A cultura do feijão-de-vagem é uma leguminosa caracterizada pela sua importância socioeconômica para o desenvolvimento regional, uma vez que o seu cultivo é predominantemente realizado pela agricultura familiar e pode ser realizado em todas as regiões do País (IBGE).
Outra característica importante da cultura é o seu valor nutricional. O consumo das vagens oferece alto teor de fibras, vitaminas B1, B2, A, C e K, e tudo isso sendo um alimento de baixo valor calórico. Sua produção é destinada principalmente ao consumo in natura e uma pequena parcela à indústria de conservas. O consumo per capita de vagens no Brasil é de aproximadamente 0,7 kg pessoa-1 ano-1 (Embrapa).
Do mundo para o Brasil
A produção mundial de feijão-de-vagem atingiu 1.387.667 de toneladas em 2019 em uma área de 146.438 ha. Os Estados Unidos são o maior produtor, com 751,017 toneladas (54,1%).
Apesar da boa produtividade, nos últimos cinco anos houve redução de 25% da produção e da área plantada no mundo, sendo observada maior queda entre os anos de 2017 e 2019, com redução de 28,4% na produção total. Com isso, 2019 mostrou as menores área cultivada e produção mundial de feijão-de-vagem dos últimos 24 anos (Faostat).
Segundo os últimos dados disponíveis (IBGE) da produção no Brasil, esta alcançou 56.776 ton em 2014. As principais regiões produtoras no País são o Sudeste, representando 66,2% da produção nacional, seguida pelo Sul, com 17,0%, pelo Centro-Oeste, com 7,4%, Nordeste com 6,8% e norte com 2,4% (IBGE).
Minas Gerais atingiu 15.501 ton, seguido pelos Estados de São Paulo, com 11.514 ton, Rio de Janeiro com 8.180 ton e Paraná com 4.836 ton. No Brasil, a preocupação com a redução de área de feijão-de-vagem plantada também é uma realidade. O interior de São Paulo observou queda de cerca de 20% nos últimos anos, sendo a falta de mão de obra um dos principais fatores para a queda de área cultivada.
Variedades
As principais variedades de feijão-de-vagem cultivadas são a Macarrão e Manteiga. As cultivares podem ser de crescimento indeterminado, com plantas de 2,5 m, em média, ou de crescimento determinado atingindo no máximo 50 cm.
As vagens comerciais de ambas as variedades variam de 10 a 15 cm de comprimento, sendo as vagens classificadas comercialmente como Extra A (comprimento de 12-15 cm) e Extra AA (comprimento inferior a 12 cm). As vagens de classificação Extra AA normalmente apresentam maior valor agregado.
Preços
Pelas cotações de mercado, os preços no atacado, entre dezembro de 2020 e janeiro de 2021, variaram muito entre as regiões brasileiras; chegando a R$7,00/kg no Nordeste até R$ 1,00/kg no Norte. Nas outras regiões os preços ficam, em média, a R$ 3,30/kg no Sul, R$ 3,80/kg no Centro-Oeste e R$ 4,00/kg no Sudeste (Ceasa).
Em todo País a variedade Macarrão é a mais produzida e comercializada nos centros de distribuição regionais. Esta preferência pode estar relacionada à possibilidade de maior número de colheitas, logo, maior produção por planta e, além disso, nas cultivares modernas suas vagens não apresentam fio e são de coloração verde clara. Estas características favorecem a agricultura familiar, pois não demandam mecanização, o que reduz os custos de produção (Ceagesp).
Oferta e demanda
No Estado de São Paulo, cerca de 99% das vagens cultivadas são da variedade Macarrão, sendo o 41º produto mais comercializado na CEAGESP, com os municípios de Itapeva, Campinas e Sorocaba apresentando maior produção, alcançando, respectivamente, 21.400 ton, 3.356 ton e 2.763 ton em 2019 (IEA, 2020).
O Estado de São Paulo é um dos poucos Estados que apresenta oferta da variedade Manteiga, concentrada entre os meses de agosto a dezembro. Nas outras regiões do País o cultivo da variedade macarrão compreende praticamente a totalidade da produção (IBGE; CEASA). A colheita da variedade Macarrão se inicia por volta dos 50 dias, podendo se estender até os 100 dias e chegar a uma produtividade de 20 ton ha-1 .
A quantidade de vagens destinadas à exportação é muito pequena, sendo estas enviadas frescas ou refrigeradas, e as sementes utilizadas no plantio são produzidas no Brasil (Embrapa).
A nível nacional, a comercialização da produção é regional na maioria dos Estados brasileiros, sendo que o Sudeste é uma das poucas regiões que distribui sua produção para Ceasas de outros Estados das regiões sul e centro-oeste.
Isso demonstra que estas regiões apresentam potencial para expansão de área plantada e, assim, podendo suprir as necessidades regionais do produto. Embora a região sul apresente clima menos propenso para o cultivo de feijão-de-vagem nos meses de outono-inverno, hoje estão disponíveis cultivares com maior resistência ao frio, além da aplicação do cultivo protegido, como casas-de-vegetação, em algumas áreas.
Autoria:
Ana Paula Preczenhak – Bióloga, doutora em Fisiologia e Bioquímica de Plantas e professora – Faculdade de Ensino Superior Santa Bárbara (FAESB) – appreczenhak@gmail.com
Aline de Sousa Mendes Gouveia – Engenheira agrônoma, doutora em Agronomia/Horticultura e professora – Centro Universitário das Faculdades Integradas de Ourinhos (Unifio) – aline.gouveia@unifio.edu.br