21.3 C
Uberlândia
sexta-feira, novembro 22, 2024
- Publicidade -spot_img
InícioArtigosGrãosCafé: colheita poderá ser antecipada???

Café: colheita poderá ser antecipada???

Shutterstock

Williams Ferreira

Pesquisador da Embrapa Café/EPAMIG Sudeste na área de Agrometeorologia e Climatologia, atua principalmente em pesquisas voltadas para o tema Mudanças Climáticas Globais e cafeicultura. – williams.ferreira@embrapa.br .

Marcelo Ribeiro

Pesquisador da EPAMIG na área de Fitotecnia, atua em pesquisas com a cultura do café. mribeiro@epamig.br.

Nos últimos 30 dias o acumulado de chuva superou os 200 mm nos estados do Amazonas, Roraima, Pará, Maranhão, Amapá, Tocantins e Mato Grosso. Em Minas Gerais, o acumulado variou desde 25 mm, no extremo Norte do Estado, até valores superiores a 150 mm na região da Zona da Mata Mineira. O calor, típico da estação, esteve presente mesmo nos dias de chuva.

O fenômeno ENOS

Considerando-se que os ventos alísios mantiveram-se acima do normal em fevereiro e as atividades convectivas abaixo do normal na região equatorial do Pacífico, próximo a 180º (linha de data), e que em março as anomalias negativas do calor (entre 0 e 300 metros de profundidade – Figura 1), persistem a Oeste entre 110 º e 170º, as condições de La Niña devem continuar até o final do outono com possibilidade de uma condição ENOS-neutro no inverno.

agua
Figura 1. Variação,
longitudinal e temporal,
das anomalias (em
relação as temperaturas
médias calculadas no
período de 1991 a 2020)
que ocorrem nas
temperaturas dos
primeiros 300 metros de
profundidade dos oceanos
ao longo do equador.
Realizada em 09 de
março de 2022.
Fonte: Centro de Previsão
Climática do NOAA.
https://www.cpc.ncep.noa

O equinócio de outono

O outono teve início às 12h33m do dia  20 de março e terá duração de 92 dias, 17 horas, 40 minutos. Nesta data do equinócio de outono o dia e a noite têm, aproximadamente, 12 horas de duração. Apesar de que, na maior parte da Terra, no equinócio, a duração da luz solar é um pouco maior que 12 horas. De fato, a data em que o dia e a noite têm a mesma duração em número de horas ocorre um pouco depois do equinócio de outono e um pouco antes do equinócio de primavera, é o chamado Equilux. Nesta data tem início a “queda astronômica”, ou seja, a redução das horas de luz solar ao longo do dia, passando os dias a serem mais curtos do que a noite durante essa estação. 

O clima de outono

A estação de transição entre o verão e o inverno que ocorre nos meses de abril, maio e junho, tem como característica, principalmente nas regiões Sul e Sudeste do Brasil, a chegada de frentes frias que passam a derrubar a temperatura do ar causando a redução gradual da temperatura e das chuvas e, consequentemente, da umidade relativa ao longo da estação. Nessa estação os nevoeiros passam a ser mais presentes, principalmente em regiões montanhosas.

As chuvas nos próximos meses

Em abril, há a probabilidade de que as chuvas ocorram acima da média na área verde do mapa (Figura 2) a partir das mesorregiões do Sul da Bahia, Vale do Jequitinhonha e Norte de Minas, Leste Goiano, Nordeste e Norte Mato-grossense. Chuvas abaixo da média são esperadas no Marajó e no Nordeste Paraense, bem como em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul, especialmente nas mesorregiões Sudeste e Sudoeste desse estado.

Abril
Figura 2. Resumo da
categoria mais provável
da chuva para o mês de
abril. Criada a partir dos
dados de previsão
sazonal do Centro
Europeu para Previsões
Meteorológicas de Médio
Prazo.
Fonte:
https://www.ecmwf.int/
Verde: Acima da média
Marrom: Abaixo da média
Branco: Dentro da média

Em maio, a probabilidade de chuvas acima da média abrange a área verde (Figura 3) demarcada por uma faixa envolvendo as mesorregiões desde o Nordeste Baiano, passando pelo Sul Cearense, Centro Norte Piauiense, Centro Maranhense, Sudoeste Paraense e a porção oriental do Sul Amazonense até o Norte do Amazonas. Já chuvas abaixo da média, demarcada pela área em marrom, devem ocorrer em quase todo o estado de São Paulo e todo o Sul do Brasil, com exceção da mesorregião Sudeste Rio-grandense.

Maio
Figura 3. Resumo da
categoria mais provável
da chuva para o mês de
maio. Criada a partir dos
dados de previsão
sazonal do Centro
Europeu para Previsões
Meteorológicas de Médio
Prazo.
Fonte:
https://www.ecmwf.int/
Verde: Acima da média
Marrom: Abaixo da média
Branco: Dentro da média

Em junho somente nas áreas em verde (Figura 4) que abrangem a mesorregião do Marajó e do Nordeste Paraense, uma parte do Amazonas e Baixo Amazonas bem como em uma faixa mais litorânea do Nordeste do Brasil são esperadas chuvas acima da média. Nas demais regiões brasileiras é esperado que as chuvas ocorram dentro da média do mês.

Junho

Figura 4. Resumo da
categoria mais provável
da chuva para o mês de
junho. Criada a partir dos
dados de previsão
sazonal do Centro
Europeu para Previsões
Meteorológicas de Médio
Prazo.
Fonte:
https://www.ecmwf.int/
Verde: Acima da média
Branco: Dentro da média

Umidade no solo em Minas Gerais

As microrregiões com maior disponibilidade de água no solo acima de 90%, são: Uberlândia, Patrocínio, Patos de Minas, Araxá e Manhuaçu; entre 80 e 90% estão as mesorregiões do Campo das Vertentes e das Matas de Minas, com exceção nessa última da microrregião de Cataguases, e as microrregiões de Pirapora, Paracatu e Unaí. As demais regiões do Estado variam com solo com umidade desde 30 a 60%, sendo que os municípios mais secos são: Três Pontas, Carmo da Cachoeira e Varginha, na microrregião de Varginha, e Senhora do Porto, na microrregião de Guanhães. 

As temperaturas no próximo trimestre

Temperaturas mais amenas (pouco abaixo da média) no trimestre abril a junho são esperadas na área destacada em azul nas mesorregiões do Vale São-Franciscano da Bahia, São Francisco e Sertão Pernambucano, Sul Cearense, Sertão Paraibano, Central Mineira, Oeste de Minas, Metropolitana de Belo Horizonte, Campo das Vertentes, Zona da Mata e Sul/Sudoeste de Minas. E temperaturas pouco acima da média são esperadas nas mesorregiões do Pantanal Sul e Centro Sul Mato-grossense. 

ARTIGOS RELACIONADOS

FMC apoia projeto que resgata o orgulho da citricultura brasileira

O projeto “Laranja, patrimônio de São Paulo. Patrimônio do Brasil“, realizado pela CitrusBR, tem como objetivo promover uma série de ações com o intuito...

Importância dos teores foliares adequados do micronutriente cobre na cafeicultura

A BRANDT, uma das maiores fornecedoras de fertilizantes foliares do mundo, ressalta a importância do elemento cobre sob a forma de fungicidas no controle de doenças do cafeeiro.

Os nutrientes e ácidos húmicos essenciais à cana

Sandro Roberto Brancalião PhD. em Agronomia e pesquisador do IAC brancaliao@iac.sp.gov.br A combinação de fertilizantes fluidos especiais para o tratamento nutricional da cana-de-açúcar tem sido apontada por...

‘Mal do tronco’ avança em lavouras de café conillon no Espírito Santo

José Braz Matiello Engenheiro agrônomo da Fundação Procafé jb.matiello@yahoo.com.br Franco Cosme Robson R. Campos Engenheiros agrônomos da Defesa Agrícola Bruno S. Marques Engenheiro agrônomo O mal do tronco, uma doença que...

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui
Captcha verification failed!
Falha na pontuação do usuário captcha. Por favor, entre em contato conosco!