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Melancia: Brasil é o quarto maior produtor

Douglas Correa de SouzaEngenheiro agrônomo, doutor em Fitotecnia e pesquisador PNPD/CAPES/Universidade Federal de Lavras (UFLA)douglascorrea@ymail.com

Sylmara SilvaEngenheira agrônoma e doutoranda em Agronomia/Fitotecnia – UFLAsylmara-silva@hotmail.com

Melancia – Foto: Shutterstock

A melancia (Citrullus lanatus), pertencente à família Cucurbitaceae e ao gênero Citrullus, representa um importante segmento do agronegócio brasileiro, sendo que em 2019 foram produzidas 2.278.186 toneladas em uma área colhida de 98.489 hectares (IBGE, 2020).

Entretanto, em 2020 os investimentos na cultura foram limitados devido às incertezas causadas pela pandemia e menor rentabilidade do ano anterior, reduzindo a área cultivada em aproximadamente 11,5% (HF Brasil, 2021).

Brasil frente ao mundo

O Brasil é considerado o quarto maior produtor mundial de melancia. Ocupando o primeiro lugar desse ranking encontra-se a China (60.685.237 ton), seguido por Turquia (3.870.515 ton) e Índia (2.495.000 ton), que são responsáveis por aproximadamente 75% da produção mundial da espécie (FAO 2019).

A produtividade média nacional é de 23,13 ton ha-1, abaixo da média mundial (28,16 ton ha-1), o que evidencia a carência tecnológica, sinalizando a necessidade de maiores investimentos na pesquisa agronômica, com vistas a eliminar e/ou reduzir os gargalhos do sistema produtivo que comprometem a produtividade e a qualidade do produto.

Entretanto, contramão à baixa produtividade nacional, alguns municípios destacam-se por apresentarem elevada produtividade, como é o caso de Marco – CE (52 t ha-1), Mallet –PR (50 t ha-1), Abaeté – MG (50 t ha-1), Trairi – CE (50 t ha-1), Silveira Martins – RS (48 t ha-1) e Salto do Itararé – PR (48 t ha-1), e enquanto que a região centro-oeste apresenta a maior produtividade média nacional (33,64 t ha-1), com destaque para Goiás, com 41,07 t ha-1.

Regiões produtoras

O Nordeste lidera em termos de área colhida (39.697 ha) e de produção (775.324 ton), com destaque para os Estados do Rio Grande do Norte (351.997 ton), Bahia (166.046 ton) e Pernambuco (103.023 ton), que juntos representam 80,10% da produção da região.

Em seguida está a região sul, sendo que Rio Grande do Sul (318.194 t), Paraná (86.169 t) e Santa Catarina (52.468 t) representam 20,05% da produção de melancia do País. A região norte (425.789 ton) tem uma produção próxima, sendo responsável por 18,69% da produção nacional. Já as regiões sudeste e centro-oeste representam 13,25% e 13,97%, respectivamente.

Vale ressaltar que essas regiões apresentam Estados que não têm tradição na produção comercial da cultura, com é o caso do Rio de Janeiro e Distrito Federal (IBGE, 2020).

Oferta e demanda

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Em 2020 a Hortifruti/Cepea registrou uma queda nacional na área plantada com a cultura, estabelecendo menor oferta entre os meses de julho e agosto, entretanto, garantiu melhores preços gerando rentabilidade positiva em grande parte do mercado.

Apesar do cenário mundial afetado pela Covid-19, a tendência por produtos alimentícios de alta qualidade tem sido uma demanda regularmente, principalmente nos países desenvolvidos, o que incentiva o aumento do consumo de frutas frescas.

No segmento final do consumo, em particular no Brasil, a melancia vem se expandindo cada vez mais, como complemento das refeições das famílias e, em maior parte, no setor de refeições fora de casa (restaurantes, fast food, hospitais, caeterings e hotéis), onde é consumida in natura ou na forma de sucos.

Outro fato relevante é que, a partir dos anos 1990, a melancia brasileira, por sua excelente qualidade, passou a conquistar espaço cada vez maior no mercado internacional. Nesse contexto, o processo de comercialização envolve complexas logísticas, administrativos, produtores, órgãos governamentais, traders, aduaneiros e portuários que, em conjunto, formam potentes fontes de geração de emprego e renda.

O que foi de 2020

De forma geral, 2020 apresentou uma redução na área cultivada. Na safra de abril a outubro, o Estado de Goiás apresentou 5.700 ha de melancia, uma redução da área de 12,30% em relação ao mesmo período do ano anterior, enquanto que na safrinha de São Paulo (março a abril de 2020), a área cultivada (3.283 ha) reduziu 8,62%, e em Tocantins (safra de junho a setembro de 2020) a redução foi de 27,01%, cultivando uma área de 2.350 ha.

Com relação a 2020/21, a safra principal de São Paulo, outubro a janeiro, obteve uma redução de 9,52% da área comparada a 2019/2020. Porém, Rio Grande do Norte e o Ceará (agosto a março) mantiveram 2.000 ha de área de cultivada na safra 2020/2021 e Rio Grande do Sul (dezembro a março) reduziu a área em 12,68%, cerca de 860 ha (HF Brasil, 2021).

De acordo com a Ceagesp, o pico da oferta de melancia ocorre no mês de dezembro, com oferta estável de novembro a abril. Já nos meses de clima mais frio, entre maio a agosto, a oferta do produto sofre uma maior redução.

Já para a produção de mini melancia, a maior demanda ocorre entre os meses de agosto a março, período no qual ocorre a entressafra na Espanha, o principal fornecedor de mini melancias da Europa. É importante ressaltar que grande parte da produção de mini melancias é destinada ao mercado externo.

Exportação e importação

Apesar do cenário de incertezas, de modo geral pode-se considerar que a pandemia trouxe poucos impactos negativos às exportações de frutas brasileiras. No caso da melancia, problemas devido à Covid-19 em países concorrentes, como a Espanha, e a alta no preço do dólar, tornaram a fruta brasileira bastante atrativa para o mercado externo, o que favoreceu as exportações da produção brasileira.

De acordo com os dados da Secex divulgados pelo Hortifruti/Cepea, no segundo semestre de 2020 as exportações de melancia foram de 9 mil toneladas e arrecadação de US$ 26,1 milhões. Esses dados indicam crescimento de 26% no volume de melancia exportado e de 23% na receita arrecadada, em relação ao mesmo período da safra 2019/20.

Custo de produção e rentabilidade

As ocorrências de adversidades climáticas, como chuvas em excesso ou períodos de estiagem prolongados, podem afetar diretamente os custos de produção. Em 2019, os custos de produção da melancia irrigada em Sátiro Dias – BA foi de R$ 9.359,01.

A diminuição das áreas plantadas, em comparação com 2019, possibilitou uma menor oferta de melancia no mercado e consequentemente melhores rentabilidades para os produtores. 

De acordo com dados do Hortifruti/Cepea, na safra 2020, entre os meses de julho a setembro, em Lagoa da Confusão (TO), foi de R$ 0,67 por caixa, representando um resultado bastante positivo para o setor.

É importante ressaltar que a rentabilidade também está relacionada às formas de comercialização do produto. Durante a pandemia, a utilização de diferentes canais de venda por WhatsApp, aplicativos de delivery e redes sociais possibilitou que principalmente pequenos produtores conseguissem vender sua produção, sem a presença de intermediários, aumentando a margem de lucro obtida.

O mercado de produtos diferenciados também continua em alta em 2021, como é o caso da melancia de polpa amarela. Boas produtividades e maiores preços na comercialização vêm animando os produtores que veem na melancia mais adocicada uma possibilidade de se diferenciar no mercado e conseguir melhores margens de lucro.

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