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Rochagem é tendência na agricultura

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Talis Melo Claudino
Engenheiro agrônomo e mestre em Agronomia – UNESP/FCA de Botucatu-SP
t.claudino@unesp.br

A utilização de remineralizadores na agricultura, ou como mais conhecidos, os pós de rochas, vem se tornando cada vez mais comum, visto todos os benefícios à cultura, microbiologia, física e química do solo. Muitos trabalhos vêm evidenciando que a utilização destes compostos pode trazer diversos benefícios diretos e indiretos nos campos agrícolas.
Entretanto, precisamos saber o que são estes remineralizadores. Pois bem, para o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), é conceituado pela lei 12.890/2013 como “material de origem mineral que tenha sofrido apenas redução e classificação de tamanho de partícula por processos mecânicos e que, aplicado ao solo, altere os seus índices de fertilidade, por meio da adição de macronutrientes para as plantas, e promova a melhoria de propriedades físicas, físico-químicas ou a atividade biológica do solo”.

Liberação nutricional

Diferente dos fertilizantes comuns, estas rochas não passaram pelo processo de acidificação ou alcalinização para que os nutrientes estejam solúveis em água. Sendo assim, a disponibilidade do nutriente, quando presente (isto demandará do tipo da rocha em questão), dependente do pH que o solo se encontra e da solubilização pelos ácidos exsudados pelos microrganismos do solo.
Desta forma, sua liberação é gradativa e pode fornecer nutrientes por todo o ciclo da cultura, mas dependerá de qual tipo de remineralizador está sendo utilizado. Por exemplo, a fosforita é uma rocha rica em fósforo total, e por esse caso a utilização dela fornecerá fósforo para o sistema.
Entretanto, o mais importante e interessante no uso de remineralizadores é que toda a tabela periódica de elementos está presente em traços em sua composição. A origem silicatada mostra a grande quantidade de silício, muito importante para as culturas, mas traços de todos os microelementos e outros elementos químicos que são benéficos tantos para as plantas quanto para o sistema biológico favorecem o equilíbrio microbiológico e assim há ganho de produtividade direta e indireta.

CTC

Algumas rochas, como o dunito, além de aumentar o teor de magnésio, do solo, elevam a CTC, fator muito importante para os ambientes agrícolas encontrados. Todavia, a utilização de remineralizadores requer altas dosagens – toneladas por hectare devem ser aplicadas, diferente dos fertilizantes químicos utilizados.
Aplicados em grandes quantidades, em área total, como fornecedor de nutrientes, corretivo, favorecedor da microbiota, otimizador da produtividade e do manejo mais sustentável é uma fundamentação ótima para os cultivos.

Custo

O que se mostra mais interessante que os remineralizadores em relação aos fertilizantes químicos é o preço. O custo do ponto porcentual do nutriente é extremamente mais barato do que o custo do ponto porcentual do preço do fertilizante do químico, ou seja, para aplicar a mesma quantidade de quilos de nutriente por hectare é mais barato. Entretanto a solubilidade em água tem poucas horas é desigual.
Para culturas de ciclo curto, em que se deseja a disponibilidade de nutrientes rapidamente, a utilização de remineralizadores deve ser adequada com o tempo e consorciada com a utilização de fertilizantes químicos.
O produtor deve passar por um período de investimento para que depois a produção continue sendo alta, e seja possível diminuir de forma gradativa o uso de fertilizantes químicos, aumentando a microbiologia do solo e a utilização de remineralizadores. Manejar a matéria orgânica através da palhada é muito importante para manter a microbiologia ativa e que os nutrientes sejam disponibilizados gradativamente.
Tarumoto (2019) evidenciou que, de acordo com a área geológica de formação da área de cultivo, diferentes tipos de remineralizadores devem ser utilizados para que sejam obtidas respostas produtivas para a cultura da cana-de-açúcar, e que para que o remineralizador seja eficiente, deve haver a relação planta-microrganismos-remineralizadores. A falta de um dos pilares faz com que o todo o sistema não funcione corretamente.
De toda forma, é importante salientar que a utilização de pó de rochas não é mais uma prática a ser aplicada, mas que para ser eficiente, deve-se adequar todo um manejo cultural de equilíbrio de solo, plantas e microrganismos, principalmente do solo, para que, desta forma, seja possível gastar menos e produzir de forma mais eficiente e rentável.

Questão empírica

Ainda se encontra no empirismo a questão da utilização destes compostos, mas pesquisas realizadas pelo autor desta matéria mostraram que o uso de substâncias húmicas em altas dosagens via solo (20 kg C ha-1), associadas ao fornecimento de rochas basálticas na cultura da soja, foram favoráveis ao cultivo, quando associadas com 70% da dosagem do fertilizante mineral, mas ainda é o início de um estudo que necessita ser repetido por diversas vezes e em diversos ambientes.
Além da aplicação em área total, podemos utilizar os remineralizadores nos compostos orgânicos que serão aplicados em todos os processos agrícolas, como no substrato para a produção de mudas, no composto para aplicação tanto na cana-de-açúcar quanto em cereais, café, fruticultura ou demais culturas.
O campo já vem aplicando os remineralizadores em larga escala, a pesquisa vem correndo atrás, tentando explicar todos os fatores envolvidos em um sistema de produção rico em variáveis químicas, microbiológicas, bioquímicas, físicas, entre outras, com grande apreço.
A ponta do icerberg ainda é o que vemos, mas provavelmente conheceremos como tudo isso funciona em décadas de estudos.

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