Maria Idaline Pessoa Cavalcanti – Engenheira agrônoma e doutoranda em Ciência do Solo – Universidade Federal da Paraíba (UFPB) – idalinepessoa@hotmail.com
José Celson Braga Fernandes – Engenheiro agrônomo e doutorando em Biocombustíveis – Universidade Federal de Uberlândia (UFU/UFVJM) – celsonbraga@yahoo.com.br
No mundo, desde 2017 já foi emitido US$ 1 trilhão de títulos verdes e no Brasil, US$ 9 bilhões. Já são US$ 37 trilhões e 87 gestoras de recursos no mundo que assinaram metas de descarbonização. O Brasil tem tudo para liderar e ser o maior foco mundial na captação destes recursos, e esses créditos verdes servirão para premiar o produtor rural.
Um estudo conduzido pela SLC comprovou que, em solos mais protegidos e saudáveis, há mais estoque de carbono – cerca de 300 kg de carbono por hectare ao ano.
Os títulos verdes para produção de carbono
Atualmente, estamos presenciando uma sociedade que reivindica um futuro promissor e sustentável para as próximas gerações, logo, nos deparamos com as grandes nações do nosso planeta discutindo há muito tempo a temática da sustentabilidade, buscando alinhar produção, desenvolvimento, economia, entre outros, com a saúde de um planeta, a qual reflete em diversos aspectos.
Entre as inúmeras atividades ligadas à sustentabilidade estão os estímulos à produção agrícola com cunho mais ambiental, com a proposta de mitigar efeitos negativos ocasionados por atividades agrícolas.
Em meio a essas atividades podemos citar os títulos verdes, que têm como proposta o financiamento de projetos voltados para a preservação do meio ambiente e mitigação de mudanças climáticas, tendo ganhado grande destaque internacional e despertado novas oportunidades no agronegócio brasileiro.
Os títulos verdes (green bonds, no mercado internacional) são papéis de renda fixa usados para captar recursos com o propósito de implantar ou refinanciar projetos sustentáveis e compra de ativos capazes de trazer benefícios ao meio ambiente.
Esses títulos verdes apresentam algumas particularidades que requerem a participação de um agente específico chamado second opinion – que são instituições que avaliam e testam as características de sustentabilidade dos projetos.
Como preparar a fazenda para captura de CO2
A princípio, se faz necessário a realização de um levantamento de atividades que são realizadas em suas propriedades e seus efeitos positivos e negativos, no intuito de buscar soluções para mitigar tais efeitos.
Portanto, o produtor rural precisa atender a critérios determinados por um sistema de classificação de práticas sustentáveis que relaciona biodiversidade, quantidade de carbono nas áreas de plantio, retenção de água e algum impedimento ou questionamento ambiental como desmatamento ilegal.
Nas propriedades contempladas com esses financiamentos, são introduzidas técnicas de cultivos sustentáveis como cultivo orgânico, cultivo mínimo e agricultura regenerativa, entre outros. Assim, para o preparo da fazenda ou ambiente que busca esses financiamentos, o produtor deve estar ciente das exigências que tal programa solicita, bem como a sua condução durante todas as atividades.
Como implantar a técnica
Qualquer agricultor pode recorrer aos títulos verdes para financiar suas operações, no entanto, os critérios devem cumpridos. Como regra fundamental, o produtor dever aplicar 100% da captação nos projetos descritos no prospecto e que se enquadrem na classificação de agricultura sustentável.
Entre as possibilidades financiáveis estão a recuperação de pastagens degradadas, integração lavoura-pecuária-floresta, produção de biofertilizantes, biodefensivos e biogás, energia a partir de dejetos e conservação florestal. “Com a nova taxonomia (agricultura), será possível destravar o potencial verde do agronegócio brasileiro de maneira mais rápida e com segurança jurídica reconhecida mundialmente”, Leisa Souza, 2020.
Outra regra é a obrigatoriedade da prestação de contas sobre a utilização dos recursos em relatórios anuais.
Mais produtividade
Para a introdução desses títulos verdes, além de alcançar a sua produtividade por meio de cultivos, esses títulos trazem inúmeros benefícios, geração de empregos, mudanças comportamentais, aplicação de conceitos sustentáveis, qualidade de vida, e além desses benefícios o produtor estará atribuindo um valor adicional à sua produção, se destacando diante de concorrentes que também estão tentando acesso ao mercado de capitais.
Resultados práticos em campo:
• Prevenção e controle da poluição com incentivos de adoção de projetos sustentáveis;
• Aplicação e busca por energias renováveis em suas atividades;
• Produtos e tecnologias em processos eficientes;
• Gestão de recursos naturais;
• Ganho em marketing com seu produto por conter características sustentáveis;
• Incentivos à utilização de energias renováveis;
• Aplicação de modernidade em atividades agrícolas (incentivos as pesquisas);
• Melhoria na gestão de recursos hídricos;
• Agregar aos objetivos sociais;
• Incentivos fiscais;
• Tendência econômica.