph Silva Fernandes – Engenheiro agrônomo e mestrando em Agronomia/Produção Vegetal – Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho” (FCAV/UNESP), Campus de Jaboticabal – SP – thiagofeliph@hotmail.com
O manejo integrado objetiva a redução de fitopatógenos no campo afim de evitar danos causados por eles. Para a execução do manejo integrado é necessário fazer inspeções nos pomares, de modo a fornecer dados seguros para as decisões a serem tomadas, não só para o controle das pragas, mas também para a preservação dos naturais e do meio ambiente (Martins, 2003; Santos Filho et al., 2007)
O manejo integrado desempenha um papel importante na redução de gastos com defensivos. Na cultura no mamão, o uso exagerado de defensivos pode causar diferentes danos se utilizado com frequência, podendo criar uma resistência ao patógeno.
Uma das alternativas de reduzir custos com defensivos é adotar o controle genético por meio de combinações varietais, medida esta que atua no princípio da imunização, selecionando cultivares resistentes ou tolerantes a certos grupos de fitopatógenos.
Integração de métodos
Quando se pensa em manejo integrado, deve-se optar por mudas de viveiro com certificação de qualidade, visto que mudas com procedência de origem garantem características de resistências a determinado fitopatógeno.
Além disso, quando o produtor optar por material vegetativo com certificado de origem, aplica-se o princípio do triângulo da doença, que é o da exclusão. Vale ressaltar que a cultura do mamoeiro sofre constantemente o ataque dos mais variados tipos de doenças e pragas, sendo a mais importante na cultura do mamoeiro o vírus do mosaico (VMM) e o vírus da mancha anelar (VMAN), doenças essas sem medidas curativas.
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Outras doenças com baixa incidências, são ocasionadas por artrópodes, como ácaros, insetos ou fungos que causam o oídio, pinta-preta e o tombamento causado por Pythium, respectivamente (Oliveira et al., 1994).
O solo
O preparo do solo é um fator importante no manejo, pois visa aliar técnicas conservacionistas no controle de pragas e doenças. Essa prática consiste no princípio da regulação, ou seja, para que o manejo integrado funcione é importante que seja realizado antecedendo o plantio, pois assim pretende-se melhorar a estrutura do solo, como aeração em solos compactados e drenagem da água no solo, cooperando para que as plantas tenham pleno desenvolvimento, melhorando a estrutura radicular, controlando possíveis vetores de pragas e doenças do solo, como fungos e nematoides, e evitando a podridão das raízes.
O manejo do solo é uma das etapas mais importante que se deve realizar no controle de pragas e doenças, pois quando não se tem os cuidados devido, a área de cultivo pode se tornar um grande vetor capaz de infectar todo o plantio.
A adubação é outro fator que deve ser integrado no manejo, devendo-se priorizar tanto a orgânica quanto a mineral, levando em consideração que uma complementa a outra. Essa é uma prática essencial ao princípio da regulação, agindo na taxa de desenvolvimento da praga.
Em outras culturas, certas adubações podem favorecer o aparecimento de uma praga, ou desfavorecer o aparecimento de outra. Assim, toda adubação deve ser equilibrada e baseada em análises de solo.
Controle de daninhas
O manejo de plantas invasoras deve ser priorizado nesse sistema, uma vez que servem de refúgio para pragas e doenças da lavoura de mamão. Esse manejo deve ser integrado, contando que as mesmas competem com a cultura principal por água, luz, nutriente e espaço, causando muitos prejuízos às culturas, devendo estarem sempre manejadas a nível do solo.
O manejo adequado de plantas infestantes para as culturas fruteiras é aquele que permite a formação de cobertura vegetal permanente sobre o solo na entrelinha da cultura, roçada três a quatro vezes ao ano, e aplicação de herbicida pós-emergente duas vezes ao ano, para o controle das plantas infestantes e formação de cobertura morta (Carvalho 2013).
Irrigação
A irrigação é um dos manejos primordiais da cultura, e possui o princípio de regulação do ambiente, mas pode ser um fator preocupante se não manejada corretamente, podendo ser agente de disseminação de inóculos de pragas hospedeiras do solo ou aquelas que atacam flores e frutos.
Aliando todos os manejos descritos nesse trabalho, é possível reduzir gastos com defensivos e alavancar a produção de forma sustentável e eficiente, empregando sempre o manejo integrado para a cultura do mamoeiro, afim de obter safras recordes e boa lucratividade da produção.
O processo de implantação
O processo de implantação de uma lavoura de mamão aliado ao manejo integrado deve integrar um conjunto de técnicas, como a escolha de melhor época de semeadura para a região a ser cultivada, genótipo da planta, preparo adequado do solo, rotação e sucessão de culturas e diversos outros fatores que integram o manejo integrado.
Os autores Zambolim et al. (1997) destacam que o manejo das doenças em qualquer cultura deve ser empregado para reduzir os danos provocados a níveis economicamente aceitáveis, sem prejuízos para os agroecossistemas, mantendo o seu equilíbrio.
Para o sucesso do manejo integrado é importante realizar o monitoramento da lavoura, observando-se o surgimento de sintomas, sinais e a presença de insetos praga, além da época de maior ocorrência, idade do plantio, fenologia da planta e o grau de sensibilidade aos ataques de fitopatógenos, relacionando as influências que o aspecto climático pode exercer.
Dessa forma, o monitoramento de um pomar de mamão exige vistorias periódicas para identificação da presença de pragas, danos causados às plantas, sintomas e inimigos naturais presentes para definir o diagnóstico e os procedimentos a serem adotados.
Ao implantar um pomar o produtor deve fazer um levantamento das principais cultivares adaptadas para sua região. Umas das alternativas é realizar a produção de suas próprias mudas, de acordo com a legislação de mudas vigente.
Estudos mostram que o cultivo de mamão é altamente rentável, trazendo retorno de investimento satisfatório ao produtor, e quando aliado à técnica de manejo integrado, esse retorno se mostra ainda mais lucrativo, pois diminui os gastos com defensivos no pomar.
Alternativas
Outro fator que coopera para o manejo integrado da cultura do mamoeiro, reduzindo o uso de defensivos, é o uso de quebra-ventos em cultivos, prática associada à regulação, sendo mais utilizada para o controle de pragas aéreas.
Utilizada com sucesso para culturas como os citros, vem sendo aplicada recentemente em mamoeiro em pomares com histórico de mancha anelar, doença causada por vírus e transmitida por vetores (Ometo e Caramori, 1981). Essa prática reduz eminentemente o ataque de fitopatógenos, além de proteger lavouras de derivas de defensivos aplicados em diferentes culturas.